top of page
Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | X - A MARCA DA MORTE



Um dos subgêneros mais amados pelo público é o slasher, que teve como percursor o clássico O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, e se popularizou com Halloween (1978), e Sexta Feira 13 (1980). Basicamente, eram esses três filmes que dominavam o cinema, com as suas intermináveis continuações, assim como A Hora do Pesadelo (1982), além de outras produções com um ou dois filmes somente. Obviamente, o slasher saturou, e o público estava desanimado com tantos filmes iguais, até 1996, quando surgiu o primeiro filme da franquia Pânico, que deu uma repaginada no subgênero, abrindo portas para outros filmes no mesmo estilo, como Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado, Lenda Urbana, entre outros tantos.


Atualmente, temos as tentativas de reviver esses grandes clássicos do slasher, como a nova trilogia Halloween, sequência direta do primeiro filme de 1978, O Massacre da Serra Elétrica, da Netflix, Pânico 5 e 6, e, aqueles filmes que tentam inovar, ser diferentes, e que muitas vezes não funcionam. Mas no meio dessa confusão toda, eis que surge a pérola X – A Marca da Morte, do diretor Ti West, que ao invés de tentar se destacar como “algo diferente”, faz uma homenagem ao slasher, principalmente dos anos 70, e se sai muito bem. Na trama, uma equipe de cineastas decide gravar um filme pornográfico em uma casa no campo, no interior do Texas (qual filme de terror se passa no Texas?). Os jovens ficam hospedados nos fundos da casa de um casal de idosos, que acabam se revelando psicopatas e pretendem matá-los, um a um. No elenco estão Mia Goth, Jenna Ortega, Martin Henderson, e Brittany Snow.



A maior inspiração de X – A Marca da Morte é O Massacre da Serra Elétrica, que fica evidente logo na primeira cena, e no desenrolar da história. Ainda, Ty West, que além de dirigir escreveu o roteiro, nos leva direto para os filmes slashers dos anos 70 e 80, com várias referências ao gênero – um lugar estranho, jovens, sexo, a possível “final girl”, e as mortes -. Antigamente isso não era problema, mas para quem quer ver os jovens sexualmente ativos sendo assassinados, terá que esperar um pouco. West leva um tempo para desenvolver os seus personagens, algo muito importante para que um filme funcione. Nesse meio tempo, o roteiro aborda temas muito importantes, um contraponto entre a sexualidade na juventude e na velhice, a supervalorização dos jovens, o puritano e o pervertido. O casal de idosos, Howard e Pearl, não transam mais, apesar de ela ter vontades e não se sentir mais desejada, enquanto na outra casa, jovens ficam transando toda hora. As mortes acontecem depois dos trinta minutos de fita, nada de diferente do que o subgênero já mostrou, em questão de violência, e não são exageradas, mas são bem-produzidas e criativas.


Mia Goth e Jenna Ortega são os grandes destaques de X – A Marca da Morte, e elas são os opostos: Ortega é Lorraine, uma jovem pura e inocente que aceita participar na produção do filme pornográfico a pedido do seu namorado, e Mia Goth é a “pervertida” Maxine, que sonha em ser uma atriz famosa e aceita fazer um filme adulto, pensando que isso pode alavancar sua carreira. Em uma cena em que elas estão conversando, é interessante como Ty West “abraça” a liberdade sexual das personagens, transar sem culpa e sem julgamento. E qual das duas será a nossa “final girl”? Curiosamente, Goth também interpreta a idosa Pearl, que não se sente desejada pelo marido, apesar das investidas nele. E é aí que entra a questão da sexualidade na velhice, porque mesmo ela e seu marido Howard (Stephen Ure) serem os antagonistas, o roteiro mostra que há uma certa ternura e sensibilidade neles ao mostrar o conflito da sexualidade do casal, e isso é um dos pontos que diferencia a produção das outras. Martin Henderson, que foi o namorado de Naomi Watts no primeiro O Chamado, também está no elenco, interpretando o namorado de Maxine (Mia Goth), que é um aspirante a produtor de filmes adultos.



2022 tem sido um ótimo ano para o terror, e X – A Marca da Morte, uma produção mais independente da produtora A24, é um dos grandes destaques dessa safra, um verdadeiro filme slasher típico dos grandes clássicos dos anos 70 e 80. É uma produção honesta e singela, com muito suspense, mortes e sangue, uma homenagem ao subgênero, além de debater assuntos que são, e sempre foram, tabus, a sexualidade dos jovens, na velhice, e as censuras das produções adultas, levando em consideração à época que o filme se passa. Tem alguns erros, clichês básicos, mas nada gritante. Quem gosta de filmes slashers, principalmente aqueles que preferem as produções antigas, vai estar bem servido. Curiosamente, X – A Marca da Morte ganhou um prelúdio chamado “Pearl”, mostrando a juventude da personagem (com Mia Goth no elenco) e que segue sem data de lançamento no Brasil. Ainda, terá uma continuação que está em produção, intitulada de “Maxxxine”.



X - A MARCA DA MORTE


Ano: 2022

Direção: Ti West

Elenco: Mia Goth, Jenna Ortega, Martin Henderson, e Brittany Snow.



NOTA: 9,0


Disponível na AMAZON PRIME VIDEO.
















9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page