ESPECIAL | ALIEN - O OITAVO PASSAGEIRO

Atualizado: 6 de ago.

Leia o especial do segundo filme, Aliens - O Resgate, aqui: https://www.omundodasetimaarte.com/post/especial-aliens-o-resgate

2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968) e Star Wars – Uma Nova Esperança (1977) foram dois filmes que marcaram a ficção cientifica nos cinemas, possibilitando o espectador imaginar como seria o universo e a possibilidade fazer viagens espaciais. Ambos os filmes eram mais focados na aventura, principalmente Star Wars, apresentando criaturas alienígenas de várias formas, onde a maioria eram amigáveis. Em 1979, Ridley Scott mudaria essa visão mais “light” que o público tinha em relação ao espaço com Alien – O Oitavo Passageiro, em uma trama tensa e repleta de suspense sobre um monstro alienígena que mata um a um os tripulantes da nave de carga Nostromo. Alien foi um enorme sucesso de público e critica naquele ano, arrecadando mais de U$ 104 milhões, além de ter sido indicado à dois Oscar: Efeitos Especiais (no qual venceu) e Direção de Arte. A produção acabou se tornando uma franquia com mais três filmes originais e dois prelúdios: Aliens: O Resgate (1986), dirigido por James Cameron, o complicado Alien 3 (1992), dirigido por David Fincher, e o bizarro Alien: A Ressurreição (1997), de Jean-Pierre Jeunet. Em 2012, Ridley Scott retornou ao universo do xenomorfo com Prometheus, e em 2017 com Alien: Covenant, onde ambos prometiam fazer uma ligação direta com o primeiro filme.

Após Covenant, o futuro da franquia ficou incerto: havia uma versão de Neil Blomkamp onde teria o retorno de Sigourney Weaver e Michael Biehn (o Hicks de Aliens - O Resgate), e a trama seria uma continuação direta do segundo filme, ignorando Alien 3 e Alien: A Ressurreição, mas a Disney (que comprou a FOX e os direitos da franquia) não mostrou nenhum interesse. Agora, foi confirmado um novo filme da franquia, sem os clássicos personagens, contando uma história totalmente nova e com novos personagens: Alien Romulus. Dirigido por Fede Alvarez, a trama no filme vai se passar entre os eventos de Alien: O Oitavo Passageiro e Aliens: O Resgate. Enquanto não é lançado o novo Alien, que tal revisitar os filmes da franquia? Esse primeiro especial é somente de Alien - O Oitavo Passageiro, e tem curiosidades, cenas deletadas e estendidas, e a versão do diretor, lançada em 2003. Farei com todos os filmes da franquia, aos poucos. Bora retornar para o espaço, onde ninguém consegue ouvir você gritar?

ALIEN - O OITAVO PASSAGEIRO (ALIEN)

Ano: 1979

Direção: Ridley Scott

Duração: 117 min - Versão de cinema | 119 min - Versão do diretor

Elenco: Sigourney Weaver, Veronica Cartwright, Tom Skerrit, Harry Dean Stanton, Iam Holm, Yaphet Kotto e John Hurt

NOTA: 10

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A trama se passa em 2122, e acompanha os tripulantes da nave de carga Nostromo, que estão voltando para a Terra. Porém, eles têm a sua rota alterada para investigar uma transmissão desconhecida vinda do planetoide LV-426. Kane (John Hurt), Dallas (Tom Skerrit) e Lambert (Veronica Cartwright) descobrem uma outra nave espacial que caiu no local, e após a investigação, Kane retorna para a Nostromo com algo grudado em seu rosto. Mais tarde, uma criatura alienígena chamada de xenomorfo aparece e começa a matar um a um os tripulantes. Sigourney Weaver, Harry Dean Stanton, Iam Holm e Yaphet Kotto também estão no elenco.

Diferente dos outros filmes da franquia, Alien: O Oitavo Passageiro é o mais parado em termos de ação, mas isso não o torna entediante. E muitas vezes, o enredo foi comparado a um slasher, mas que focava mais nos personagens. O roteiro de Dan O'Bannon é simples, mas muito bem desenvolvido, tanto na história quanto nos personagens, e apesar do xenomorfo aparecer somente depois de quase uma hora de projeção, Ridley Scott mantém o espectador preso na trama a todo instante, seja pelo mistério sobre o lugar ou os cenários (parte técnica), que falarei logo mais adiante. A primeira parte, quando os personagens estão investigando o planeta e tudo o que acontece, é repleta de suspense, além do visual impressionante, ainda mais para a época do lançamento. Já na segunda parte, quando o xenomorfo aparece, Scott não dá uma trégua para o espectador, é uma morte atrás da outra, nada gráfico e com muito sangue, mantendo o suspense e criando situações tensas da forma mais simples possível.

A parte técnica é outro grande destaque de Alien - O Oitavo Passageiro, e não é atoa que a produção foi indicada ao Oscar de Efeitos Especiais (venceu) e Direção de Arte. Primeiro conhecemos o interior da nave Nostromo, que apesar de parecer bem ultrapassado para os tempos atuais, principalmente os computadores, ainda impressiona pela criatividade e o estilo futurista, ainda mais se levar em consideração que o filme foi lançado nos anos 70. Logo no início dos créditos iniciais, temos uma longa introdução à nave, mostrando os mínimos detalhes, seja no lado de fora, ou o interior. Mas o visual mais impactante é quando a tripulação investiga a tal nave alienígena (a Space Jokey) que eles encontram no LV-426. Derek Vanlint, Michael Seymour e H. R. Giger realizaram um trabalho impecável, totalmente detalhista e impressionante, criando um ambiente hostil e assustador que deixa o espectador cada vez mais intrigado com a história.

H. R. Giger foi um artista plástico que sempre trabalhou no cinema, usando a estética do surrealismo e da arte fantástica, sendo ele o principal responsável por criar o design da Space Jokey. Mas também, o artista suíço foi o grande criador do xenomorfo e todo o seu desenvolvimento, desde o ovo, o hospedeiro, e o alien em si. Foi um trabalho realmente incrível e que impressionou toda a equipe, no qual ele acabou ganhando o Oscar de Efeitos Especiais. A assustadora criatura era uma “fantasia”, e foi usada por Bolaji Badejo, um artista nigeriano de mais de 2m de altura, sendo esse o seu único trabalho na franquia, e no cinema. Badejo faleceu em 1992.

O roteirista Dan O'Bannon conseguiu desenvolver muito bem os seus personagens, e esse é outro ponto forte da produção, criando personagens fáceis de ter empatia – alguns, porque outros é de ódio mesmo -. O roteiro cria uma leve discussão sobre o salário de cada tripulante e um pouco sobre sexismo, mas todos são tratados da mesma forma, separados apenas pela hierarquia. E o interessante é que, durante o filme todo, não sabemos realmente quem é o protagonista, e todos acabam sendo coadjuvantes, ou os protagonistas, dependendo da visão de cada um. Sabemos que Ellen Ripley, considerada uma das maiores personagens do cinema e que foi interpretada por Sigourney Weaver, é a protagonista da franquia toda, com exceção de Prometheus e Alien Covenant. Mas em toda a primeira parte, Ripley é colocada em segundo plano, e acaba tendo menos destaque, ainda que opinava em muitas coisas sobre tudo o que estava acontecendo. Mas na segunda parte, após a aparição do xenomorfo, e com os outros personagens morrendo, Ripley vai crescendo e ganhando destaque na trama, se tornando a verdadeira protagonista. A escolha de Sigourney Weaver para interpretar Ripley foi certeira, fazendo com que a produção se sobressaísse entre as outras do gênero, já que grande parte dos filmes de ação/ficção eram protagonizadas por homens; e Ripley foi o primeiro papel da atriz no cinema.

Veronica Cartwright interpreta Lambert, onde inicialmente teria feito o teste para interpretar Ripley. Lambert é uma mulher mais frágil, e segundo a atriz, sua personagem era mais emocional porque ela representava o medo que o público tinha. Harry Dean Stanton, que faleceu em 2017, interpretou o divertido Brent, e junto com o seu colega Parker (Yaphet Kotto, falecido também), protagonizavam situações divertidas, sempre pedindo um aumento de salário. O interprete de Parker chamou a atenção dos produtores, e de Ridley Scott, após dar vida ao vilão Mr. Big em 007 – Viva e Deixe Morrer, lançado em 1973. Completam o elenco Tom Skerrit, que interpretou o comandante Dallas, também já falecido, Iam Holm, que deu vida ao misterioso cientista Ash (que esconde um segredo), e John Hurt, o Kane, que retornou com o facehugger grudado no rosto. Aliás, uma curiosidade: no início do filme, quando conhecemos o interior da nave Nostromo e os personagens acordam na câmara de criogênio, Kane é o primeiro a se levantar, e curiosamente ele é o primeiro a morrer. Iam Holm e John Hurt também faleceram, e atualmente, só Sigourney Weaver, Veronica Cartwright e Ridley Scott estão vivos.

Alien - O Oitavo Passageiro tem cenas clássicas que marcaram o cinema, mas uma em especial deu o que falar na época, sendo reproduzida em vários filmes e séries, e tem até uma história curiosa: a cena do jantar quando o xenomorfo sai de dentro do peito de Kane. Ninguém esperava que isso ia acontecer, e acabou pegando de surpresa o público todo. Mas não foi somente o público, e sim o próprio elenco também. Ridley Scott avisou que alguma coisa ia acontecer, mas não disse o que, e nem como. Quando o alien sai de dentro do peito, jorra sangue para todo lado, e acaba atingindo alguns integrantes do elenco, principalmente Lambert (Veronica Cartwright), e a câmera acabou pegando a reação dela. Em entrevistas, ela disse que a reação que teve foi real, e que ninguém do elenco sabia realmente o que ia acontecer.

Ridley Scott, e o roteirista Dan O'Bannon, não explicam de onde veio a “Space Jokey”, os seres que vivem na nave alienígena, e a origem do próprio xenomorfo – sabemos apenas que os ovos já estavam lá -, fato que só iriamos descobrir (em partes) 30 anos depois, com o lançamento de Prometheus (2012) e Alien – Covenant (2017). Alien – O Oitavo Passageiro é um dos maiores clássicos da ficção cientifica do cinema, imortalizando Ellen Ripley como uma das maiores protagonistas de todos os tempos, e apresentando um monstro alienígena aterrorizante – o xenomorfo -, que pode aparecer a qualquer hora e em qualquer lugar. Pode não parecer ser muita coisa, mas só pelo fato de você estar no espaço, preso em uma nave espacial, sem nenhum lugar para ir, com um alienígena solto, aliado com uma direção de arte irretocável, e a intrigante trilha sonora composta por Jerry Goldshimtt, fazem de Alien – O Oitavo Passageiro um filme realmente assustador. É uma história simples, onde o xenomorfo aparece poucas vezes, mas em momentos certeiros, além de ter um ritmo mais lento, mantendo o suspense e o mistério todo o tempo, com plot twists e várias surpresas durante a projeção. Um clássico.

O CICLO DE VIDA DO ALIEN

O OVO:

"Ovomorph" é o estagio inicial, quando a rainha alien coloca o ovo, onde dentro se desenvolve o "facehugger"

FACEHUGGER:

É o parasita que sai de dentro do ovo, ele precisa encontrar um hospedeiro para injetar o embrião do alien. Depois desse processo, a criatura já evoluída sai pela caixa torácica do hospedeiro, e a pessoa morre.

CHESTBURSTER:

É o xenomorfo (alien) bebê, que sai de dentro do peito da vítima, matando-a instantaneamente. O seu crescimento é rápido.

XENOMORFO:

O alien já em sua forma adulta. No filme de 1979 ele é apenas um monstro só, mas no segundo filme, Aliens - O Resgate, ele faz parte de um hierarquia, que será explicada futuramente no filme.

ALIEN - O OITAVO PASSAGEIRO | VERSÃO DO DIRETOR

Lançado em 2003 nos cinemas americanos, a versão do diretor, em sua maior parte, tem segundos adicionais em algumas sequências, além de outras cenas deletadas na versão final. Além disso, várias cenas, incluindo as do espaço (fora da nave) foram retocadas, aumentando a qualidade gráfica do filme. Segue algumas cenas mais relevantes que apareceram na versão do diretor.

- Quando a tripulação está na cabine de controle tentando descobrir a origem do sinal, há uma sequencia em que eles ouvem a transmissão, que é somente sons estáticos, mas que parece ser uma voz.

- Após o retorno de Kane, Dallas e Lambert para a Nostromo, quando Kane já está com o “facehugger” grudado rosto, toda a equipe está na enfermaria. Logo depois, Ripley desce até o local, e Lambert, que está irritada, troca tapas e empurrões com ela. Na versão original, essa cena é cortada, já com Ripley na enfermaria e Lambert emburrada no canto. Para quem não lembra, a tenente Ripley não queria deixar os três entrarem na nave por causa do protocolo de quarentena.

- Depois que o bebê alien sai de dentro do peito de Kane, e foge, a tripulação se divide em duas equipes para procura-lo. Uma das equipes é Ripley, Parker e Brett, que encontram o gato deles, Jones, mas que foge também. Brett vai sozinho atrás do bichano, e aí seguem duas sequencias diferentes. A primeira, mostra o xenomorfo, já adulto, pendurado em umas correntes no teto, mas como o público ainda não sabia como era a concepção do alienígena até então, passou despercebido (ou pelo menos era essa a intenção), já que o lugar todo tinha coisas estranhas. A segunda, quando o alien ataca Brett, Ripley e Parker chegam segundos depois de ele sumir, com o sangue de Brett caindo neles. Na versão do cinema, essa cena toda é cortada, mostrando apenas o rosto do gato enquanto Brett grita. Tem uma versão estendida da morte do Brett - tem a cena toda em vídeo -, mais assustadora e impactante.

- A cena deletada mais famosa da produção é a do ninho do xenomorfo, que só iria aparecer em Aliens – O Resgate (1986), e se tornaria famosa em toda a franquia. Quem assistiu os outros filmes, sabe que, na maioria das vezes, os aliens não matam os personagens, apenas os sequestram e levam para o ninho deles. Aí, quando o “facehugger” sai do ovo, gruda no rosto do hospedeiro para injetar o embrião, que posteriormente, sai de dentro do peito da vítima e cresce, se tornando o xenomorfo. Na cena deletada, após Ripley ativar o botão de destruição da nave, ela desce pelas escadas, e encontra o tal ninho. Nele, estão Dallas e Brett grudados na parede, com os ovos próximos a eles. Dallas, que ainda estava vivo, pede para Ripley mata-lo, usando o lança-chamas e queimando todo o ninho.

CENAS DELETDAS E ESTENDIDAS

Segue abaixo os vídeos das cenas deletadas e estendidas, e as cenas completas das mortes de Brett, Parker e Lambert, além da sequência completa do ninho do xenomorfo. Ainda, tem um vídeo (em inglês) com as diferenças entre a versão do diretor e a do cinema.