CRÍTICA | ÁGUAS RASAS

Atualizado: 23 de nov. de 2021

Em 1975, Steven Spielberg aterrorizou as pessoas nos cinemas ao mostrar um grande tubarão branco atacando uma praia em pleno verão americano. Desde então, surgiu vários filmes do gênero, não somente com tubarões. Então, lá em 2003, Mar Aberto estreava nos cinemas, baseado em uma história real, que mostrava um casal de férias que é esquecido no mar, em um passeio de mergulho, os deixando à deriva com vários tubarões. Carregado de tensão, o filme fez um enorme sucesso na época, mostrando os sufocos que o casal passava para sobreviver. Agora, em 2016, é a vez de Blake Lively ficar presa na água com um tubarão faminto, em uma lindíssima praia no México, no filme Águas Rasas. Pegando alguns pontos de 127 Horas, o agoniante filme é dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra, de A Casa de Cera, A Órfã e Sem Escalas, e estrelado por Blake Lively, Óscar Jaenada Gajo e a gaivota Sully Steven Seagull's.

A trama é bem básica: Nancy (Blake Lively) vai até uma praia secreta, no México, para surfar. Lá, ela é atacada por um tubarão, ficando à deriva na água, onde tentará de tudo para sobreviver.

Águas Rasas é mais do que um filme de tubarão contra uma surfista, e sim, uma jornada de sobrevivência. No primeiro ato conhecemos a personagem, sua história, motivos, alguns personagens, e claro, a paradisíaca praia secreta. Como é mostrado no trailer (aliás, mania chata de mostrarem quase o filme todo nos trailers), Nancy vai até a praia para conhecer o local, já que sua mãe, que faleceu por conta de uma doença, um dia foi. O interessante é que, tudo que é mostrado pelo diretor nessas cenas, será utilizado mais adiante. Talvez, nesse ato, o filme se estica demais, mostrando o drama da personagem e ela surfando nas ondas, mas isso é necessário para criar toda uma ambientação com o lugar, e simpatia com a personagem.

Introduções à parte, o segundo ato começa quando Nancy é atacada pelo animal marinho, ficando à deriva na água, encontrando alguns lugares para se refugiar. Jaume Collet-Serra faz um filme repleto de tensão, ágil, e muito bem produzido, entre elas, um relógio mostrando dados sobre a maré, aparece na tela, motivo para deixar o público mais aflito e se envolver na situação da personagem. Ao mesmo tempo, temos a bela fotografia da praia, com suas cores e belezas, que dão um certo alívio para o público, e para Nancy também, ao contemplar o lugar. Após várias tentativas de pedir ajuda, temos, realmente, o embate entre a personagem e o tubarão, em cenas interruptas de ação, e agoniantes sequencias na tentativa de escapar da mordida do animal.

Blake Lively foi a escolha certa para encarar a personagem, e passa praticamente o filme todo sozinha. A atriz se mostra forte na sua atuação, demonstrando todos os problemas que passa, seja frio, fome, nos machucados, e nos perigos com o tubarão, e a introdução da personagem, e seu drama, ajuda a ganhar empatia do público. A participação do ator espanhol Óscar Jaenada Gajo, o morador da região, é pequena, mas importante para a história. E ainda, é importante destacar a “atuação” da gaivota Sully, que fica grande parte do filme ao lado de Nancy, presa em uma rocha de corais. Com a sua asa quebrada, alguns podem ficar preocupado se o animalzinho vai conseguir escapar, ou não. Aliás, mania de colocar algum animal, seja gaivota ou cachorro, em um filme de tubarão.

No fim, Águas Rasas é eficiente em criar um clima de suspense e tensão, mostrando o agoniante embate entre Nancy e o tubarão, em uma belíssima praia secreta no México. É uma das grandes surpresas do ano, e um dos melhores thrillers que tem aparecido ultimamente. E sim, torcemos bastante para a gaivota sobreviver.