CRÍTICA | VOLCANO - A FÚRIA

“Dobradinhas” de filmes em Hollywood é algo comum e que acontece de vez em quando: Armageddon e Impacto Profundo, ambos de 1998, mostravam um objeto espacial em rota de colisão com a Terra; O Grande Truque e O Ilusionista, ambos de 2006, tinha histórias similares envolvendo mágicas; as animações ForminguinhaZ e Vida de Inseto, de 1998, tinha formigas como protagonistas, e por aí vai. Na primeira metade de 1997, O Inferno de Dante, produção catástrofe sobre um vulcão que destrói a fictícia cidade de Dante’s Peak, estreou nos cinemas e fez bastante sucesso, mostrando com realidade as consequências de um vulcão entrando em erupção. Meses depois, ainda em 97, outra produção com vulcões deu as caras nos cinemas, Volcano – A Fúria, estrelado por Tommy Lee Jones e Anne Heche, mostrando um vulcão destruindo a cidade de Los Angeles dos anos 90.

Mais exagerado e dramático do que O Inferno de Dante, Volcano – A Fúria tem uma trama mirabolante e repleta de clichês, mas é eficiente na construção do suspense que antecede o desastre, tem muitas cenas de ação, e muito drama familiar. Na trama, um terremoto atinge a cidade de Los Angeles, e logo após, coisas estranhas acontecem por toda a cidade – lagos esquentando, pessoas morrendo queimadas, vapores estranhos -. Mike Roark (Tommy Lee Jones) sai de suas férias para investigar o que está acontecendo, contando com a ajuda da geóloga Amy Barnes (Anne Heche). Quando o vulcão entra em erupção no meio da cidade, e o caos começa, Mike e Amy correm contra o tempo para impedir que a lava destrua a cidade toda. Gaby Hoffmann, Don Cheadle, Keith David, Jacqueline Kim e John Carroll Lynch completam o elenco.

O Inferno de Dante tinha uma trama mais “pé no chão”, mais séria e real, mostrando o impacto que vulcão em erupção pode causar em uma pequena cidade. Já Volcano – A Fúria é mais exagerado e com situações absurdas, um típico blockbuster americano, mas que não teve o mesmo desempenho nas bilheterias. Dirigido por Mick Jackson, Volcano tem muito suspense e mistério na primeira parte, quando os personagens de Tommy Lee Jones e Anne Heche estão investigando o que está acontecendo na cidade, enquanto pequenos incidentes estão acontecendo ao redor da cidade, preparando o espectador para o desastre que o filme promete causar: o vulcão entrando em erupção. Seguem-se explosões, fumaça, destruição, muito fogo e lava, momentos heroicos de alguns personagens – típicos nos filmes catástrofes -, e ainda sobra tempo para um drama familiar chato, discussões sociais e raciais, e muita piadinha sem graça. Tem até o clássico animalzinho em perigo.

Da mesma forma como Bruce Willis é o único que pode salvar o mundo em Armageddon, em Volcano - A Fúria é Tommy Lee Jones que precisa se arriscar para salvar Los Angeles (clichê básico do gênero), lembrando que ele vai propositalmente fazer isso. Tudo bem que seu personagem é o chefe do escritório que monitora emergências na cidade, mas ele estava de férias com sua filha Kelly (Gabi Hoffmann), tanto é que em uma parte do filme ela indaga seu pai falando que ela também é prioridade dele, não só as pessoas da cidade. Mas é a dinâmica entre Mike e a geólogo Amy (Anne Heche) que move a trama de Volcano, mesmo que eles fiquem separados grande parte do filme. A personagem de Heche fica a cargo de dar as explicações científicas para Mike, mesmo ele não dando muita atenção para o que ela diz, até que tudo se comprove e ele pede desculpas – outro clichê dos filmes catástrofes -.

Don Cheadle, antes de ingressar no time dos Vingadores, interpreta o “cara do escritório” que sempre ajuda seu chefe, Emmit; Jacqueline Kim é a determinada enfermeira que não se deita para o seu namorado individualista, e ainda tem o veterano John Carroll Lynch, que interpreta o chefe do controle de transportes da cidade, Stan Ober. Aliás, um dos atos heroicos é dele, e por muito tempo ele divide o posto de “salvador” com Tommy Lee Jones, mas só um deles se dá bem.

Mick Jackson dirige bem as sequências de ação, com tomadas aéreas mostrando o estrago que a lava está fazendo na cidade, fazendo com que a produção tenha um dinamismo maior, e criando soluções absurdas para salvar a cidade. E tudo com o aval de Tommy Lee Jones. Volcano – A Fúria é um ótimo exemplar dos filmes catástrofes, repleto de suspense, sequências de ação, clichês escancarados, além de ser mais exagerado e com frases de efeito e motivação, e ter um drama familiar chato que pouco se importamos.