Em abril desse ano, Darren Aronofski nos apresentou uma versão diferente da história bíblica de Noé, interpretado por Russel Crowe, mostrando um personagem mais humano. Agora, chegou a vez do diretor Ridley Scott contar sua versão de uma outra história da Bíblia, dessa vez do pastor de ovelhas Moisés, que ao contrário como mostra o livro, o filme de Scott o torna um guerreiro e líder dos Hebreus. No elenco desse épico bíblico alternativo, estão Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Aaron Paul, Ben Mendelsohn, María Valverde, Sigourney Weaver e Ben Kingsley.
Moises (Bale) foi criado pelo faraó Seti I (Turturro), junto com o filho dele, Rameséss II (Edgerton), como se fossem irmãos de sangue. Eles acabam descobrindo que Moisés é descendente de Hebreus, e após a morte do Faraó, Ramésses decide expulsá-lo do reino. Anos depois, ele volta para libertar o seu povo do cruel reinado do faraó, contando com a ajuda de Deus.
Ao contrário do que foi mostrado em Os Dez Mandamentos, clássico de Cecil B. DeMile, de 1956, em Êxodo – Deuses e Reis, temos uma versão diferente da versão descrita na Bíblia. A história da criação de Moises, sua descendência, o faraó, as pragas egípcias, o povo atravessando o mar vermelho, a pedra dos mandamentos de Deus; tudo está ali, mas com alguns detalhes diferentes. O mais expressivo, é o personagem Moisés, que aqui, não é um pastor pacifico que vai guiar seu povo para Canaã, e sim, um líder, um guerreiro que, antes, lidera exércitos para lutar contra o faraó Seti I, seu irmão, para depois, seguir para o destino final. Colocar Moisés como um guerreiro em um “conflito militar”, talvez faça mais sentido nos dias de hoje, do que um conflito espiritual, que na verdade, está ali. Há também mudanças em fatos históricos, o que levou o filme a ser proibido no Egito.
Scott nos conta uma história interessante, de forma mais realista e épica do que Aronofski fez em Noé, que mesmo sendo empolgante e ter muitas cenas de ação, tem partes que se arrastam, fato que levou o filme ter 2h30 minutos de duração. Falta também emoção ao longa, e quando cenas, como a das pragas, que assola a população, impressiona mais pelo apelo visual do que pelo sentimental. O maior feito são os efeitos especiais, e os belíssimos cenários; um visual arrebatador. As cenas das pragas do Egito, a travessia do mar vermelho, apresentada de forma diferente, os cânions de pedra, o visual dos templos dos faraós, figurinos; tudo muito bem produzido.
Outro grande erro de Êxodo, é o desenvolvimento dos personagens, sem carisma nenhum, não fazendo com que o espectador se identifique. Sigourney Weaver, por exemplo, aparece pouquíssimas vezes, e na metade, entra muda e sai calada, se limitando apenas em querer Moisés morto. Joel Edgerton e Aaron Paul estão irreconhecíveis, e apresentam ótimos e complexos personagens, mas se limitam ao básico. Já Christian Bale, que interpreta o profeta Moisés, é o que mais se destaca, conseguindo guiar o público na sua longa jornada, apresentando um personagem critico, e também complexo, diferente de Russel Crowe em Noé.
No fim, Êxodo não se parece tanto com um épico bíblico, já que tem vários elementos de um filme de guerra, que se salva pelos efeitos especiais e nas ótimas cenas de ação. Ainda que a intenção seja fazer uma versão alternativa do épico bíblico, a história e o enredo são basicamente iguais à versão escrita na Bíblia, faltando coragem do diretor ao se aprofundar mais nas mudanças. Mas realmente, Scott fez um épico visual belíssimo, digno de se assistir.
ÊXODO: DEUSES E REIS (EXODUS: GODS AND KINGS)
Ano: 2014
Direção: Ridley Scott
Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Aaron Paul, Ben Mendelsohn, María Valverde, Sigourney Weaver e Ben Kingsley
NOTA: 7,0
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