CRÍTICA | UNCHARTED - FORA DO MAPA

Atualizado: 25 de abr. de 2022

Adaptar jogos de videogames para o cinema sempre foi uma grande dificuldade em Hollywood, onde raramente algum dava certo. Os motivos variam, mas o principal deles era a grande diferença entre a adaptação e o game; um claro exemplo é a franquia Resident Evil, que conseguiu seu público, e dinheiro, mesmo com a maioria dos fãs massacrando as adaptações. Tudo bem, é uma adaptação, mas que mantivesse mais elementos do universo dos games. Recentemente, tivemos um reboot de Tomb Raider, com Alicia Vinkader como Lara Croft, outra que não deu muito certo, e seu futuro ainda é incerto, e enfim chegamos em Uncharted – Fora do Mapa, adaptação da franquia homônima, com o primeiro game lançado em 2007, tendo como protagonista Nathan Drake, contando com a ajuda de seu mentor, Victor Sullivan, buscando tesouros perdidos ao redor do mundo. A adaptação já estava nos planos da Sony (também existe uma Sony dos videogames) desde o final dos anos 2000, mas que só agora “saiu do mapa”. Uncharted – Fora do Mapa, basicamente, pega elementos de todos os jogos da série, é dirigido por Ruben Fleischer (dos dois filmes Zumbilândia, e o primeiro Venom), e tem no elenco Tom Holland, Mark Whalberg, Sophia Taylor Ali, Tati Gabrielle, e Antonio Banderas.

Nathan Drake (Tom Holland) é um órfão que sempre procurou o seu irmão, que o abandonou ainda no orfanato. Sempre com um espirito de aventura, impulsionado pelo seu irmão, ele recebe a visita do misterioso Victor Sullivan (Mark Whalberg), que pede sua ajuda para encontrar um tesouro perdido, além da chance de reencontrar o seu irmão.

Uncharted – Fora do Mapa é quase que uma história de origem de Drake, um início de uma franquia, talvez por isso a ideia de basear não somente no primeiro game, e de os protagonistas serem mais jovens. A trama segue a linha dos filmes de aventura, como Indiana Jones, A Lenda do Tesouro Perdido, e até Piratas do Caribe, com muitas sequencias de ação, cenários lindos, principalmente no final, e clichês básicos dos filmes do gênero. O diretor Ruben Fleischer consegue recriar muito bem o universo dos videogames para os cinemas, com uma divertida caça ao tesouro, cheia de mistérios, aventuras, traições, e realmente, as cenas de ação realmente impressionam, são muito bem feitas e realistas, exatamente como funciona a dinâmica dos jogos. Uma das cenas considerada a mais icônica da franquia dos games, é a do avião, o grande destaque do trailer, que saiu diretamente de Uncharted 3: Drake’s Deception; aliás, há muitas referencias aos terceiro e quarto jogos. Um dos únicos erros da produção é a falta de emoção, ainda mais com a história do irmão perdido de Drake, mas nada que estrague a diversão, e o roteiro acabou focando mais na ação e nos efeitos especiais.

Outro grande acerto foi a escalação de Tom Holland e Mark Whalberg para darem vida a Nathan Drake e Victor Sullivan, respectivamente. Mas aqui, há mais um problema na produção, o desenvolvimento deles: não há uma grande conexão entre os protagonistas e o público, onde o carisma deles é mais pelos próprios atores do que pelo roteiro em si. Holland já vem do auge de seu super-herói Homem Aranha, com o incrível Sem Volta Para Casa, e você vê que o ator é a escolha certa para filmes de aventura, protagonista de todas as cenas de ação, carregando Uncharted nas costas. Mark Whalberg serve como um mentor para Nathan, trazendo muito dos trejeitos do seu personagem de Transformers – A Era da Extinção, e O Último Cavaleiro. A química entre os dois é muito boa, e a produção funciona mais por causa deles, divertindo o espectador no meio das desconfianças e provocações. Antonio Banderas é o vilão Moncada, que também está atrás do tesouro perdido, fazendo um antagonista sem ameaça alguma, e Sophia Taylor Ali e Tati Gabrielle completam com o elenco feminino, com seus personagens ambíguos e caricatos, com destaque para Tati e sua misteriosa Bradock.

Uncharted – Fora do Mapa consegue imergir o espectador ao mundo dos videogames, em um dos mais divertidos filmes de aventura lançados recentemente, repleto de impressionantes sequencias de ação, ótimos efeitos especiais, um ótimo entrosamento da dupla de protagonista, e apesar de alguns erros no enredo, e uns clichês básicos, é um ótimo entretenimento, tanto para os fãs, quanto para quem não conhece a franquia de jogos. É um ótimo reinicio para as adaptações de videogame, que tem sido ruins nos últimos anos, e um bom início para uma possível franquia. Há duas cenas pós créditos, uma logo depois que acaba o filme, a segunda, após os créditos animados.