CRÍTICA | UNTIL DAWN - NOITE DE TERROR

A Sony Pictures é uma das principais produtoras “especializadas” em adaptar jogos de videogame para os cinemas; e as adaptações têm se tornado muito comum até hoje, incluindo em séries como “The Last Of Us”, que já está na sua segunda temporada. Agora, o estúdio ataca novamente com Until Dawn – Noite de Terror, baseado no jogo homônimo da “Supermasive Games” lançado em 2015 para o PlayStation 4. Curiosamente, apesar de levar o nome do jogo, Noite de Terror é uma adaptação livre com pouca inspiração no game, e o resultado é um filme genérico, com elementos trash, mas que diverte e tem seus momentos tensos.

Na trama, a jovem Clover (Ella Rubin), convida seus amigos para uma viagem com a intenção de procurar a sua irmã, Melanie, que está desaparecida. No caminho, acabam enfrentando uma tempestade severa, e acabam chegando em uma casa no meio da floresta na região de “Glore’s Valley”, que sofre de uma “anomalia climática”: nos arredores da casa não está chovendo. E o que era para ser um refúgio até passar a tempestade, acaba se tornando uma luta pela vida quando eles começam a morrer um a um, em um looping infinito, pelas mais diversas criaturas que vivem no local. E para escapar, os amigos precisam sobreviver até o amanhecer, ou então eles farão parte do local para sempre, de alguma forma.

Se você tem a intenção de assistir a um filme de terror original, surpreendente, com aqueles finais que chocam o público, não vá tão empolgado assim: Until Dawn – Noite de Terror não é esse tipo de filme. A premissa é muito interessante – basicamente é a mesma do videogame -, e por si só já é assustadora: imagina você ser morto várias vezes das formas mais brutais possíveis? O mistério em torno do lugar se desenvolve durante a trama toda, sendo desvendado cada vez que eles “ressuscitam”, mantendo o interesse do espectador - dinâmica essa bem semelhante ao game -. Tem os famosos sustos fáceis para quem adora, e os cenários são realmente assustadores e criativos, o que ajuda bastante no suspense e nas intensas sequências de perseguição. E o mais legal disso tudo – para quem gosta mesmo – é que “Noite de Terror” abraça os elementos dos filmes trash com muito orgulho: membros decepados, olhos arrancados, cabeças esmagadas, e até corpos explodindo repentinamente, tudo com muito sangue e vísceras espalhados para todo o lado, justificando a classificação de 18 anos que recebeu.

Outro ponto positivo são as criaturas que aparecem, desde bruxas fantasmas, umas criaturas zumbis (os famosos wendigos), um monstro enorme, e até um serial killer mascarado com um martelo, além do tal “psiquiatra”; alguns desses personagens são do videogame. Mas Noite do Terror segue a cartilha dos típicos filmes do gênero, principalmente em relação aos personagens: descartáveis, pouco desenvolvidos, a maioria servindo só para aumentar o número de mortes, não conseguindo criar nenhum vínculo mais forte com o espectador. Max (Michael Cimino), Nina (Odessa A’zion), Megan (Ji-young Yoo) e Abel (Belmont Cameli), são os amigos de Clover (Ella Rubin), cada um com uma personalidade diferente – alguns extremamente chatos, outros até queremos que sobreviva -. Pelo menos, é divertido assistir eles desesperados não querendo morrer – ou querendo – das formas mais divertidas e violentas possíveis, com comentários debochados e irônicos.

Until Dawn – Noite de Terror funciona para quem procura uma diversão descompromissada, que consegue fisgar o espectador com o mistério que envolve a trama, os cenários assustadores, e as criaturas monstruosas, criando sequencias intensas e até que bem-produzidas. As piadas e o humor dão um amenizada nas mortes violentas, cheias de sangue e partes do corpo espalhadas por todo o lado. Mas será que isso já basta para um filme ser bom? Para muitos, sim. No fim, você vai dar risadas e se divertir bastante, vai levar sustos e ficar tenso na poltrona com as cenas de perseguição, mas Until Dawn continua sendo um filme genérico e exagerado que segue as fórmulas batidas do gênero. Diverte, mas não é nada de tão impressionante a ponto de marcar o terror; talvez momentaneamente.