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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

ESPECIAL | RESIDENT EVIL: O HÓSPEDE MALDITO



No final dos anos 60, George Romero lançou o clássico A Noite dos Mortos Vivos, filme que iria popularizar os zumbis, e que resultaria em um grande número de produções; aliás, já é considerado um subgênero do cinema. Os filmes zumbis não se limitaram em ficar apenas no horror, se expandindo para comédias e até romances: Despertar dos Mortos (1978), A Volta dos Mortos Vivos (1985), o espanhol REC (2007), a elogiada refilmagem Madrugada dos Mortos (2004), as comédias Zumbilândia (2009) e Todo Mundo Quase Morto (2004), e por fim, o de romance Meu Namorado é Um Zumbi (2013) e o inusitado Orgulho e Preconceito e Zumbis (2016), inspirado no clássico Orgulho e Preconceito, entre muitos outros.


Nos anos 70 e 80, os filmes zumbis eram muito populares, mas nos anos 90, esse subgênero deu uma esfriada, diminuindo bastante o número de lançamentos. Mas em 2002, o diretor Paul W. S. Anderson (de O Enigma do Horizonte e Mortal Kombat) lançou Resident Evil - O Hóspede Maldito, adaptação de uma famosa série de jogos de videogames, e a partir daí os zumbis voltaram com tudo para os cinemas. O filme de Anderson dividiu os fãs dos jogos, mas o sucesso resultou em seis filmes. Eu sou fã dos jogos da série e, particularmente, não gostei de nenhum dos filmes lançados, e quando falo sobre eles, eu gosto de separá-los do universo dos jogos. Esse ano, 2022, a produção estrelada por Milla Jovovich está fazendo vinte anos de lançamento, e resolvi fazer esse especial sobre o filme, as referências que o filme faz aos jogos, além de uma explicação dos dois primeiros jogos da franquia, na qual o filme se inspirou. Vamos relembrar?




RESIDENT EVIL: O HÓSPEDE MALDITO (RESIDENT EVIL)


Ano: 2002

Direção: Paul W. S. Anderson

Elenco: Milla Jovovich, Michelle Rodriguez, Eric Mabius, James Purefoy, Colin Salmon, e Martin Crewes.



NOTA: 8,0


Disponível na HBO MAX








Um vírus mortal, o T-Virus, foi solto em um laboratório secreto da Corporação Umbrella, a colmeia, e todos os trabalhadores do local desapareceram. Alice (Milla Jovovich) acorda depois de um desmaio, e acaba encontrando um grupo de soldados que veio até o local para descobrir o que aconteceu. Ao entrarem na colmeia, descobrem que todos os trabalhadores se transformam em zumbis sedentos por carne, além de outros animais usados em experiência que foram transformados, e agora, eles têm menos de três horas para sair do laboratório antes de ser fechado para sempre.


Quando foi anunciado que haveria uma adaptação cinematográfica dos jogos da série Resident Evil, muitos fãs ficaram empolgados e ansiosos para verem seus personagens preferidos dos jogos ganhando vida nos cinemas. Outros filmes baseados em videogames já haviam sido lançados: Tomb Raider, Mortal Kombat, Street Fighter, Final Fantasy, todos dividiram a opinião dos fãs; então, a expectativa era grande, ainda mais por ser um dos jogos mais populares na época. Como disse antes, ao analisar os filmes, prefiro fazer separado dos jogos, já que são bem diferentes. A trama de O Hóspede Maldito (tradução infeliz do título Resident Evil) se passa antes dos eventos dos jogos, por isso não tem nenhuma relação com os games, e muito menos aparece algum personagem, apenas detalhes que remetem aos videogames, ou seja: o filme é ruim, e vai decepcionar os fãs. Porém, analisando separadamente dos jogos, a produção funciona muito bem como um filme de horror e ficção-científica, e é divertido.


De todos os filmes da franquia RE, O Hóspede Maldito é o que mais tem suspense, e os cenários subterrâneos escuros e sombrios lembram muito o clima dos jogos. O roteiro ajuda bastante, já que tem todo um mistério sobre os zumbis e os animais mutantes, que só aparecem lá perto dos quarenta minutos de filme, e a expectativa gera mais suspense. As informações sobre o que aconteceu vão aparecendo aos poucos, e a história ainda conta com algumas surpresas e revelações, com destaque para o ato final, em uma sequência totalmente inspirada no segundo jogo, RE2. O problema são alguns furos no roteiro, situações inusitadas, e o fato de os personagens se separarem, para depois voltarem a ficar juntos. Por exemplo, em uma cena com Alice, ela acaba se separando dos outros, enfrenta alguns cachorros, e depois se junta aos outros de novo. Por que só ela tinha que enfrentar os cachorros mutantes? Ficou estranho.



Alice (Milla Jovovich) e Rain (Michelle Rodriguez) são as protagonistas de O Hóspede Maldito, e se tornaram personagens queridas pelo público. Alice não lembra nada do que aconteceu após o incidente, mas durante a trama ela vai se lembrando de tudo, e descobre que é muito mais do que aparenta ser. E aqui, temos um fato curioso: o nome Alice não é mencionado durante o filme todo, o que faz muito sentido, já que ela não se lembra de nada. A atriz se mostra ágil enfrentando os zumbis, fazendo algumas acrobacias, quase que um treinamento para o que viria nos próximos filmes, quando ela fica geneticamente modificada, e até hoje não entendi direito do porquê resolveram colocar um vestido de festa nela. Aquela desculpa que deram não ficou boa. A personagem de Jovovich não existe no universo dos jogos, e isso deixou a maioria dos fãs furiosos, ainda mais nas sequências, porque continuaram dando destaque para ela, mesmo aparecendo personagens dos games, nos filmes.


Rain (Michelle Rodriguez) é a mais legal de todas as personagens, que mesmo com seu jeito durão e irritado, nos diverte, criando uma empatia com o público. O laboratório é comandado por um computador, a Rainha Vermelha, uma imagem em holograma da filha do programador, e ela é a que explica tudo que acontece no filme. Em relação aos coadjuvantes, não vou nem me dar o trabalho de comentar muito, já que nem o próprio Paul Anderson se deu o trabalho de desenvolve-los. Praticamente todos estão ali apenas para preencher o numero de mortes, salvo o personagem de Eric Mabius, Matt, que tem um papel importante no final, e vale destacar Martin Crewes, que interpreta Kaplan, de longe o mais simpático dos coadjuvantes, irritante, mas simpático.


Quase no final, o que sobrou dos personagens, enfrentam uma mutação do Licker, no trem subterrâneo, em uma das melhores sequências do filme, apesar do duvidoso CGI, que remete a cena final do segundo jogo do PlayStation 1, Resident Evil 2, e mais surpresas estariam por vir, onde o final indicava que O Hóspede Maldito teria uma continuação. Nele, uma frase iria deixar os fãs atordoados: "Ele está em mutação. Quero-o no programa Nemesis". Um dos maiores monstros de todos os jogos da série, Nemesis aparece em Resident Evil 3, perseguindo Jill Valentine durante o jogo todo. E para finalizar, a última cena mostra uma parte da Raccoon City destruída, indicando que a continuação se passaria nas ruas da cidade, igual ao terceiro jogo. A empolgação e a ansiedade para conferir a continuação foi grande.



O Hóspede Maldito não tem nenhuma relação direta com os jogos porque a história se passa antes do primeiro, e por isso, não tem quase nada do mundo dos games. O máximo são algumas menções, além dos zumbis, os cachorros, e o licker. Paul Anderson resolveu escrever um roteiro sem a presença dos personagens dos jogos, ou seja, não tem Chris Redfield, Jill Valentine, Leon S. Kennedy, Claire Redfield, Wesker, e ainda criou uma personagem principal que não existe no mundo de RE, a Alice, usando um vestidinho vermelho de festa (???) bem apropriado para o momento (contém ironia). Como fã dos jogos, fiquei decepcionado em não ver nenhum deles no filme, já que são a essência dos jogos e deveriam estar presentes na trama. No fim, O Hóspede Maldito é um ótimo filme de ação e horror, separado dos jogos, com uma trama razoável, cenários que criam uma atmosfera parecida dos jogos de videogame, muito suspense e ação, trazendo de volta todos os elementos clássicos dos filmes zumbis: sangue, violência e carnificina. Mas se comparado aos jogos, é um filme decepcionante que deveria ter tido outro título ao invés de usar o nome da mais famosa série de games de terror.


E lembrando que o diretor Paul W. S. Anderson e a atriz Milla Jovovich, que se conheceram no set de filmagens desse filme, se casaram na vida real, em 2009, estão juntos até hoje, e tem três filhos, sendo que a mais velha, Ever Anderson, participou de alguns filmes, entre eles, o último capítulo da franquia Resident Evil, em 2016, e Viúva Negra, interpretando a heroína na adolescência.


E um fato bastante curioso: George Romero foi contratado para adaptar Resident Evil muito antes de Paul W. S. Anderson, ainda em 1998; assinou contrato e tudo. Ele chegou até escrever o roteiro, que se basearia nos eventos do primeiro jogo, lançado em 1996. Porém, os produtores não gostaram da trama escrita por ele, dizendo que “não era bom” (da onde que um roteiro de George Romero não seria bom), e o demitiram (??). Não li esse roteiro, mas com toda a certeza que seria muito melhor do que o escrito por Anderson.





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Ainda que Resident Evil - O Hóspede Maldito não tenha nenhuma ligação com os jogos de videogames, Paul W. S. Anderson buscou referências aos três primeiros games do PS1, que vão desde detalhes, até algumas sequências de ação inspiradas nos jogos. Veja abaixo, algumas dessas referências, com imagens; nem todas estão com qualidades tão boas.


- Assim como no jogo, a mansão do filme é um disfarce para esconder o laboratório secreto. Porém, no jogo, o laboratório está na mesma área da mansão (eventos do RE 1), enquanto no filme, está no subsolo de Raccoon City (eventos do RE 2).


- A colmeia é uma referência ao laboratório de Pesquisas de Resident Evil 2, situado no subsolo da cidade.


- A sala de jantar do filme é parecida à do primeiro jogo, assim como a estátua que Alice examina no início do filme.




- O trem Subterrâneo que leva os personagens da mansão até a colmeia, é uma referência ao trem que aparece no final do jogo Resident Evil 2, e o nome ALEXI-005, que está no trem (no filme), se refere a personagem Alexia Ashford, de RE: Code Veronica.



(A qualidade está horrível, mas foi o que consegui)


- A cena do trem, no final do filme, onde Alice enfrenta a mutação do Licker, é uma referência ao chefão final de Resident Evil 2. No jogo, dependendo com que você joga, e da ordem dos "cenários", Leon ou Claire também enfrentam um monstro no trem.




- Na cena que Alice está enfrentando os cachorros sozinha, um deles atravessa e quebra uma janela. O mesmo acontece quando Jill Valentine, ou Chris Redfield, passam por um corredor da mansão, no primeiro jogo do Resident Evil.




- Depois da cena dos raios lasers, os personagens saem sala, e quando retornam, os corpos não estão mais. Nos jogos, os corpos também desaparecem.


- No final do filme, aparece uma notícia em um jornal dizendo: "Os mortos andam". Essa é uma referência a uma notícia de jornal que aparece na cena de abertura do primeiro jogo do Resident Evil.



- Os símbolos da S.T.A.R.S. e R.P.D. aparecem nos carros de polícia da cidade, no final do filme. Nessa mesma cena, em um dos carros da policia, o que tem o símbolo da R.P.D. (Raccoon Police Department), aparece o numero que talvez seja o "84"; na lateral traseira do carro, é possível ver o número 184 (tenho quase certeza). Na cena de abertura do terceiro jogo, Resident Evil 3 - Nêmesis, quando a policia está tentando controlar a invasão dos zumbi na cidade, um dos carros da policia é o de número 184.



- No final de O Hóspede Maldito, quando Spence (James Purefoy) consegue fugir, ele chega até o trem, mas é atacado por um monstro, o Licker. Quando a criatura surge, antes de ataca-lo, aparece uma referência ao jogo Resident Evil 2, no primeiro encontro com o Licker. Ele surge no teto, praticamente com o mesmo movimento, e o mesmo enquadramento da câmera.




- Quando Rain (Michelle Rodriguez) se transforma em um zumbi, no finalzinho de O Hóspede Maldito, a câmera foca no rosto da personagem, onde ela abre a boca, e os olhos estão brancos. Não sei se foi uma referência, mas a mesma cena aparece na abertura de Resident Evil 3 - Nemesis.




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Agora, conheça a história dos dois primeiros jogos da série, nas quais o filme se baseou, e veja as diferenças.



RESIDENT EVIL

Lançamento: 1996

Produtora: CAPCOM

Console: PlayStation 1



- Julho de 1998 -


Estranhas mortes estão acontecendo na floresta que cerca a cidade de Raccoon City, e duas equipes da S.T.A.R.S. são enviadas para investigar: o Bravo e o Alpha Team. O primeiro grupo enviado, o Bravo, desapareceu, e então o segundo grupo, o Alpha, vai para o mesmo local procurá-los. Chris Redfield, Jill Valentine, Barry Burton e Albert Wesker são atacados por cachorros e fogem pela floresta até encontrarem uma enorme mansão escondida. A equipe decide investigar o lugar e acabam se deparando com zumbis e estranhas criaturas monstruosas, descobrindo que a mansão é um disfarce para esconder um enorme laboratório secreto, comandado pela Corporação Umbrella. Um perigoso vírus foi desenvolvido no lugar, o T-Vírus, onde faziam experiências com animais, plantas, e expondo os seres humanos, que acabaram se transformando em zumbis. Durante a investigação, eles encontram os membros do Alpha Team, mas a maioria estão mortos, com exceção de Rebecca Chambers. Ainda, acabam descobrindo que Wesker é um traidor que trabalha para a Umbrella em atividades criminosas, e libera o monstruoso Tyrant, uma arma secreta biológica que ataca e "mata" Wesker. Após uma dura batalha com a criatura, os sobreviventes conseguem escapar pouco antes da mansão explodir.



RESIDENT EVIL 2

Lançamento: 1998

Produtora: CAPCOM

Console: PlayStation 1




- Setembro de 1998 -


Dois meses se passaram desde o incidente na mansão, e todos pensaram que tudo estava acabado, mas os experimentos da Umbrella estavam longe de terminar. Chris Redfield e Jill Valentine alertaram as autoridades de Raccoon City, mas ninguém acreditou neles, e não demorou muito para o vírus se espalhar por toda a cidade. Leon S. Kennedy é um policial que chega na cidade para o seu primeiro dia de trabalho, e Claire Redfield veio em busca de notícias sobre seu irmão, Chris. Eles são atacados pelos zumbis, e vão parar na delegacia de polícia de Raccoon City (R.P.D. - Raccoon Police Department), e ao verem que tudo está um caos, eles decidem procurar sobreviventes e fugir a cidade. Claire acaba descobrindo que seu irmão tinha ido para a Europa investigar uma sede da Umbrella (eventos de RE: Code Veronica), e acaba conhecendo Sherry Birkin, uma garotinha que está sendo perseguida por um monstro; já Leon encontra Ada Wong, que está procurando seu namorado que tinha descoberto informações da Umbrella. Na trama, é revelado que um novo tipo de vírus foi criado, o G-Vírus, uma mutação do T-Vírus, dessa vez criado pelo cientista William Birkin (Sherry é filha dele), e que o chefe da delegacia tinha sido subornado pela Umbrella para esconder o desenvolvimento do novo vírus, além de ter ocultado as denúncias de Chris e Jill sobre os acontecimentos na mansão.


William Birkin descobriu o poder do G-Vírus e decidiu fugir com algumas amostras para vender no exterior, mas é interceptado pelos agentes da Umbrella, ferindo-o gravemente. Ao ver que estava morrendo, ele injeta o G-Vírus em si mesmo, se tornando uma terrível criatura, indo atrás dos agentes para matá-los. Amostras do vírus que os agentes haviam pegado, quebraram no chão durante o ataque, infectando os ratos que, por fim, acabavam passando para os outros animais até chegar na população da cidade. Ainda, Leon e Claire acabam encontrando Annette Birkin, esposa de William, e mãe de Sherry, que está no laboratório para proteger os experimentos e projetos secretos de seu marido, e ao ver que eles são uma ameaça, faz de tudo para eliminá-los. Mas ao descobrir que Sherry foi infectada pelo vírus, quando o monstro que o pai dela se tornou, a atacou, Annette mostra a eles como criar uma vacina para salvar a menina, pouco antes de morrer.


É revelado também que Ada Wong é uma espiã que trabalha para uma empresa, e que estava à procura pelo vírus, mas acaba morrendo nos braços de Leon. No fim, Claire, Leon e Sherry encontram o novo laboratório secreto e descobrem uma maneira de fugir, mas têm que criar o vírus para salvar Sherry, além de enfrentar o monstro que William se tornou (a cena do trem), tudo isso antes do laboratório ser completamente destruído. Depois de salvar Sherry e escaparem dos perigos, os personagens seguem rumos diferentes: Leon está decidido em destruir a corporação Umbrella, enquanto Claire resolve procurar seu irmão na Europa.










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