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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

ESPECIAL | ALIENS - O RESGATE

Atualizado: 6 de ago.





O primeiro filme da franquia Alien, lançado em 1979, levou os filmes de monstros para um outro nível, uma obra-prima do cinema que só tem pontos positivos: ótima direção de Ridley Scott, os corredores claustrofóbicos da nave Nostromo, personagens que cativam o espectador, um roteiro envolvente e cheio de mistérios em torno do planetoide LV-426, o tal xenomorfo, transformou Ripley em uma das maiores heroínas do cinema, e ainda ganhou o Oscar de melhores Efeitos Visuais. No ano seguinte do lançamento, já na década de 80, a FOX começou a planejar uma sequência do filme de Scott, mas que passou por vários problemas na pré-produção e acabou sendo engavetado. Então, lá por 1984/85, a produção de “Alien 2” recomeçou, e o estúdio tinha que correr atrás do seu diretor. Ridley Scott não queria retornar para a direção, e então a FOX começou a mirar no ainda desconhecido James Cameron, que antes havia dirigido apenas “Piranha 2: Assassinas Voadoras”, mas que estava em fase de pós-produção de um outro filme do próprio estúdio: nada menos que “O Exterminador do Futuro (Terminator, 1984)”. O problema é que o roteiro apresentado pelo próprio Cameron exigia um grande investimento, e o estúdio estava preocupado em contratar um diretor ainda desconhecido em Hollywood. A saída? Esperar o lançamento de “Terminator”. Resultado? Sucesso astronômico, além de ter se tornado um dos filmes mais icônicos da história do cinema, garantindo a contratação de Cameron para a direção.


Até hoje as sequências são sempre criticadas, e com razão, já que a maioria são ruins mesmo. Mas Aliens – O Resgate é uma exceção: é considerado uma das melhores sequências já produzidas, onde muitos consideram ainda melhor que o original. James Cameron não pretendia fazer uma refilmagem, e sim uma sequência digna do primeiro filme, algo maior (ideia que até hoje Hollywood utiliza). Alien – O Oitavo Passageiro era focado mais no suspense, um pouco mais “parado”, já Aliens tem mais cenas de ação, muito mais xenomorfos, mas ainda mantém o suspense e um ambiente tão claustrofóbico quanto a nave Nostromo, uma instalação no planetoide LV-426 cheia das criaturas alienígenas. Além disso, a produção foi indicada a 07 Oscar: ganhou dois - melhores Efeitos Visuais e Efeitos Sonoros -, além de melhor Atriz (Sigourney Weaver), Montagem, Som, Trilha Sonora e Direção de Arte.



A trama de Aliens se passa 57 anos depois do primeiro filme, mostrando Ripley (Sigourney Weaver) sendo resgatada no espaço e levada até a estação espacial “Gateway”, na orbita da Terra. Lá, a tenente é julgada pela Weyland-Yutani Corporation por ter destruído a nave de carga Nostromo, que havia pousado no LV-426 para investigar uma transmissão misteriosa. Ripley acaba descobrindo que corporação Weyland instalou uma colônia para engenheiros transformarem o ar do planeta respirável para humanos, a “Hadleys Hope”. Quando o contato com a colônia é perdido, o representante da companhia, Carter Burke (Paul Reiser), e o tenente Gorman (William Hope), convidam a ex-tenente para retornar ao LV-426 e investigar o que aconteceu. Junto com uma equipe de fuzileiros navais, eles descobrem que os colonos foram expostos aos ovos, surgindo centenas de xenomorfos.

 

A narrativa de Aliens é bem diferente de O Oitavo Passageiro, com mais ação, misturando terror, ficção, e filmes de guerra, além de ter personagens carismáticos (alguns nem tanto) e bem desenvolvidos na trama. O xenomorfo demora para aparecer, da mesma forma que Scott fez no primeiro filme, criando uma atmosfera de suspense e mistério enquanto a equipe de militares investiga a colônia em LV-426, fazendo o espectador esperar por mais de uma hora até o monstro aparecer; mas aqui, o ritmo é mais dinâmico e ágil. Nesse meio tempo, descobrimos o que aconteceu com Ripley após os eventos do primeiro filme, o seu julgamento, o medo que ela acabou criando dos alienígenas, e somos apresentados aos soldados da marinha, como eles trabalham, e o papel de cada um deles. Quando acontece o primeiro ataque e a aparição dos xenomorfos, a ação toma conta de Aliens, com sequências no melhor estilo sci-fi, e excelentes efeitos especiais que não envelheceram tanto assim. Os cenários criados por Syd Mead (o mesmo de “Blade Runner”), e a incrível fotografia de Adrian Biddle, são espetaculares a ponto de imergir o espectador naquele ambiente hostil e perigoso do planetoide LV-426, tão claustrofóbico quanto a nave Nostromo, onde o diretor optou por usar mais efeitos práticos – maquetes, bonecos e animatrônicos -, principalmente na concepção dos xenomorfos, tornando-os mais realistas e assustadores.



Existem dois detalhes que mudariam os rumos da franquia inteira, que não foi mostrado no primeiro filme e faria toda a diferença. Em uma cena deletada de Alien – O Oitavo Passageiro, Ripley encontra um ninho onde alguns dos tripulantes da Nostromo estavam presos em um casulo. Descobrimos então que o xenomorfo não só mata as suas vítimas, mas também as “sequestra”, tornando-as como um hospedeiro para o “facehugger” (que sai de dentro do ovo) injetar o embrião da criatura, nascendo o “bebê alien”, e que posteriormente se tornaria o famoso xenoformo. O outro detalhe é questionado por Ripley em uma cena de Aliens – O Resgate durante uma conversa: ‘se existem os ovos, então quem está colocando os ovos?”. No primeiro filme, não foi revelado que existia uma “rainha alien”, nem em uma cena deletada, e somente o “ovomorph”, ou simplesmente o ovo do xenomorfo, aparecia, além claro do tal ninho com os tripulantes presos em um casulo, mas isso na cena deletada. A rainha alien é revelada somente no desfecho, assim como o ninho e os casulos – isso mostrado de forma “oficial”, na versão do cinema -. A sequência final com a rainha dos xenomorfos é espetacular e assustadora, um marco nos efeitos especiais e práticos, e o embate final dela com Ripley é lembrado até hoje como uma das cenas mais icônicas e marcantes da história do cinema. “Get away from her, you bitch”, ou “saia de perto dela, sua vadia”, imortalizado por Sigourney Weaver quando a sua personagem confronta a rainha, é também uma das frases mais famosas.


Sigourney Weaver aceitou voltar a interpretar a tenente Ellen Ripley após ler o roteiro escrito por James Cameron, que mostrava mais o lado humano da personagem. O arco dramático de Ripley – que ganha mais sentido na versão estendida – é muito bem explorado na história, principalmente na sua relação com Newt (Carrie Henn), a única sobrevivente da colônia Hadleys Hope. Ripley acaba criando um forte vínculo com a garotinha, que perdeu os pais e o seu irmão – eles aparecem em uma cena deletada -, mostrando o seu lado protetor e cuidando de Newt como se ela fosse mesmo sua filha. Essa aproximação faz mais sentido com uma das cenas deletadas: ainda no início do filme, antes de iniciar o julgamento de Ripley, Carter (Paul Reiser) mostra informações sobre a sua filha, Amanda Ripley, que na ocasião, descobrimos que ela tinha falecido com 66 anos de idade. E a situação fica ainda mais dramática quando Ripley revela que prometeu que voltaria para o aniversário de 11 anos dela. Uma curiosidade: a filha de Ripley aparece somente em uma foto, que curiosamente é a mãe da atriz Sigourney Weaver na vida real. Tem também uma outra cena, mas agora envolvendo Newt, que mostra a garotinha em um veículo com sua mãe, pai, e irmão, que estavam fazendo “reconhecimento” do LV-426. Na sequência, eles acabam encontrando a nave spacejokey, a mesma que Kane, Dallas e Lambert encontraram em Alien – O Oitavo Passageiro. Os pais de Newt acabam entrando na nave espacial – Newt e o seu irmão ficaram no veículo -, e quando eles retornam, o pai aparece com um “facehugger” grudado no seu rosto, dando a entender que foi por causa dele que a colônia foi tomada pelos xenomorfos. A cena deletada não mostra como os pais e o irmão de Newt morreram.



Ripley tem uma grande evolução em comparação ao primeiro filme, e não somente na sua relação maternal com Newt, fazendo uma heroína vulnerável e que tem medo dos alienígenas e do que pode acontecer, mas que ao mesmo tempo se mostra forte e determinada para enfrentar os xenomorfos – incluindo a rainha alien -, e os próprios representantes da corporação Weyland-Yutani. E claro, sua relação com Newt é o drama central do filme. Uma curiosidade é que, ainda nos anos 80, os filmes de ação e ficção eram dominados por homens, com raras exceções, como o clássico da ficção O Exterminador do Futuro, do próprio James Cameron, que tinha como protagonista feminina a atriz Linda Hamilton, que interpretava a icônica Sarah Connor. Pela sua atuação, Sigourney Weaver foi indicada ao Oscar de melhor Atriz, em 1987, a primeira indicação da história do cinema para uma mulher em uma produção sci-fi. Há também uma relação interessante entre Ripley e a rainha alien, muito comentada pelos fãs, o que deixa Aliens – O Resgate ainda mais “maternal”. Na sequência final, Newt é sequestrada por um dos xenomorfos e é levada para o ninho. Ripley consegue rastrear a garotinha, e é aí que a “alien queen” aparece pela primeira vez. Para conseguir escapar do ninho, a personagem ameaça queimar todos os ovos, e em uma cena muito interessante, a rainha manda (apenas com um sinal) que os xenomorfos se afastem e deixem Ripley e Newt escaparem. Essa sequência mostra as duas mães (Ripley e a rainha alien) protegendo seus filhos, e que é reforçado embate final entre as duas.


O elenco de coadjuvantes também se destaca, seja pelo lado bom ou ruim. Dos soldados da marinha, temos o sargento Apone (Al Matthews), o cabo Hicks (Michael Biehn) e os soldados Hudson (Bill Paxton), Vasquez (Jenette Goldstein), Drake (Mark Rolston), entre outros, além do androide Bishop (Lance Henriksen). Nenhum deles ganha um desenvolvimento adequado na trama – provavelmente porque James Cameron nunca soube fazer isso direito -, mas todos acabam conquistando o público pelo jeito de cada um, além de manterem uma amizade e camaradagem, fazendo piadas e zoando um do outro. Michael Biehn, que interpreta o cabo Hicks, é o mais centrado (diferente da maioria dos soldados), e acaba criando um vínculo forte com Ripley. Hudson (Bill Paxton, de Twister e Apollo 13, e que faleceu em 2017) é o mais histérico e chato de todos, mas ainda consegue ter um carisma enorme, assim como a durona Vasquez (Jenette Goldstein). Paul Reiser, que anos depois ganharia destaque na série Mad About You, interpreta o representante da Weyland-Yutani, Carter Burke, o vilão da vez, que pretende trazer os xenomorfos para a divisão de armas, e ainda tem o androide Bishop (Lance Henriksen). Em todos os filmes da franquia Alien, inclusive Prometheus e Covenant, tem um personagem androide, marca registrada da franquia, mas ao contrário de Ash (Ian Holm) de O Oitavo Passageiro, dessa vez Bishop não é o vilão.



No Brasil, Aliens – O Resgate foi lançado somente no início de 1987, e foi um sucesso de público, bilheteria, e aclamado pela crítica, faturando U$ 131 milhões pelo mundo, além das 07 indicações ao Oscar. James Cameron fez uma sequência tão boa quanto o original, ainda que sejam bem diferentes, expandindo a mitologia do xenomorfo e criando várias possibilidades para se criar uma franquia, a que conhecemos até hoje. Com mais monstros alienígenas, mais ação, mais emoção, mais efeitos especiais – e práticos também -, e a assustadora introdução da rainha dos xenomorfos, Aliens é um clássico da ficção e uma das melhores sequências já produzidas, mostrando todo o potencial para se tornar uma das franquias mais icônicas do cinema. Assim como aconteceu com Alien – O Oitavo Passageiro, foi lançado uma versão do diretor, com 17 minutos a mais. Na pós-produção, o filme acabou tendo uma duração de 154 minutos, o que era considerado muito longo para uma exibição no cinema. Contrariado pela FOX, Cameron acabou fazendo uma nova edição, resultando em um longa de 137 minutos.



ALIENS - O RESGATE (ALIENS)


Ano: 1986

Direção: James Cameron

Distribuidora: 20th Century Studios

Duração: 137 min/ 154 min

Elenco: Sigourney Weaver, Michael Biehn, Carrie Henn, Paul Reiser, Bil Paxton, Lance Henriksen e Jenette Goldstein.



NOTA: 10


Disponível no






VERSÃO ESTENDIDA


A versão estendida de Aliens foi lançada em 1991, que teve várias cenas cortadas na edição final para os cinemas, que variam de sequências mais longas, além de três cenas que realmente foram deletadas – essas já foram citadas durante a crítica -. Logo abaixo tem o vídeo com todas essas cenas.


- Antes de começar o julgamento de Ripley, a personagem está sentada em um banco com uma paisagem de floresta no fundo, que revela ser de uma tela gigante. Burke (Paul Reiser) chega até a sala e a prepara para o julgamento, mas a cena mostra que Ripley havia pedido informações sobre sua filha. O empresário revela que a sua filha, Amanda Ripley, tinha 66 anos quando faleceu, a dois anos atrás, e mostra uma foto dela. A mulher na foto é a mãe de Sigourney Weaver na vida real, a atriz inglesa Elizabeth Inglis.





- As outras duas cenas deletadas são uma sequência, e se inicia após o julgamento de Ripley, mostrando a tal colônia no LV-426 que foi mencionada anteriormente. Vemos as pessoas que trabalhavam lá, com destaque para o administrador da colônia All Sympson, interpretado por Mac McDonald, e o administrador de operações, Lydecker, que estão conversando sobre a corporação. Aparece também algumas crianças brincando no lugar. Depois, a cena é cortada para a parte externa do lugar, mostrando um veículo andando pela superfície do planetoide, e dentro está a família de Newt – o pai, a mãe e o irmão -. A cena os mostra encontrando a “space jokey”, a mesma nave alienígena do primeiro filme. Os pais de Newt decidem entrar na nave e investigar, porém, ao retornar, o pai da garotinha aparece com um “facehugger” no seu rosto.






- No final do julgamento de Ripley, o presidente da companhia dá a sentença final: ela perde a sua licença de oficial de voo, não responderá criminalmente por ter destruído a nave de carga Nostromo, mas terá que fazer uma avaliação psicológica por 6 meses.


- Uma das sequencias mostra a nave levando Ripley e os soldados com mais detalhes.


- Eufórico, Hudson (Bill Paxton) mostra para Ripley como ele e sua equipe são fortes e bem equipados com armas, e que ela pode se sentir segura.


- Há uma sequência onde os soldados da marinha usam uns “robôs sentinelas” que atiram quando algo se aproxima. Eles colocam em determinados locais. Essas cenas aparecem várias vezes.





- A conversa entre Ripley e Newt, no quarto onde elas vão descansar, é mais longa, onde ela conta para a garotinha que tinha uma filha.


- Na cena em que todos estão falando sobre a rainha alien, logo após Ripley questionar sobre “quem está colocando os ovos”, a conversa continua, mas na versão do cinema é cortada. Na sequência, Hudson comenta que pode ser uma rainha, igual as abelhas, que colocam os ovos e comandam tudo.


- No final, quando Ripley volta para buscar Newt, que havia sido levada por um xenomorfo, Hicks (Michael Biehn) e Ripley dizem os seus primeiros nomes: Dwayne e Ellen, enfatizando o vínculo que os dois criaram entre si.





VIDEO COM AS CENAS DELETADAS (SEM LEGENDAS)



SEQUÊNCIA DA RAINHA ALIEN

















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