top of page
Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

ESPECIAL | TERROR EM SILENT HILL



Hollywood sempre se mostrou interessada em adaptar jogos de videogame para o cinema, mas na maioria dos casos nunca dá certo, seja pela crítica ou principalmente por não ter agradado os fãs. De todos os filmes baseados em videogames, o mais famoso foi Resident Evil, que rendeu uma franquia com seis filmes estrelados por Milla Jovovich, que interpretava Alice. O grande problema, na minha opinião, é que Alice não existe em nenhum game da série, e acabou se tornando a protagonista da franquia toda, deixando os personagens do jogo como coadjuvantes. Além disso, a trama seguia um caminho totalmente diferente dos jogos – principalmente a partir do terceiro filme -. Tomb Raider, Final Fantasy, Doom, Alone In The Dark, foram alguns dos videogames adaptados para o cinema na época, e impulsionado pela onda de adaptações que estavam acontecendo, um outro muito querido pelos fãs estreou em 2006: Terror Em Silent Hill.


Dirigido por Christophe Gans, e baseado nos dois primeiros jogos da Konami, Silent Hill é a melhor adaptação de videogame até agora, mantendo todo o universo da franquia, com uma trama envolvente e fácil de entender, até para quem não conhece nada sobre os jogos. Na historia, Rose da Silva (Radha Mitchell) decide ir até a cidade de Silent Hill para descobrir uma forma de curar sua filha adotiva, Sharon (Jordele Ferland), que é sonambula e sempre chama pelo nome da cidade. No caminho, já perto da cidade, elas sofrem um acidente de carro e Sharon desaparece. Então, Rose começa uma busca incessante pela sua filha na cidade fantasma, cercada por névoa, cinzas, criaturas monstruosas, e uma “realidade alternativa” macabra. Radha Mitchell, Laurie Holden, Jordele Ferland, Sean Bean, Alice Krige e Deborah Kara Unger estão no elenco.



Mas antes de tudo, vamos a uma breve introdução sobre a franquia. O jogo eletrônico Silent Hill (サイレントヒル Sairento Hiru) foi lançado em 1999 para o console Playstation 1, e rapidamente se tornou um sucesso e um clássico dos games. Seguindo a linha de Resident Evil, Dino Crisis, Alone In The Dark, entre outros, o "Survival Horror" mostrava o personagem Harry Mason indo passar as férias na fictícia cidade de Silent Hill com sua filha Cheryl – que foi adotada por ele e sua falecida esposa -. Pouco antes de chegarem na cidade, os dois sofrem um acidente de carro, e ao acordar no dia seguinte, Cheryl acaba desaparecendo. Harry, então, começa a procurar por sua filha na cidade de Silent Hill, que está abandonada, coberta por cinzas e uma névoa incessante, além de estar cheia de criaturas monstruosas. E não é só isso, às vezes, a cidade entra em uma realidade alternativa e se transforma totalmente, ficando mais sombria. De uma forma bem resumida, Harry descobre que Cheryl nasceu em Silent Hill e é “filha” de Alessa Gillespie, uma mulher com poderes psíquicos desde a infância. Sua mãe, Dahlia Gillespie, a queimou viva em um ritual com outras pessoas da cidade – membros de um culto chamado a Ordem para invocar o demônio Samael -, mas sobreviveu, e foi levada para o UTI do hospital. Através de seus poderes, além de amaldiçoar a cidade, Alessa divide sua alma em dois, e uma delas se tornou a Cheryl. Silent Hill se tornou uma franquia com oito jogos oficiais, e dois longa metragem, Terror Em Silent Hill (2006) e Silent Hill: Revelação (2012).


Um filme baseado em videogame nunca vai ser igual ao jogo, mas pelo menos tem que ser coerente com o material fonte e que mantenha o universo que os fãs conhecem. Felizmente, Terror Em Silent Hill é exatamente assim. A trama é basicamente Rose procurando sua filha pela cidade enquanto vai descobrindo os segredos que assombram o lugar. Tem também outros moradores, e as criaturas sinistras que vão surgindo a todo instante, tanto na versão “normal” quanto na “alternativa” da cidade, se transformando em cenários sujos, escuros, com grades e monstros ainda mais tenebrosos. Nesse quesito, o diretor Christophe Gans seguiu bastante o enredo do jogo: temos o culto, o demônio, os sacrifícios, Alessa, personagens importantes, os monstros, enfim, mais adiante coloquei todas as referências que o filme traz. Além disso, Gans consegue criar um ambiente bem assustador, passando perfeitamente a sensação de que Rose está presa em Silent Hill, criando um clima de tensão graças a direção de arte e a fotografia, que seguiu cuidadosamente os cenários do jogo de videogame.



Podemos dividir a trama em dois arcos distintos: o de Rose procurando Sharon em Silent Hill, e o de seu marido, Chris da Silva (Sean Bean), que está procurando sua esposa e a filha presas na cidade. Aqui, um ponto negativo: o arco de Chris destoa muito dos acontecimentos de Rose, parecendo que o personagem fica perdido na trama, e muitas vezes o clima de suspense e tensão acaba inesperadamente quando mostra as buscas de Chris. Se o filme se passasse inteiramente na cidade... Originalmente, o personagem de Sean Bean não estaria no filme, mas os produtores acharam melhor colocar um personagem masculino para que não ficassem só protagonistas mulheres (???). A adaptação seguiu bastante o enredo e os acontecimentos do primeiro Silent Hill – o acidente de carro, a sequência inicial na cidade, Rose procurando sua filha a partir de pistas deixada por ela, e toda a maldição e o culto envolvendo Alessa e sua mãe, Dahlia Gillespie -. Mas não foi só isso: Christophe Gans também reproduziu os cenários dos jogos perfeitamente, manteve os personagens, os monstros clássicos, e até a trilha sonora. Temos a “Midwich Elementary School”, o Hotel Lakeview de Silent Hill 2, a igreja Balkan, o hospital, e vários cenários menores (tem até as ruas destruídas e o barulho de estática quando algum monstro está por perto) – só a sequência inicial já é idêntica ao início de Silent Hill 1, incluindo as “crianças zumbis”, os "Grey Child" -. Ainda tem as clássicas enfermeiras, os “Lying Figures” ou "Armless Man" (uns monstros sem braços que cospem ácido), o “zelador” acorrentado no banheiro (uma referência), e o famoso “Pyramid Head”, que apareceu em Silent Hill 2, apesar de estar levemente diferente da versão do game. Porém, senti falta dos monstros voadores pela cidade e dos cachorros.


Mesmo com todas essas referências e “easter-eggs”, Terror Em Silent Hill teve uma mudança bastante significativa em relação aos personagens. No videogame, o personagem principal é um homem, Harry Mason, e a filha dele se chama Cheryl; já na adaptação, os produtores o trocaram por uma mulher, Rose da Silva (Radha Mictell), e alteraram o nome da garotinha de Cheryl para Sharon. Na época do lançamento, particularmente, não curti muito, e até hoje fico pensando por que os produtores sempre fazem muitas alterações nas adaptações. Mas faz sentido a personagem ser uma mulher, - tem toda uma questão maternal na história -, e também não trouxe nenhuma mudança significativa para a trama, sendo mais uma questão visual mesmo.



Vários personagens do primeiro jogo do Silent Hill também aparecem, assim como outros que foram criados para enriquecer a trama do filme. Temos a policial da cidade vizinha, Brahms, Cybil Bennett, interpretada por Laurie Holden (a Andrea da série The Walking Dead), Dhalia Gillespie (Deborah Kara Unger) a mãe de Alessa Gillespie e consequentemente de Sharon/Cheryl, e até a enfermeira Lisa, que está idêntica ao jogo. Alessa Gillespie também da as caras, interpretada Lorry Ayers quando adulta - por trás de uma excelente maquiagem mostrando seu corpo todo queimado -, e a própria Jordele Ferland na versão criança nos flashbacks (incluindo a “Dark Alessa”). Chris da Silva (Sean Bean) não está em nenhum jogo da série, assim como o policial Thomas (Kim Coates), apesar de sua história ter semelhanças com o dr. Michael Kauffmann do Silent Hill 1 (pode ser até uma referência), e a crente Cristabella (Alice Krige), que lembra mais a própria Dhalia Gillespie do jogo do que a Dahlia de Deborah Kara.


O desfecho de Terror Em Silent Hill dividiu bastante os fãs, principalmente pela falta de um “chefão final”, e por ser bem diferente dos jogos. Toda a sequência final é bem-produzida, violenta, revigorante de certa forma, e faz total sentindo com os acontecimentos do filme, deixando um gancho para uma continuação. O final de Rose e Sharon é parecido com o de Harry e Cheryl no Silent Hill 1. No jogo, ao escapar da cidade, uma versão alternativa de Alessa (a incubadora) apareceu para Harry Mason, entregando-o um recém-nascido. O bebê em questão é a “junção das almas” (ou as essências) de Cheryl e da própria Alessa, na qual foi chamada de Heather Mason, que se tornaria a protagonista do jogo Silent Hill 3. No filme, Dark Alessa entrou no corpo de Sharon, e as duas se tornaram uma só, ou seja: quando Rose escapa de Silent Hill, ela está levando as “duas almas” de Alessa. Em 2012 foi lançado uma continuação direta do filme, Silent Hill: Revelação, e que adapta o terceiro jogo da franquia.



Apesar das significativas mudanças em relação ao videogame, Terror Em Silent Hill ainda é uma das melhores adaptações de jogos eletrônicos para o cinema, se mantendo fiéis aos personagens, as histórias, as referências – os cenários, os monstros, a névoa -, trazendo todo o universo da franquia. Christophe Gans consegue manter a essência da franquia de jogos, e cria um filme intenso, com efeitos especiais incríveis, principalmente quando surge a Silent Hill alternativa, uma trama bem explorada, e cenas pesadas com muito sangue e violência - lembro que a classificação etária no Brasil foi de 18 anos -. Quem não conhece nada do videogame não ficará perdido na história, e quem já conhece e é fã vai adorar as referências e nem se importará muito com a trama paralela a dos jogos. Ainda não é a adaptação perfeita – e dificilmente terá alguma-, mas é muito melhor do que a franquia Resident Evil (o que é uma pena porque gosto muito dos jogos). Continue lendo, mais abaixo coloquei as referências que o filme faz com os jogos de videogames.



TERROR EM SILENT HILL (SILENT HILL)


Ano: 2006

Diretor: Christophe Gans

Distribuidora: Tristar Pictures

Duração: 126 min

Elenco: Radha Mitchell, Laurie Holden, Jordele Ferland, Sean Bean, Alice Krige e Deborah Kara Unger



NOTA: 9,0


Disponível no















AS REFRÊNCIAS DE SILENT HILL


  • TRILHA SONORA


Terror Em Silent Hill já começa com a clássica musica tema do jogo de videogame, mas só quando surge o logo da produtora "TrisTar Pictures" no início. Ao longo do filme, outras musicas instrumentais dos demais jogos também aparecem. Confira abaixo a música de abertura do jogo Silent Hill 1 (a música tema do jogo) - a que toca no inicio do filme -.




  • SEQUÊNCIA INICIAL


Toda a sequência inicial - após acidente de Rose e Sharon -, é idêntica ao jogo: Rose chegando na cidade, o beco, a sirene tocando, a Silent Hill alternativa, o homem pendurado na grade, os monstros atacando. Veja abaixo a sequência inicial do jogo e a do filme. Um dos vídeos s[o pode ser visto no Youtube.









  • WELCOME TO SILENT HILL


A placa de entrada da cidade de Silent Hill que aparece nos jogos também está no filme.




  • RÁDIO


No game, Harry usa um rádio que apita quando algum monstro está por perto. No filme, Rose usa o celular dela. O walkie-talkie de Cybil também funciona da mesma forma.




  • BRAHMS


Brahms é uma cidade vizinha de Silent Hill. No jogo, quando Harry conhece Cybil na lanchonete, ela diz que é uma policial da cidade de Brahms. No filme, a cidade é mencionada algumas vezes - uma específica é em uma placa na estrada -, porém está escrita de outra forma: "BRAHAMS". Nunca foi revelado - oficialmente - porque o nome foi alterado.




  • PISTAS


No jogo, Cheryl deixa pistas para Harry encontra-la. No filme, Sharon faz a mesma coisa para Rose.




  • MAPAS DE SILENT HILL


Para chegar até a escola, Rose se orienta pelos mapas espalhados pela cidade. No jogo, Harry encontra mapas em determinados lugares, mas alguns também ficam expostos nas ruas.





COMPARAÇÃO PERSONAGENS JOGO/FILME


Terror em Silent Hill adapta, em grande parte, a história do primeiro Silent Hill, lançado em 1999. Com isso, todos os personagens do jogo que aparecem no filme são desse. A maior mudança foi o personagem Harry Mason (jogo) para Rose da Silva (filme, interpretada pela atriz Radha Mitchel). Cheryl Mason (jogo) teve só o nome alterado para Sharon da Silva (filme, interpretada pela atriz mirim Jodele Ferland). Cybil (Laurie Holden), Alessa Gillespie (Jodele Ferland), Dahlia Gillespie (Deborah Kara Unger), a enfermeira Lisa Garland (Emily Lineham), também aparecem sem grandes alterações.


Alguns personagens do filme não estão nos jogos, como é o caso de Chris da Silva (Sean Bean), o detetive Thomas Gucci (Kim Coates), e a crente Cristabella (Alice Krige). Desses, o detetive Thomas não deixa de ser uma referência ao dr. Michael Kauffmann do Silent Hill 1, já que ambos ajudam Alessa, e Cristabella lembra muito mais a Dahlia do videogame do que a própria Dahlia do filme. "Dark Alessa" e a versão adulta de Alessa (que aparece na cama de hospital toda queimada) também só aparecem no filme.



  • HARRY MASON | ROSE DA SILVA




  • CHERYL MASON | SHARON DA SILVA




  • CYBIL BENNETT




  • DAHLIA GILLESPIE




  • ALESSA GILLESPIE


A atriz mirim Jodele Ferland interpreta três personagens: Sharon, a Alessa criança que aparece nos flashbacks, e a "Dark Alessa".




  • ALESSA ADULTA | DARK ALESSA




  • ENFERMEIRA LISA GARLAND





COMPARAÇÃO CENÁRIOS JOGO/FILME


Terror Em Silent Hill também foi bastante fiel aos cenários e a ambientação dos jogos da franquia de videogames, se inspirando nos dois primeiros: a escola, a igreja, o hotel (de Silent Hill 2), até as ruas destruídas, a própria cidade, e inclusive os cenários da Silent Hill alternativa - as grades e os corpos pendurados -.



  • MIDWICH ELEMENTARY SCHOOL






  • IGREJA BALKAN





  • LAKEVIEW HOTEL (SILENT HILL 2) | GRAND HOTEL





  • HOSPITAL ALCHEMILLA






  • CIDADE DE SILENT HILL





  • RUAS DESTRUÍDAS DE SILENT HILL





  • SILENT HILL ALTERNATIVA:


A versão sombria da cidade de Silent Hill é a marca registrada da franquia, aparecendo a todo instante. E no filme, não seria diferente. Após tocar a sirene, todos os lugares da cidade se transformam em cenários grotescos, sujos, com muito sangue, grades e corpos pendurados por todo o canto. Terror Em Silent Hill foi fiel aos cenários.





MONSTROS DE SILENT HILL


Terror Em Silent Hill traz alguns monstros dos dois primeiros jogos da franquia. Do Silent Hill 1 tem os "Grey Childs", as enfermeiras - apesar de serem inspiradas nas enfermeiras de Silent Hill 2 -, e os insetos com rostos humanos (os Creepers). Do segundo jogo tem as enfermeiras (dark nurses), os "Armless Man" - criaturas sem braços e que cospem ácido -, e o famoso Pyramid Head, com os Creepers que vão junto com ele. Mas tem uma diferença do filme para o jogo: o Pyramid Head do filme é maior e mais musculoso do que o do jogo Silent Hill 2.



  • GREY CHILD






  • ARMLESS MAN





  • COLIN/ ZELADOR


Esse é um personagem que só aparece no filme (ele era pedófilo e abusou de Alessa), porém, é inspirado em um corpo pendurado na parede no banheiro da escola Midwich, envolto de arame farpado - inclusive, o zelador também está em um banheiro da escola -. A diferença é que no filme, quando a cidade se transforma, Colin ganha vida.





  • ENFERMEIRAS/ DARK NURSES


As enfermeiras aparecem várias vezes nos jogos de videogame, mas variam em cada um. Terror Em Silent Hill se inspirou nas enfermeiras de Silent Hill 2, que tem os rostos deformados. As do primeiro Silent Hill são concurdas e tem um tipo de tumor nas costas.






  • PYRAMID HEAD



6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page