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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

ESPECIAL | A COISA - 1982/2011

Atualizado: 6 de out. de 2021


Em 1951, foi lançado o filme O Monstro do Ártico (The Thing From Another World), que mostrava um grupo de cientistas que encontra uma nave espacial no Polo Norte, onde vive um humanoide de vegetal evoluído. O filme tem uma crítica política sobre o temor de uma invasão comunista, e foi baseado em um conto chamado "Who Goes There?", publicado em 1938. Nessa mesma década, em 1956, estreava Vampiros de Almas (Invasion Of The Body Snatchers), que mostrava uma pequena cidade sendo invadida por seres alienígenas, onde as pessoas eram infectadas ao serem expostas a um vegetal, um casulo, e se transformavam em "cópias" sem sentimentos. Vampiros de Almas teve a mesma crítica política que O Monstro do Ártico.


Três décadas depois, foi lançado O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), dirigido por John Carpenter, que tinha ficado famoso por dirigir o clássico Halloween (1978) e Fog - A Bruma Assassina (1980). The Thing foi inspirado no longa de 1951, O Monstro do Ártico, mas com muito mais sangue e cenas nojentas. Trinta anos depois, em 2011, um prelúdio foi lançado, contando a história do grupo de Noruegueses da estação de pesquisas que aparece no filme de 1982, tendo uma ligação direta. Todos esses filmes têm um ser alienígena que ataca suas vítimas, copiando-as. Nesse especial, saiba mais sobre sobre as duas versões de The Thing, e suas semelhanças, além das cenas deletadas e alternativas de cada uma das versões.







ENIGMA DE OUTRO MUNDO (THE THING)


Ano: 1982

Direção: John Carpenter

Elenco: Kurt Russel, Keith David, Charles Hallahan, Richard Massur.



NOTA: 9,0










O Enigma de Outro Mundo foi um fracasso de bilheteria e massacrado pela crítica, onde todo o seu potencial foi descartado, e logo foi esquecido. Anos mais tarde, foi considerado um filme Cult e um dos melhores filmes de horror do cinema, conseguindo assim, o sucesso merecido. Os especialistas afirmam que o que levou o filme ao fracasso, foi porque mostrou cenas nojentas e criaturas repugnantes, e o público se assustou com isso; além de que no mesmo ano, já tinha sido lançado o clássico de Spielberg, E.T. - O Extraterrestre. The Thing é considerado uma refilmagem de O Monstro do Ártico, de 1951, além de ter semelhanças com Vampiros de Almas (1956) e sua refilmagem, Invasores de Corpos (1978), mas com muitos elementos de filmes B. E ainda, seguiu a linha de filmes de monstros alienígenas, iniciada com Alien, de 1979.


A história se passa em um centro de pesquisas americano na Antártida, em 1982, onde um helicóptero aparece atirando em um cachorro que está fugindo. Sem entender nada, a equipe abriga o cachorro e começam a investigar o que está acontecendo. Eles descobrem uma base norueguesa que havia encontrado algo preso no gelo a mais de mil anos atrás. Nessa local, a equipe encontra uma criatura de duas cabeças e a levam para estudar. Durante a investigação, o cachorro que a equipe abrigou se transforma em uma criatura deformada, e após análises, descobrem que o cachorro era portador de um parasita alienígena, e ainda, que alguns deles podem ter sido infectados, já que esse ser imita as células humanas e se "esconde" dentro do hospedeiro. Sem saber em quem confiar, o clima de paranoia toma conta deles, e a equipe terá que impedir que a criatura fuja do lugar e se espalhe pelo mundo.


Enigma de Outro Mundo tem suspense e mistério o tempo todo, com muitas reviravoltas no enredo, e a sombria e assustadora fotografia do centro de pesquisas, que dá um clima de claustrofobia, com pouca luz e lugares escuros; a tensão garantida. Junta tudo isso com a ótima trilha sonora de Ennio Morricone, e o resultado é um assustador e arrepiante filme de horror. Todos esses elementos são o maior acerto do filme, mas o que mais chama a atenção são as cenas grotescas com as criaturas. John Carpenter não poupou o público e nos apresentou cenas nojentas, que incluem pele humana sendo puxada e rasgada, partes do corpo criando garras, dentes e pernas, gosmas e pus saindo de tudo que é parte, além de uma autópsia do monstro, mostrando os órgãos. A maquiagem e os robôs criados (os efeitos "animatrônicos") para fazer as criaturas são excelentes, muito mais assustador e real do que os efeitos de computador (CGI). Além disso, ainda tem os gritos arrepiantes das criaturas, parecidos com sons eletrônicos.



A criatura do filme não tem uma forma definida e isso se torna mais assustador. Os cientistas da base norueguesa descobriram uma nave espacial enterrada há milhões de anos, e uma criatura congelada alguns metros adiante. O cachorro que escapou dessa base norueguesa estava infectado por uma espécie de parasita, que em contato com algum ser vivo, faz uma cópia idêntica desse ser, invadindo as células humanas. Uma pessoa infectada se transforma em uma criatura deformada e ataca a outra pessoa, passando o parasita, e depois voltando ao normal. A pessoa infectada passa por uma transformação até que as células sejam todas copiadas, para depois se transformar na mesma pessoa. Após a cópia do organismo terminar, é difícil saber quem é a criatura, mas um dos personagens cria uma teoria de que cada parte do corpo é um ser individual, e ele reagiria se fosse ameaçado. Por isso, usaram um fio quente e colocaram em contato com o sangue, fazendo o sangue reagir em contato com o calor.


Indiretamente, ou não, o Enigma de Outro Mundo toca em um dos maiores medos do ser humano, principalmente na época do lançamento: perderem o controle de si próprio e de suas escolhas. Isso é mostrado na desconfiança dos personagens por não saberem quem é a criatura, e em quem confiar, a não ser neles mesmos, e tudo isso em uma época de vários conflitos mundiais. O ambiente também faz aumentar o medo e a paranoia do filme: além dos corredores escuros, tem o fato de os personagens estarem no meio da Antártida, cercados por uma tempestade. Se saírem do centro de pesquisas, terão que enfrentar o frio e a nevasca, e poderão facilmente se perder e até morrer. Por isso, ficar ali e enfrentar os perigos é a melhor opção. Todos os atores estão ótimos em cena, conseguindo passar muito bem todo o clima de desconfiança, e realmente se nota isso. Por mais pequeno que seja o papel de alguns personagens, eles também se destacam e são igualmente importantes. Fato curioso é que não existe nenhum personagem feminino, somente a voz do computador é de uma mulher, que aparece no início do filme quando o personagem de Kurt Russel está jogando xadrez. Todos são suspeitos, incluindo o personagem principal, e qualquer um pode ser a criatura.



O filme termina com uma brecha para uma continuação, onde alguns personagens sobrevivem, não vou falar quais são, e fica a dúvida: será que algum deles se tornou a criatura? Se sim, qual deles? The Thing é um dos melhores filmes de horror do cinema, e é uma referência para outros filmes que surgiram. Junta o clima de desconfiança, com o fato de estarem isolados no meio do nada e com as ótimas atuações dos personagens, além de uma história envolvente cheia de suspense e mistério, Enigma de Outro Mundo vai te deixar assustado até o final. Infelizmente, não fez sucesso na época do lançamento, mas pelo menos foi reconhecido como um dos melhores filmes do cinema.



TRAILER




ASSISTA DUAS CENAS DO FILME. Sem legenda.


| CENA DA TRANSFORMAÇÃO DO CACHORRO NA CRIATURA |

A transformação acontece a partir de 1 minuto.





| CENA DO TESTE DE SANGUE PARA DESCOBRIR QUEM ESTÁ INFECTADO |

A transformação acontece a partir dos 5 minutos.












A COISA (THE THING)


Ano: 2011

Direção: Matthijs van Heijningen Jr.

Elenco: Mary Elizabeth Weinstead, Joel Edgerton, Eric Christian Olsen, Ulrich Thomsen.



NOTA: 8,0












Não é de hoje que Hollywood faz refilmagens de grandes filmes do cinema: Enigma de Outro Mundo, DE 1982, é uma refilmagem, ou uma nova versão, do filme de 1951; Vampiros de Almas teve três versões diferentes. Mas foi a partir dos anos 2000 que o "remake" ganhou forças, e continua até hoje. Além das refilmagens, existe ainda a "brilhante" ideia de contar a origem de alguns personagens ou das histórias dos filmes, totalmente desnecessária em vários casos. Lançado em 2011, A Coisa foi anunciado como uma refilmagem do clássico de Jonh Carpenter, mas logo os produtores perceberam o erro catastrófico que ia ser, então mudaram o rumo da história, e acabou se tornando um prelúdio, ou "prequel". O novo filme conta os acontecimentos anteriores ao do filme de 1982, mostrando o que aconteceu com os cientistas da base norueguesa.


A história de A Coisa se passa poucos dias antes dos acontecimentos da base americana, em Enigma de Outro Mundo. Uma base norueguesa descobre uma nave espacial enterrada no gelo, na Antártida, há mais ou menos 100 mil anos, e uma espécime congelada a poucos metros do lugar. A paleontologista Kate (Mary Elisabeth Weinsted) é contratada para escavar e estudar essa espécie, junto com a equipe de cientistas liderada pelo Dr. Sander (Ulrich Thomsen), na base norueguesa no meio da Antártida. A criatura escapa do bloco de gelo, e Kate descobre que as células dele ainda estão vivas, e que são capazes de copiar outras células, fazendo cópias perfeitas de seres vivos. Ainda, descobre que alguns dos cientistas da base podem estar infectados por essa bactéria, e ela vai ter de descobrir quem está infectado antes que essa coisa fuja para a civilização.



Se no filme de 1982 tinha bastante suspense e mistério, nesse prelúdio acontece o oposto. Não é só pelo fato de a gente já saber o que é "a coisa" e tudo o que acontece, mas também pelo uso do cenário: no original havia os corredores escuros e sombrios, nesse são todos iluminados demais, acabando com todo o suspense e a claustrofobia que o primeiro passava. A desconfiança e as brigas dos personagens, na versão de 82, eram praticamente durante o filme todo; aqui, isso acontece pouco e não tem quase nenhuma tensão. Além disso, A Coisa usou os efeitos de CGI, de computador, tornando o monstro falso e nada amedrontador, acabando com todo o horror que o Enigma de Outro Mundo tinha. Mas, com o uso dessa tecnologia, o filme mostrou bem detalhada a criatura, podendo trabalhar com muito mais facilidade nas transformações; ainda que elas sejam um pouco falsas e pode se notar muito bem o uso do CGI.


O enredo e a história são praticamente os mesmos da versão de 1982, mas contam com algumas mudanças. No longa original, só haviam personagens masculinos na história, e agora, colocaram duas mulheres, sendo uma a protagonista, Kate Loyd (Mary Winstead). A atriz está ótima no papel, e apresenta uma Kate forte que enfrenta o ser alienígena, o frio e um chefe babaca, além de estar numa base presa com vários homens. Tem também o famoso teste para saber quem está infectado pela criatura. No original, eles usaram sangue dos personagens e testaram com um fio quente; nessa versão, o teste é feito pelas obturações nos dentes, já que a criatura não consegue copiar material orgânico. Isso faz muito sentido, mas acabou com todo o suspense e a revelação de quem estaria infectado e se transformaria. Com o uso do CGI nessa nova versão, a criatura transformada consegue ir atrás dos personagens pelos corredores, fato que no original não acontecia.


Há também várias semelhanças, onde algumas são um tipo de "homenagem" ao original, e principalmente no final, fazendo ligação direta com o filme de John Carpenter. Em ambos tem uma cena de autópsia da criatura, sendo que no original é a criatura com duas cabeças grudadas, e no prelúdio é a criatura que estava presa dentro do gelo. No filme de 1982, em uma cena de transformação, o lança chamas de MacReady (Kurt Russel) falha várias vezes; a mesma situação acontece com o personagem de Joel Edgerton. O ambiente também lembra bastante a base americana do primeiro filme, assim como o personagem Lars (Jorgen Langhele). Ainda tem alguns detalhes interessantes, como o logotipo da Universal exatamente como era na época, e a música dos anos 80 que Kate ouve na rádio; um detalhe para reforçar que o filme se passa décadas atrás.



Apesar de algumas diferenças, A Coisa repete passo a passo os acontecimentos do filme original, e acaba pecando na ausência do elemento surpresa, e no suspense. Conhecemos com mais detalhes a nave espacial do ser alienígena, e o embate final com a criatura se passa por lá. É interessante, mas nem se compara com a luta final no subsolo do original, além de que, nessa nova versão, o monstro morre muito fácil. Assim como no filme de 1982, alguns personagens sobrevivem, mas sem o mistério do original, e fico imaginando agora, se os sobreviventes dessas duas versões se encontrassem num terceiro filme? Por se tratar de um prelúdio, o filme faz uma ligação direta com o original, e muito bem planejada, deixando todas as evidências em seus devidos lugares, exatamente como a equipe de MacReady, em Enigma de Outro Mundo, encontrou na base norueguesa. Tudo é muito bem explicado e as ligações fazem muito sentido, se tornando bem interessante para quem já tinha visto a versão original. A Coisa acaba ficando bem inferior ao original, já que não tem o suspense, o mistério, as reviravoltas e a tensão da versão de 1982, além de usar muito os efeitos de CGI, deixando as cenas bem artificiais. Mas não é um filme ruim e tem vários pontos positivos, e no fim, não vai empolgar tanto os fãs mais "fiéis" do original.



VEJA AS SEMELHANÇAS ENTRE AS DUAS VERSÕES, E A CONEXÃO QUE O FILME DE 2011 FAZ COM O ORIGINAL DE 1982.


1 | A cena do teste para saber quem não é humano. Na primeira, a versão de 2011, o teste é feito com as obturações nos dentes, já que o ser não consegue copiar material orgânico. Na de baixo, a versão de 1982, o teste é feito com amostras de sangues dos personagens, que entram em reação de defesa ao serem atacados, no caso, com o calor.



2 | O bloco de gelo: Na primeira foto, a equipe de MacReady vai até a base norueguesa destruída e encontra um bloco de gelo, onde tinha algo preso dentro. Na de baixo, os personagens da nova versão encontraram o bloco de gelo com uma criatura congelada, e levaram até a base.




3 | A cena da autópsia nos dois filmes. Na primeira, a versão de 1982, onde os cientistas americanos encontram uma criatura de duas cabeças; na segunda, a versão de 2011, a autópsia é feita na criatura que estava presa no gelo.



4 | A criatura de duas cabeças: na primeira, os cientistas americanos encontram uma criatura com duas cabeças grudadas, sem nenhuma explicação de como aconteceu, apenas que são de duas pessoas. No filme de 2011, é mostrado como surgiu essa criatura, e como ela chegou até o lugar onde os americanos a descobriram.




5 | O homem sentado na cadeira: No filme de 1982, MacReady encontra um homem morto sentado numa cadeira, que se suicidou. A versão de 2011 mostra quem é o cara, porém, a cena que ele se mata foi deletada da versão do cinema. Essa cena foi recriado passo a passo do original.





TRAILER:





ASSISTA DUAS CENAS DO FILME. Sem legenda.


| JULIETTE SE TRANSFORMA NO MONSTRO |

Uma das personagens, Juliette, acaba revelando ser a criatura, se transforma e ataca Kate.




| A COISA SE REVELA E ATACA |

Nessa cena, é mostrado como a criatura de duas cabeças de formou. Para assistir, é só clicar em "assistir no Youtube", que o vídeo vai abrir direto no site. Ele está com a função de controle, pois a cena tem cenas gráficas.





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