CRÍTICA | VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Valerian é uma HQ francesa criada nos anos 60, por Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, uma ópera espacial que mistura ação, diversas criaturas e vários lugares do universo. Poucos sabem, mas foi essa HQ que inspirou George Lucas e seus criadores a fazer Star Wars. O diretor Luc Besson, de O Quinto Elemento e Lucy, cresceu lendo essas HQs e sempre sonhou em adaptar para o cinema, fato que só aconteceu em 2017, com o lançamento de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. Dane DeHann, Cara Delevigne, Clive Owen, Ethan Hawnk e Rihanna estão no elenco.

Os agentes espaciais Valerian (Dane) e Laureline (Cara) chegam na cidade intergaláctica Alpha, lar de milhares de diferentes espécies, para investigar uma conspiração que pode colocar a vida de todos em risco.

Valerian poderia se tornar uma incrível franquia nos cinemas, com inúmeras possibilidades para histórias, mas não teve grande desempenho nas bilheterias, e nem na crítica; além que de não ser tão conhecido pelo público. O filme não é ruim, tem algumas falhas, mas está longe de ser um desastre. Os efeitos especiais dignos de um blockbuster, os cenários deslumbrantes (em especial o planeta dos Pearls), as diferentes criaturas do filme (novamente, os Pearls), o visual futurístico, elementos realmente belos que, vistos nos cinemas, é maravilhoso, principalmente em 3D e IMAX. A fotografia é um espetáculo.

O que atrapalha é o roteiro. Tem partes enroladas, onde a história se desvia do foco para apresentar novos personagens, novos lugares, mas que não tem muito fundamento para a história. Tem um mistério raso, um conflito simples e uma resolução sem grandes emoções, além do tempo de 2h17 minutos, que são longos para um roteiro que cansa em algumas partes. Mas não chega a atrapalhar tanto, não ser que você seja exigente demais, pois as ótimas cenas de ação se misturam com o visual deslumbrante, garantindo a diversão.

A química do casal também não ajuda muito, e o fato de o personagem Valerian ser um “garanhão” com frases prontas para seduzir mulheres, piora a situação, onde muitos poderão acha-lo machista. DaneDeHann e Cara Delevigne tentam, mas não conseguem ter muita química, e o roteiro insiste em empurrar para o espectador um romance entre os dois, com direito a birras de casal. Outro fato que deixa a desejar, é a falta de um vilão forte, temido, papel que coube a Clive Owen, o comandante da Aplha, Arun Fillit. O vilão não tem emoção, não tem história nem motivos para ser assim, a não ser pela sua ambição de poder, fato atual, mas batido no cinema. Destaque para Rihanna, que se sai bem melhor, e que poderia bem ser mais aproveitada, já que tem história, drama pessoal, e poderia ajudar os agentes espaciais; e para Ethan Hawnk, que interpreta um engraçado e caricato dono de um bordel.

Quero deixar um parágrafo aqui para falar sobre os Pearls, as criaturas carismáticas e incríveis habitantes do planeta Mül, um lugar paradisíaco e deslumbrante. Os Pearls são uma raça de humanoides pacíficos e amistosos. Com certeza são as criaturas mais belas do filme, com sua própria cultura e particularidades belíssimas, e os seus fofinhos bichos de estimação. A trama principal é com eles, mas, novamente, também não foi muito aproveitado na história.

No fim, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é um filme que vai chamar a atenção pelo visual e pelos efeitos especiais, que poderá deixar os espectadores mais exigentes entediados, mas está longe de ser um filme ruim. Acredito que se houvesse uma continuação, e o filme melhorasse no roteiro e na construção dos personagens, a franquia se salvaria, pois tem muito potencial e muita coisa para se explorar. Valerian não foi um sucesso de bilheteria, o que deixa incerto o futuro do filme. Não seja tão exigente e assista o filme; só pelos efeitos especiais, já vale a pena.