A fase quatro da Marvel não tem dado muito certo como as outras fases do estúdio, tanto nos filmes quanto nas séries. Iniciada com Viúva-Negra (nos cinemas), e Wanda Vision (nas séries), a nova fase não tem caído muito no gosto do público, e da maioria dos fãs, com exceção de Homem Aranha – Sem Volta Para Casa (muito bom, ajudado pela expectativa da “suposta” aparição de Peter Parker nas versões de Tobey Maguire e Andrew Garfield). Mas estão longe de serem produções ruins, particularmente, adorei Doutor Estranho No Multiverso da Loucura, e a introdução de Eternos no universo da Marvel foi ótima.
Então, chegamos no quarto filme do Deus do Trovão, Thor: Amor e Trovão, produção dirigida por Taika Waititi, trazendo todo o universo colorido apresentado em Thor Ragnarok (que funcionou perfeitamente), que também foi dirigido por Waititi, e agora, introduzindo Jane Foster (Natalie Portman) como a Poderosa Thor. Com uma trilha sonora incrível, cenários coloridos, e muito, mas muito humor, Thor: Amor e Trovão acaba se destacando entre os filmes da mediana fase 4 da Marvel, se tornando um filme divertido e simpático. Na trama, Thor está afastado de todos, meditando em um planeta distante, quando é chamado para impedir que Gorr – o carniceiro dos Deuses (Christian Bale) mate todos os deuses por vingança.
Ragnarok deu muito certo graças a uma abordagem mais “colorida”, o humor, a introdução da personagem Valquíria (Tessa Thompson), e a vilã Hela (Cate Blanchet). Em Amor e Trovão, o diretor Taika Waititi traz todos esses elementos para o seu novo filme (com exceção da vilã Hela, obviamente), mas peca um pouco pelo excesso de um deles: o humor. Tudo que é demais, acaba ficando chato, e as piadas do filme acontecem a toda instante, e tudo tem limite, certo? As tiradas são engraçadas, divertem o público, e a introdução do par de cabras (que estão sempre gritando), é hilária, trazendo uma sensação boa, de uma forma geral. A tão criticada trama é bem redondinha, nada de muita complexidade, e fácil de acompanhar, também não acrescenta muita coisa para o Universo da Marvel, e entre muito humor e piadas, tem espaço para arcos dramáticos bem aproveitados. Um deles é a da Poderosa Thor, e o motivo que faz Jane Foster (Portman) se tornar a heroína, e o outro, que faz parte da trama central, é a do vilão Gorr, interpretado por um Christian Bale (o Batman da trilogia O Cavaleiro das Trevas) irreconhecível. A triste história de Gorr é muito bem introduzida na trama, e alguns rumos do roteiro acabam deixando-o mais humanizado; e o humor é tanto que até ele foi “atingido”.
Aproveitando que a fórmula de Ragnarok deu certo, Waititi trouxe também o tom colorido da produção anterior, com belos cenários em diversos planetas, e até o esconderijo dos Deuses, a cidade Onipotente, onde temos a introdução de Zeus, com um Russel Crowe bem cartunesco – há uma cena toda em preto e branco, que entra em contraste com o visual colorido de Amor e Trovão -. Ainda na parte técnica, tem a trilha sonora que mais parece um álbum das melhores músicas de Guns N’ Roses, e aparece tanto quanto o humor, mas que dão um tom mais divertido nas sequências de ação.
Chris Hemsworth continua com o mesmo carisma de sempre, um pouco mais reflexivo do que antes, e mexido ao reencontrar sua ex-namorada, Jane Foster – é divertido ver a “relação” entre seus dois martelos, o antigo Mjolnir (que agora, é usado por Jane) e o Rompe-Tormentas, além de vermos Thor pelado -. Natalie Portman ganha os holofotes com sua Poderosa Thor, que até então, não tinha o destaque merecido na franquia, ganhando um forte arco dramático, participando de todas as sequências de lutas, e sempre procurando um bordão para sua heroína. O relacionamento entre ela e Thor ganha novos ares, bem mais romântico do que antes, que é apoiado pelo problema pessoal que Jane está passando. Christian Bale é o vilão Gorr, que busca a clássica, e batida, vingança contra os Deuses, com um drama muito bem construído, fazendo um vilão marcante, e que acaba sendo humanizado, já que o motivo da sua vingança é plausível. Russel Crowe também marca presença como Zeus, em uma espalhafatosa intepretação, e Tessa Thompson, que se destacou em Ragnarok como a Valquiria, acaba sendo deixada mais de lado no roteiro, dando indícios de sua bissexualidade, e seria interessante ver mais da sua interação com Jane Foster, onde poderiam se tornar uma forte dupla feminina. E claro, não podia deixar de comentar sobre os divertidos bodes que entraram forçados na missão de Thor, e roubam a cena sempre que aparecem com os seus gritos; já quero um boneco Funko com os dois, se é que já não tem.
A Fase 4 da Marvel está tendo uma pegada bem diferente do que as anteriores, e Thor: Amor e Trovão acaba sendo apenas mais um filme do Thor, sem expandir o universo cinematográfico da Marvel, como aconteceu com Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, que acabou influenciando Doutor Estranho No Multiverso da Loucura. Thor Ragnarok deu uma repaginada no filme do Deus do Trovão, e o diretor neozelandês, Taika Waititi, soube aproveitar esses elementos em seu novo filme. É divertido, engraçado (até demais), com muitas piadas e humor (realmente muitas), tem bons arcos dramáticos, muito carisma dos personagens, muita ação, cores, e claro, muito amor, tudo isso embalado com uma boa trilha sonora sempre presente. E ah, tem os bodes engraçados. Amor e Trovão não é épico como Sem Volta Para Casa foi, com certeza não fecha a participação de Thor no time dos Vingadores, e não tem muita relevância para o MCU, mas é tão bom quanto Ragnarok, e melhor do que os dois primeiros filmes do herói. Thor: Love and Thunder, no original, é uma história de amor, redenção, e sobre aproveitar os momentos da vida antes que seja tarde. Há duas cenas pós-créditos, muito importantes; por tanto, fique até o finalzinho.
THOR: AMOR E TROVÃO (THOR: LOVE AND THUNDER)
Ano: 2022
Direção: Taika Waititi
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, e Russel Crowe
NOTA: 8,5
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