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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

ESPECIAL | VELOCIDADE MÁXIMA 1 e 2



| VELOCIDADE MÁXIMA | 1994 |


Quando os executivos da antiga 20th Century Fox (que agora se chama 20th Century Studios) receberam a proposta de produzir Velocidade Máxima, eles acharam que o filme não daria certo – um ônibus com uma bomba e que não pode parar se não explode -. Mas ainda bem que eles mudaram de opinião. Dirigido por Jan De Bont, Speed (no original), abocanhou em torno de U$350 milhões nas bilheterias mundiais, recebeu três indicações ao Oscar, ganhando duas estatuetas de melhor Som e Efeitos Sonoros, e se tornou um clássico instantâneo dos anos 90, lançando Keanu Reeves e Sandra Bullock ao estrelato.


A trama é bem simples: Dennis Hopper coloca uma bomba no ônibus 2525, e Keanu Reeves precisa achar um jeito de salvar os passageiros. O problema é que o ônibus não pode passar abaixo dos 50km/h, se não explode, e se alguém tentar descer do ônibus, ele também explode. E claro, Sandra Bullock está na direção. Velocidade Máxima é quase que um filme didático, simples e repleto de tensão: a trama é dividida em três atos distintos (a cena do elevador, os acontecimentos no ônibus-bomba, e o desfecho no trem), onde tudo é muito bem explicado e tudo funciona perfeitamente. Jan De Bont faz um filme de ação de qualidade, com uma direção certeira onde ele sabe muito bem o que está fazendo: tomadas aéreas, planos subjetivos (como se fosse através dos olhos do personagem), câmera lenta, e em determinados pontos da cidade para captar toda a ação do ônibus nas ruas de Los Angeles. E então seguem-se sequências de ação de tirar o folego com os maiores perigos possíveis: trânsito intenso, curvas fechadas, estradas que não estão prontas, e claro, a bomba no ônibus, tudo para causar nervosismo no espectador. E isso tudo é só na parte do ônibus, porque ainda tem a sequência inicial do elevador, e o desfecho no metrô desgovernado, ambas tão intensa quanto.



Joss Whedon, o diretor e roteirista de Os Vingadores, Capitão América, e Thor, foi responsável por reescrever o roteiro de Velocidade Máxima – não creditado, já que inicialmente, havia sido escrito por Graham Yost -, e consegue dosar bem o humor e os momentos mais dramáticos, além de criar protagonistas carismáticos, desenvolver a trama muito bem, e criar situações impossíveis e absurdas daquelas que você não acredita que possa acontecer. E o interessante é que pouco se importamos se tudo o que acontece de absurdo é possível, porque o filme é legal e queremos ver o Policial Jack Travis tentando salvar Annie e os passageiros do ônibus. E a proposta do filme é exatamente essa: ser apenas um filme de ação sem grandes pretensões, sem lição de moral e nenhuma outra mensagem, qualquer que seja. E funciona muito bem. Vale destacar a trilha sonora de Mark Mancina e o tema marcante do filme, presente desde os créditos iniciais.


Keanu Reeves e Sandra Bullock são os astros de Velocidade Máxima, esbanjam carisma e tem uma ótima química que funciona muito. Bullock é a eloquente Annie, que perdeu a carteira de habilitação por dirigir em alta velocidade – coincidência, não? -, e Keanu Reeves é o policial Jack, que recém ganhou uma medalha por mérito, e faz várias manobras absurdas para salvar executivos em um elevador, subir no ônibus em movimento, tentar desarmar uma bomba, e salvar Annie de um sequestro. Os dois astros ainda estavam em ascensão, e em contrapartida tinha o veterano Dennis Hopper no elenco, interpretando o vilão responsável por colocar a bomba no ônibus – e no elevador, e na Annie -, Howard Payne, um homem rancoroso e impiedoso que busca vingança pelos rumos da sua aposentadoria. Ainda no elenco, tem Jeff Daniels, que interpreta o policial Harold, amigo e colega de Jack (Reeves), especialista em bombas, Alan Ruck (de Curtindo A Vida Adoidado), é o turista irritante Stephens, e Glenn Plummer em uma hilária participação especial como o dono do carro Jaguar que Keanu Reeves usa para entrar no ônibus. E tem os figurantes que mal aparecem nas cenas, e estão lá somente para encher o ônibus.



Jan De Bont não poupa o espectador dentro das quase 2h de duração de seu filme: começando pela sequência do elevador no prédio comercial de cinquenta andares, que lembra muito Duro de Matar, daí logo em seguida surge os eventos do ônibus-bomba com Keanu Reeves tentando salvar Annie e os passageiros, e instantes depois, a intensa perseguição no metrô de Los Angeles, no desfecho. Velocidade Máxima tem tudo o que um filme de ação precisa ter: cenas de ação intensas, muita emoção, um pouco de flerte entre Sandra Bullock e Reeves – extremamente carismáticos e com uma química maravilhosa -, muito humor, piadinhas, e situações absurdas que dificilmente aconteceriam na vida real. É o cinema de ação perfeito, que marcou a década de 90, e a juventude de vários adultos de hoje. Duas curiosidades: Keanu Reeves praticamente não usou dublê nas suas cenas de ação, e foram utilizados em torno de dez ônibus para as filmagens.




VELOCIDADE MÁXIMA (SPEED)


Ano: 1994

Direção: Jan De Bont

Duração: 116 min

Elenco: Keanu Reeves, Sandra Bullock, Dennis Hopper, Jeff Daniels, Alan Ruck, Joe Morton e Glenn Plummer.



NOTA: 10



Disponível no STAR +






















 





| VELOCIDADE MÁXIMA 2 | 1997 |


O primeiro Velocidade Máxima foi um sucesso de público, crítica, e se tornou um clássico dos filmes de ação dos anos 90, irretocável até hoje. Jan De Bont havia assinado um contrato com a Fox para fazer uma continuação (e olha que os executivos acharam que o primeiro filme seria um fiasco), e ele lançou Velocidade Máxima 2, quatro anos depois: agora, ao invés de um ônibus descontrolado pelas ruas de Los Angeles, temos um navio de cruzeiro descontrolado nas águas do Caribe. O diretor contou que teve a ideia de fazer Speed 2: Cruise Control, no original, durante as filmagens de um outro grande sucesso seu, Twister (1996), estrelado por Bill Paxton (já falecido) e Helen Hunt, e que foi difícil apresentar a ideia para os executivos a FOX – eles de novo -. Mas tudo deu certo, o estúdio desembolsou mais de U$110 milhões para produzir o filme, e o resultado não foi bem o que esperavam: se tornou um fracasso de bilheteria e crítica, ganhou vários Framboesas de Ouro, e foi considerado uma das piores continuações já produzidas em Hollywood.


Sandra Bullock foi a única protagonista que retornou para a sequência - Keanu Reeves não quis reprisar seu papel -, e para substituí-lo, coube ao astro em ascensão Jason Patric (que um ano antes havia estrelado o ótimo suspense “Sleepers: A Vingança Adormecida”), assumir a bronca (pelo filme) e fazer par romântico com Bullock. E lembra quando Jack (Keanu Reeves) “sequestrou” o carro de Maurice (Glenn Plummer) na rodovia para entrar no ônibus-bomba, no primeiro filme? Plummer reprisa seu personagem, em uma situação quase que idêntica, mas ao invés do carro, ele tem uma lancha. Na trama, Annie (Sandra Bullock) e Alex (Jason Patric) decidem fazer um cruzeiro pelo caribe para reforçar o amor entre eles. Mas o que era para ser uma romântica viagem, se torna um inferno, já que o maníaco Geiger (Willem Dafoe) sequestra o navio e coloca todos os passageiros em perigo.



O maior problema de Velocidade Máxima 2 se dá pelo fato de ser uma continuação de um enorme sucesso dos anos 90, e estava cercado expectativas, além de que era impossível não compará-lo com o primeiro filme. E realmente, a continuação é bem inferior. A ideia como um todo já é estranha e cheio de furos: como um navio de cruzeiro luxuoso ficaria descontrolado e que seria impossível de pará-lo? Pelo menos, um ônibus descontrolado seria mais fácil de explicar. Mas dizer que Velocidade Máxima 2 é um completo fiasco, eu já acho um exagero. O filme tem ótimas sequências de ação interruptas até o final, seja em evacuar o navio e salvar os passageiros, as tentativas frustradas de retomar o controle, os embates entre Geiger-Alex-Annie, tentar desviar de um navio petroleiro, impedir que o navio invada a pequena cidade de St. Louis – todas deram errado -, e resgatar Annie em uma eletrizante perseguição de jet-ski nas belas águas do caribe. Os efeitos especiais também são bons, principalmente na sequência final, assim como as já mencionadas sequências de ação, além de ter personagens divertidos, carismáticos, outros irritantes, e muito humor e piadas.


Mas Speed 2 tem seus problemas, e não são poucos. Não tem a mesma emoção, o suspense, e a tensão que o primeiro tinha, e até a ação no navio começar demora um pouco. No filme de 1993, também havia cenas absurdas, incoerentes, e impossíveis de acontecer, mas o público não se importava com isso. Só que agora não tem como relevar muito: em uma determinada cena, Alex pula na água para salvar Annie, sem corda e sem nada, e logo em seguida, ele consegue subir de volta no navio. Mas como ele faz isso se o navio está em movimento? Sem contar as situações previsíveis, as coincidências forçadas, e os diálogos insonsos e vergonhosos; até as cenas que deveriam ser cômicas se tornam terríveis. Mas pelo menos são divertidas. Os problemas também se estendem aos personagens: Sandra Bullock e Jason Patric não tem química nenhuma, a relação deles é muito forçada e toda hora estão se bicando e discutindo a relação, chega a ser chato até um certo momento. Willem Dafoe é o terrorista psicopata Geiger, e faz um vilão forçado e exagerado demais com suas caras e bocas, e as suas motivações não convencem – ele quer se vingar da companhia de cruzeiros que o demitiu injustamente, motivação parecida com a de Dennis Hopper no primeiro filme, mas que antes funcionou -. Os outros passageiros do navio servem como alívio cômico, e apesar dos exageros e das idiotices, conseguem tirar algumas risadas do público. São estranhamente divertidos.



Existem sequências que dão muito certo, e algumas se tornam até melhor do que o original, mas outras acabam afundando totalmente e no fim, não precisava existir. Para, praticamente, todo mundo, Velocidade Máxima 2 se encaixa nesse perfil, mas na minha humilde opinião, acho um exagero: Jan De Bont faz um filme descompromissado, divertido, com ótimas sequências de ação, e ainda conta com a participação de Carlinhos Brown cantando “Tem Namorada”. É ruim, desastroso, tem vários problemas, muita coisa não convence, e tem situações ridículas, mas acaba sendo eficiente na proposta de entreter o público, seja por bem ou por mal. Recentemente em uma entrevista para divulgar o filme Cidade Perdida, Sandra Bullock disse que se arrependeu de ter estrelado Velocidade Máxima 2, alegando que tudo no filme era absurdo e que a proposta não fazia nenhum sentido – um navio indo em direção à uma ilha -. E realmente, não faz muito sentido não.




VELOCIDADE MÁXIMA 2 (SPEED 2: CRUISE CONTROL)


Ano: 1997

Direção: Jan De Bont

Duração: 126 min

Elenco: Sandra Bullock, Jason Patric, Willem Dafoe, Temueta Morrison e Glenn Plummer



NOTA: 7,0















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