CRÍTICA | YESTERDAY

Yesterday, é o novo filme do diretor de Quem Quer Ser um Milionário, Dany Boyle, e aborda um tema bastante curioso e diferente, lançando uma pergunta para o espectador: como seria um mundo sem os Beatles? Já não é a primeira vez que a banda de rock britânica serve como trilha sonora de um filme: lá em 2007, tivemos o musical Across The Universe. Mas Yesterday não segue a linha de um musical, mesmo tendo as canções da banda, mas sim, uma comédia romântica despretensiosa e cheia de questionamentos. Escrito pela dupla Jack Barth e Richard Curtis, estão no elenco Himesh Patel, Lilly James, Joel Fry, Kate McKinnon, e a participação do musico Ed Sheeran.

Jack Malick (Himesh Patel) é um aspirante a musico, e fã dos Beatles, que não faz o sucesso que tanto queria, mesmo com a ajuda de sua amiga de infância, Ellie (Lilly James). Decido a largar o sonho de se tornar um artista, Jack acaba sofrendo um acidente, e acorda em uma realidade onde ninguém conhece os Beatles. Aproveitando desse fato, ele decide cantar as músicas de sua banda preferida, e agora, tem que lidar com o sucesso e ajeitar a sua vida.

A importância histórica dos Beatles é indiscutível, mesmo que você não seja fã da banda britânica (o meu caso), e chega a ser até ridículo imaginar um mundo sem John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr; tanto é que o próprio McCartney disse a mesma coisa em uma entrevista, e o próprio filme também mostra isso. Coube, então, aos roteiristas Jack Barth e Richard Curtis imaginarem como seria se isso acontecesse, e a dupla acertou. Yesterday é uma comédia romântica no melhor estilo britânico, com uma trama leve e divertida, embalada ao som das clássicas músicas dos Beatles. Há espaço também para reflexões sobre as coisas simples da vida, e as nossas escolhas, no caso as de Jack: entre ter sucesso, fama, e uma incrível carreira musical, ou passar os restos dos dias de sua vida ao lado da mulher que tanto ama.

O filme de Dany Boyle não tem exageros, tudo está na medida certa e da forma que tem que ser, uma das características básicas dos filmes britânicos, em relação aos americanos. Os diálogos são certeiros, engraçados e tem situações inesperadas, e ainda brinca com o fato de outras coisas também não existirem nessa nova realidade, como a Coca Cola, Cigarros, e alguns elementos da cultura pop britânica. Ainda, ponto positivo para a belíssima fotografia de algumas cidades da Inglaterra, em contrapartida com os cenários de Hollywood, nos EUA.

Yestreday não funcionaria se não fosse por causa do seu maravilhoso elenco, que esbanja carisma. Himesh Patel é Jack Malick, o único que lembra dos Beatles, que está ótimo em seu personagem, a simpatia em pessoa, e que ainda se sai muito bem cantando as suas próprias versões das músicas da banda. Lilly James é Ellie, a amiga de infância, agente, e par romântico de Jack, também ótima em seu personagem, e convencendo com todos os seus conflitos de amor pelo protagonista. Aliás, há um contraponto aqui: Jack e Lilly são fofíssimos juntos, mas a química entre eles, talvez em relação a namoro, não fica tão evidente em tela, mas mesmo assim, a gente torce para eles se acertarem no final.

Ainda no elenco, o alivio cômico da produção fica por conta de um dos melhores amigos de Jack, Rocky (Joel Fry), que se torna seu assistente durante a transição para a fama, um personagem divertido, que fica deslumbrado com a fama de seu amigo, e que fala coisas erradas em horas erradas. Kate McKinnon interpreta Debra Hammer, a nova agente de Jack, uma empresária que só pensa em dinheiro e fama, fazendo-o focar somente nisso. E por fim, temos a deliciosa participação do cantor Ed Sheeran, interpretando-o, em situações hilárias e que se estendem até o final.

Yesterday é filme delicioso de assistir, simpático, simples, sem grandes pretensões, que não se preocupa em dar muitas explicações, ou em ter um final surpreendente, e sim, apenas mostrar um universo paralelo inusitado onde, alguns dos maiores artistas que o nosso mundo conheceu, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, não existem. E ainda, há uma importantíssima participação especial, extremamente curiosa.