Velozes e Furiosos 9, estreia exatos 20 anos após o primeiro filme, lançado em 2001, e é notável a incrível mudança que a franquia teve. O que era para ser uma simples corrida clandestina de carros, acabou se tornando uma mistura de Missão Impossível e 007, com muita tecnologia, exageradas cenas de ação, e muita destruição. Mas foi aí que a franquia ganhou destaque, a partir do quinto filme, Operação Rio, e se tornou o enorme sucesso que é hoje.
Eis então, que temos o nono filme, segunda parte de uma trilogia dentro da franquia, iniciada no oitavo filme, e que terminará no décimo capítulo, onde será dividido em duas partes; simplificando: teremos Velozes e Furiosos 10 e 11. A cada filme, a ação se torna mais absurda, e se no anterior já era assim, imagina nesse novo filme da saga. Justin Lin, que comandou cinco filmes da franquia, retorna para a direção, e faz, com esse “Fast 9”, o seu mais louco filme, trazendo de volta, praticamente, todos os personagens que já apareceram; Ultimato mandou lembranças.
A trama mistura eventos no passado, em 1989, com os tempos atuais. Dom (Vin Diesel), e sua equipe, precisam encontrar um dispositivo chamado Áries, que pode controlar todos os satélites da Terra. Mas, eles terão que enfrentar um novo vilão, Otto (Thue Ersted Rasmussen), que tem como aliado o irmão de Dom, Jakob (John Cena).
Fast e Furious 9 pode parecer um pouco confuso no início, já que mistura duas épocas diferentes, usando flashbacks de quando Dom e seu irmão, Jakob, eram mais novos, e que se estende por toda a trama. Mas é aí que a nostalgia entra, onde o diretor Justin Lin relembra as clássicas corridas clandestinas dos primeiros filmes, além de ter os momentos mais sentimentais da trama. A trama é a mais fraca de todos os filmes, mas isso não importa, porque o grande chamativo da franquia são as insanas sequências de ação. Se o submarino no oitavo filme, ou os “carros zumbis” do mesmo, eram absurdos, em Fast 9, elas conseguem ser ainda maiores e, literalmente, o céu não é o limite para Dom e sua equipe.
A franquia sempre soube dosar toda a adrenalina das cenas de ação, com muito sentimentalismo, a família, como Dom chama seus melhores amigos; um dos pontos mais fortes da saga. Aqui, isso também entra muito em evidência, não somente no drama entre Dom e seu irmão, Jakob, mas também, na aparição de alguns personagens que andavam sumidos, e em especial, um que “ressurgiu das cinzas” – leia-se Han -. Mas o humor também é outro elemento que sempre funcionou, e isso fica a cargo de Tej (Ludacris) e Roman (Tyrese Gibson), principalmente, com suas frases esperançosas, piadas e exageros, quando, por exemplo, eles têm que ir de carro até o espaço. Ramsey (Nathalie Emmanuel) também serve como alívio cômico da produção, protagonizando uma empolgante, e divertida, sequência de perseguição.
A cada filme, um ou mais personagens novos entram na história, e em Fast 9, é o irmão de Dom, Jakob, interpretado por John Cena. Sem muita expressão, e sempre a mesma cara de sério, Jakob é um dos vilões da trama, e a dinâmica com Vin Diesel funciona, onde a dupla protagoniza grandes embates e perseguições alucinantes. Mas é Finn Cole e Vinnie Bennett, que interpretam Jakob e Dom mais novos, respectivamente, os grandes destaques do filme. A sintonia entre eles funciona bastante, e todo o sentimentalismo é emocionante, se saindo melhor até do que Diesel e Cena. No arco “familiar de sangue” de Dom, a atriz Jordana Brewster (que também é brasileira), Mia, é uma das personagens que retorna a franquia, depois de ter sumido no Velozes e Furiosos 8.
Apesar de ter uma participação menor, mas não menos importante, Charlize Theron, e sua vilã Cipher, rouba a cena novamente, mostrando uma personalidade forte e determinada da personagem, protagonizando um ótimo diálogo sobre Star Wars; e ainda protagoniza uma surpresa, ou reviravolta, depende de como você for entender. Vale destacar a importância que o elenco feminino tem nesse nono filme, onde Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, e até a divertida Hellen Mirren, protagonizam ótimas sequências de ação, com muita perseguição e luta corporal.
Um dos maiores mistérios da franquia, “a morte” de Han (Sung Kang) em Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio, de 2006, é explorado em Fast 9. Sim, Han retorna, apesar de já ter aparecido em outros filmes da saga, mas pela ordem cronológica, já que Desafio em Tóquio está bem a frente na linha do tempo. Mas será que Han está realmente morto? Ou a trama do novo filme se passa antes do filme de 2006? Tudo será explicado, definitivamente.
Velozes e Furiosos 9 tem tudo o que a saga sempre teve: valores de amizade e família, humor, personagens marcantes, e incríveis sequências de ação, uma mais impossível do que a outra, ultrapassando os limites da realidade, das leis da física e da matemática, coisas que Dom e sua equipe, nunca se importaram. Tanto é que o filme faz piada se si mesmo. Apesar da franquia sempre estar inovando, em todos os sentidos, ainda falta alguma coisa nesse Fast 9, talvez a história não seja tão boa, ou as sequências de ação, apesar de absurdas, já não empolgam mais tanto. Ou também, porque estejam começando a mostrar sinais de cansaço, já que estamos entrando no décimo filme, mas é fato que a saga Velozes e Furiosos fica cada vez mais curiosa, e tem muito chão ainda para percorrer.
VELOZES E FURIOSOS 9 (FAST 9)
Ano: 2021
Direção: Justin Lin
Elenco: Vin Diesel, John Cena, Ludacris, Tyrese Gibson, Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Charlize Theron, Hellen Mirren, Sung Kang, Thue Ersted Rasmussen
NOTA: 8,0
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