Segue abaixo a crítica dos dois filmes da franquia A Profecia, o original e a refilmagem, e logo depois, curiosidades sobre as maldições que envolveram a produção do primeiro filme.
A PROFECIA (2006)
Os anos 70 e 80 tiveram grandes clássicos do cinema, que no caso aqui, evidencio os filmes de terror: O Exorcista, Horror em Amytiville, O Bebê de Rosemary, Halloween, A Profecia, Cemitério Maldito, Fog – A Bruma Assassina, e muitos outros. Praticamente, todos esses clássicos do horror tiveram as temidas refilmagens, onde algumas deram certo, mas a maioria não; tão temidas quanto as continuações de O Exorcista e A Profecia, por exemplo, ou voltando mais no tempo, as de Psicose (1960). Trazer filmes que marcaram uma geração, para os tempos de hoje, parece ser uma boa ideia, se fosse bem-feita, claro, mas na maioria das vezes não funciona.
Além da mania e Hollywood querer produzir refilmagens, a indústria tem a mania de lançar filmes de terror em datas especificas, como em uma sexta feira 13, e no dia 31 de outubro, o Halloween; e tem sim um grande público que vai até o cinema assistir. Eis então que foi lançado, lá em 2006, a refilmagem de um outro clássico do gênero, A Profecia, sobre uma criança que é a encarnação do anticristo na Terra. A distribuidora do filme, a FOX, resolveu ser bem dramática, e decidiu lançar sua produção em uma data que não podia ser em nenhuma outra, pelo menos, não nos próximos cem anos: 06 de junho de 2006, que colocando em números, ficaria 06/06/06, o fatídico número 666, o número do diabo. Talvez não seja só por essa data especifica, mas também, porque nesse mesmo ano, o filme original completou 30 anos de lançamento; mas data poderia ter sido outra. O novo A Profecia, dirigido por John Moore, cria uma atmosfera totalmente diferente do original, que acaba não funcionando, e mantém a mesma linha narrativa do clássico, com algumas poucas mudanças. No elenco estão Liev Schreiber, Julia Stiles, David Thewlis, Pete Postlethwaite, Mia Farrow, e Seamus Davey-Fitzpatrick.
A trama é a mesma do original de 1976 – um casal no ramo politico perde seu bebe recém-nascido, e eles acabam “adotando” um outro bebê, o Damien, que acaba revelando ser o anticristo, provocando mortes ao seu redor. Além disso, a produção recria as mesmas mortes, pouco melhoradas por causa da tecnologia atual, e uma especifica que mudaram, quando a babá, a assustadora (não nessa refilmagem) sra. Baylock, visita a mãe do garotinho no hospital, tornando essa cena mais plausível; mas sem o mesmo impacto. Esse remake de A Profecia não tem o mesmo clima e a ambientação apavorante do original, assim como a marcante trilha sonora composta por Jerry Goldsmith, com corais de cantos gregorianos, mas há alguns pontos positivos a serem discutidos. Para quem gosta de sustos fáceis (um clichê que as vezes é legal), tem alguns, que envolvem aparições sinistras, e o ritmo é um pouco melhorado. A antológica cena quando Damien derruba sua mãe do segundo andar, é mais elaborada, e perturbadora, e a cena final, quando Robert enfrenta a sra. Baylock, é bem fraca, mas a sequencia seguinte acaba se tornando mais chocante do que a original, e olha que são idênticas.
Em relação aos personagens, e os atores, o original é infinitas vezes melhor. O lendário Gregory Peck interpretava o pai de Damien, que agora, fica nas mãos do mediano Liev Schreiber, o Cotton Weary da trilogia Pânico, e é o melhorzinho entre o elenco, mesmo sem muita expressão, e nem vou mencionar muito sobre Julia Stiles, fraquíssima no papel da esposa de Robert. Mia Farrow, outra atriz lendária de antigamente, que interpretou Rosemary, no clássico de Roman Polanski, O Bebê de Rosemary, é a nova sra. Baylock, e infelizmente, não chega aos pés da personagem interpretada por Billie Whitelaw, que era bem assustadora; mas na sequencia final, melhora um pouco. Tem ainda o tal repórter que se mete onde não é chamado, e acaba se dando mal, David Thewlis, e por fim, o temido Damien, interpretado por Seamus Davey-Fitzpatrick, com aquele olhar que parece estar sempre emburrado, e não fala nada, só berra, e é muito eficiente em parecer estranho. Porém, o Damien da versão antiga tem muito mais cara de demônio do que esse.
O novo A Profecia não é tão ruim quanto falam, só não tem o mesmo clima sombrio do original, e as icônicas cenas das mortes são melhoradas, mas de forma geral, as do filme de 1976 são melhores. Tem os sustos (e a sempre presente aparição no espelho), efeitos especiais melhorados, e a dinâmica é mais ágil, falhando nos personagens fracos e nada marcantes. Realmente, A Profecia não precisava de um remake, mas pelo menos, é melhor do que muitos que tem estreado. O final deixa aberto para uma continuação, que nunca teve. Já o original, teve duas.
CURIOSIDADE: O ator que interpretou Damien no filme de 1976, Harvey Spencer Stephens, apareceu em uma curta participação especial, como um dos repórter. (Veja na foto abaixo).
A PROFECIA (THE OMEN)
Ano: 2006
Direção: John Moore
Elenco: Liev Schreiber, Julia Stiles, David Thewlis, Pete Postlethwaite, Mia Farrow, e Seamus Davey-Fitzpatrick
NOTA: 7,0
Disponível no STAR +
A PROFECIA (1976)
A versão original de A Profecia é considerada uma das melhores produções do gênero do cinema, junto de outros clássicos, como O Exorcista, e O Bebê de Rosemary. Ambos os três filmes têm temáticas mais religiosas, envolvendo figuras satânicas, o diabo, o bem e o mal, além de terem chocado toda uma geração, principalmente O Exorcista. The Omen, no original, foi dirigido por Richard Donner, de Superman – O Filme (1978), Os Gonnies (1982), e os filmes da franquia Máquina Mortífera, é um pouco menos polêmico que o clássico de William Freidkin (O Exorcista), mais contido, e com mais suspense, mas impactante da mesma forma, pelo menos para a época. Na trama, o embaixador americano Robert Thorn (Gregory Peck), e sua esposa Katherine (Lee Remick), dão à luz ao seu primeiro filho, que acaba morrendo. Sem sua esposa saber, Robert adota uma outra criança, Damien (Harvey Spencer Stephens), que, anos depois, acaba se revelando ser a encarnação do anticristo na Terra. David Warner e Billie Whitelaw completam o elenco.
A Profecia tem um ritmo mais lento, com longas pausas entre um acontecimento e outro, e parece que o filme se estende demais, mas isso é normal dos filmes antigos. A trama é interessante, com um tom mais investigativo – talvez por isso seja menos dinâmico -, mas é interessante, e prende a nossa atenção em descobrir quem é Damien, e sua origem. Richard Donner não poupa o espectador com mortes gráficas, mas nada com sangue explicito, dando um impacto maior, e parecendo mais real: temos cenas de enforcamento, decapitação, objetos atravessando corpos, e por aí vai. A fotografia de A Profecia ajuda a dar um tom mais assustador, e sombrio, cenários das cidades, campos, cemitérios, e ruinas, com tons mais escuros, e aliados a isso, tem a arrepiante trilha sonora, principalmente quando tem algum acontecimento, com corais masculinos e músicas góticas, aumentando o impacto das cenas. A trilha foi criada pelo lendário Jerry Goldsmith, que acabou ganhando um Oscar por esse filme.
Gregory Peck está ótimo no papel do embaixador, e consegue mostrar a sua dúvida se Damien realmente é o anticristo – obviamente, sabemos que é -, e de tudo o que acontece com ele. Lee Remick também se destaca no papel da mãe do garotinho, e acaba se tornando o lado mais sensível da história, mostrando bem a sua angustia em relação ao seu filho. Mas os méritos vão para Harvey Spencer Stephens, o Damien, e Billie Whitelaw, a nova babá dele. Damien, que nasceu as 6h da manhã, no dia 6 de junho (mês 6), é mais uma das crianças malvadas do cinema, e o ator mirim consegue definir muito bem o lado fofinho, do seu lado maléfico, usando as expressões no seu rosto, e convence; sabemos que ele é o anticristo, mas é tão bonitinho ao mesmo tempo, assim como toda criança malvada dos filmes. Billie Whitelaw é a nova babá de Damien, sra. Baylock, uma misteriosa seguidora do menino-diabo, que passa uma sensação assustadora, marcando presença em todas as cenas que aparece. E fechando o núcleo principal, ainda tem David Warner, o fotografo que ajuda o personagem de Gregory Peck na investigação. O ator foi o capanga de Billy Zane, no filme Titanic, de James Cameron.
A Profecia é um filme que marcou época, quando foi lançado nos cinemas, impactando o público com as mortes gráficas, que hoje em dia, já não são tanto assim, mas é considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, um clássico do gênero. Mas claro, por ser um filme de quase 50 anos atrás, a dinâmica é bem diferente. Richard Donner faz um filme interessante, sem exageros, com cenas clássicas do terror, e uma ambientação nostálgica, e assustadora. A profecia ganhou duas continuações, sendo que no segundo, Damien é adolescente, e no terceiro, já adulto, cumprindo a sua missão de se tornar um político renomado e espalhar o mal, interpretado por Sam Neil.
A PROFECIA (THE OMEN)
Ano: 1976
Direção: Richard Donner
Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, Harvey Spencer Stephens, David Warner e Billie Whitelaw
NOTA: 9,0
A Profecia não está disponível em nenhum serviço de streaming.
CURIOSIDADES SOBRE A "MALDIÇÃO" QUE ASSOMBROU A PRODUÇÃO DO FILME ORIGINAL DE 1976.
Assim como muitos outros filmes de terror de antigamente (Poltergeist, O Exorcista), A Profecia também teve alguns problemas durante a produção, com algumas situações estranhas, e até mortes. Confira abaixo o que aconteceu.
MORTE - Logo após o ator Gregory Peck aceitar o papel para interpretar o embaixador Robert Thorn, pai de Damien (Harvey Spencer Stephens), o seu filho, na vida real, Jonathan Peck, se matou com um tiro na cabeça, aos 30 anos.
AVIÃO - Gregory Peck estava em um voo comercial, quando um raio atingiu o avião, e a mesma coisa aconteceu com o produtor, Mace Neufeld, em um outro avião. Ainda, um outro trágico acidente aconteceu, um voo que levava uma parte da equipe do filme acabou caindo, matando todo mundo.
ATENTADOS - O hotel onde o diretor Richard Donner se hospedou, sofreu um atentado de um grupo terrorista Irlandês, assim como um restaurante onde ele, e sua equipe, iam jantar.
ATAQUE DOS CÃES - Gregory Peck (de novo!) foi realmente mordido pelo cachorro na cena do ataque no cemitério, e também, um outro membro da produção foi mordido por um outro cachorro.
ACIDENTES DE CARROS - Richard Donner foi atropelado por um carro durante as filmagens, e os acidentes não pararam por ai. Vários membros da equipe também tiveram acidentes parecidos, mas o mais bizarro foi após o lançamento do filme: o diretor de design, John Richardson, e sua esposa Liz Moore, sofreram um grave acidente de carro, onde ele acabou se salvando, porém, sua esposa morreu na hora, decapitada. No filme, o repórter que ajuda Robert Thorn na investigação, morre decapitado também.
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