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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | WICKED



O Mágico de Oz é uma das produções mais marcantes do cinema, e é impossível não lembrar das aventuras de Dorothy pelo mundo de Oz, onde ela conhece o Homem de Lata, o Espantalho, o Leão Covarde, a Bruxa Boa do Norte, e a Bruxa Má do Oeste, além do mágico de Oz e a clássica canção “Somewhere Over The Rainbown”. Lançado em 1939, o musical foi adaptado da obra de L. Frank Baum “The Wonderful Wizard of Oz”, que também teve outros filmes – lançados antes e depois -. Além disso, tem um musical da Broadway chamado “Wicked” desde 1995, que conta a “história de origem” da Bruxa Má do Oeste, que por sua vez, foi uma adaptação de outra obra, “Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West”, escrita por Gregory Maguire e publicada em 1995.


Agora, temos a adaptação cinematográfica do musical da Broadway, estrelado por Cynthia Erivo (Elphaba, a futura Bruxa Má do Oeste) e Ariana Grande (Glinda, a futura Bruxa Boa do Sul), dividida em duas partes – a próxima será lançada em 2025 -. Dirigido por Jon M. Chu, a trama de Wicked se passa anos antes da obra/filme O Mágico de Oz, quando Elphaba (a Bruxa Má do Oeste) e Glinda (a Bruxa Boa do Norte) se conheceram na universidade de Shiz, em Oz. As duas tem personalidades totalmente diferentes, e no início acabam se odiando, mas logo se tornam grandes amigas. Além disso, uma conspiração está acontecendo em Oz, e Elphaba decide investigar e ajudar. Jeff Goldblum, Michelle Yeoh, Jonathan Bailey, também estão no elenco.


Wicked acabou se tornando uma inesperada surpresa, tem uma trama envolvente, encantadora, divertida, e que segue fielmente os acontecimentos, falas, e as canções do musical da Broadway. O principal foco do roteiro de Winnie Holzman e Dana Fox é na dinâmica entre as personagens de Cynthia Erivo e Ariana Grande - a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Norte, respectivamente -, explorando o laço de amizade entre elas, e que lembra bastante filmes e séries que se passam em colégios, com os típicos problemas, dramas, romances, e as implicações entre os estudantes. Há também uma ótima – e sensível – crítica social sobre preconceito (pelo fato de Elphaba ser verde, zombada, e ignorada pelos outros estudantes) e opressão (o caso dos professores animais que lecionam na faculdade), e isso tudo acaba envolvendo também a população do mundo de Oz, ou seja: por mais que Oz seja lindo e maravilhoso, nem tudo é perfeito, e nem todos são realmente bons. 



Os números musicais e a direção de arte são os maiores destaques de Wicked (que não poderia ser diferente). Cada novo lugar é palco para uma apresentação cheia de incríveis coreografias que nos fazem se divertir e se emocionar, com cenários bem elaborados, coloridos e exuberantes, fazendo o espectador imergir na história de origem da Bruxa Má do Oeste e nos transportar para o maravilhoso mundo de Oz. Alguns cenários foram construídos em tamanho real mesmo, o que poderá aumentar as chances de alguma indicação ao prêmio de Direção de Arte. Tem até as clássicas canções, como a ótima “Defying Gravity” na sequência final (com um show de interpretação de Ariana e Cynthia) que aumentam ainda mais a grandiosidade da produção. Porém, há um certo exagero em alguns números musicais, e alguns não precisariam estar no filme, o que diminuiria um pouco a longa duração de 2h40 minutos, mas nada que estrague a produção.


Em O Mágico de Oz, todos sabem que Elphaba (a Bruxa Má do Oeste) e Glinda (a Bruxa Boa do Norte) são inimigas, mas Wicked conta a história de origem das duas futuras bruxas – com o foco principal em Elphaba, claro -, e antes de tudo, elas eram amigas. Ambas não se gostavam, e até se tornarem amigas muitas implicâncias aconteceram. O roteiro foca nessa amizade e tudo flui naturalmente graças as incríveis atuações de Cynthia Erivo e Ariana Grande. A intérprete da Bruxa Má do Oeste consegue criar uma empatia enorme com o público, fazendo uma Elphaba complexa, intensa, vulnerável, e que só quer o bem de Oz, além de ter uma voz potente nas cenas musicais. Já a cantora Ariana Grande surpreende em uma atuação memorável que lembra muito as atrizes da era de ouro de Hollywood, com as suas jogadas de cabelo para trás, humor leve e um timing cômico muito bom, com muito carisma, e bastante espirituosa, além de lembrar um pouco a Regina George de Meninas Malvadas, mas não tão malvada assim.



Mas é a interação entre as duas personagens o ponto alto de Wicked, com uma química incrível, divertida, e cheia de implicâncias entre Elphaba e Glinda, amigas que começam se odiando, mas depois acabam se unindo e se tornando melhores amigas. As duas personagens tem características totalmente opostas, e ambas precisam se adaptar uma com a outra, e elas demonstram ser mais do que parecem, cada uma com um passado conturbado que as fizeram ser o que são hoje.


Wicked é uma das grandes surpresas do ano, com uma narrativa cativante que faz referências e homenagens ao clássico O Mágico de Oz, de 1939, além de seguir fielmente a história do musical da Broadway e as músicas que marcaram época. Jon M. Chu cria uma produção épica com números musicais bem elaborados, muita cor e cenários exuberantes, personagens cativantes – com destaque para Cynthia Erivo e Ariana Grande, e seus vocais incríveis -, e uma crítica social sobre amizades, preconceitos, opressão, e aceitação, capaz de emocionar o espectador, principalmente na sequência final ao som de “Defying Gravity”. Mas aqueles que não gostam de musicais vão acabar ficando entediados, já que o filme tem vários, muito mais do que Coringa. Mas mesmo assim, vale a pena dar uma chance para Wicked: a diversão é garantida.



WICKED


Ano: 2024

Direção: Jon M. Chu

Distribuidora: Universal Pictures

Duração: 160 min

Elenco: Cynthia Erivo, Ariana Grande, Jeff Goldblum, Michelle Yeoh, Jonathan Bailey



NOTA: 9,5



























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