CRÍTICA | UM COMPLETO DESCONHECIDO
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 27 de fev.
- 4 min de leitura


08 Indicações ao Oscar | Melhor Filme, Diretor (James Mangold), Melhor Ator ( Timothée Chalamet), Ator Coadjuvante (Edward Norton), Atriz Coadjuvante (Monica Barbaro), Roteiro Adaptado, Som, e Figurino .
Filmes biográficos de artistas musicais, na maioria das vezes, são empolgantes e cheio de energia, embaladas com as melhores e mais importantes músicas do artista, e com uma carga emocional intensa. Agora, o diretor James Mangold nos apresenta o início da carreira de um dos maiores artistas da história, Bob Dylan, com Um Completo Desconhecido, provavelmente o último filme da leva dos indicados ao Oscar a estrear no Brasil. Uma curiosidade: em 2006, Mangold já havia lançado a biografia do cantor de música country Johnny Cash, que aliás faz uma participação especial no filme. Indicado à 08 Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator pela incrível atuação de Timothée Chalamet como Bob Dylan, a nova biografia não se aprofunda tanto na história do cantor, mas respeita o seu legado e o define bem como o artista que é, e toda a sua fama conquistada aos poucos. Baseado na obra “Dylan Goes Electric”, de Elijah Walds, a trama acompanha o jovem Bob Dylan chegando em Nova York para visitar um artista que é fã. Nesse encontro, ele acaba conhecendo Pete Seeger (Edward Norton), que se torna o seu mentor, e amigo, e o introduz no meio musical. Monica Barbaro e Elle Fanning também estão no elenco.
Um Completo Desconhecido é um filme contagiante e com um alto astral ótimo, assim como a maioria das produções biográficas de artistas musicais – mas tem uma carga emocional bem menor se comparado com outras produções -, é ágil, dinâmico, e suas poucas mais de duas horas passam ligeirinho; me lembrou bastante Nasce Uma Estrela, com Lady Gaga e Bradley Cooper. James Mangold consegue mostrar muito bem o fenômeno musical que Bob Dylan foi, e ainda é, acompanhando o início da carreira do artista e a sua ascensão, criando momentos ótimos como as apresentações no Festival de Folk, as sequências onde Dylan toca em bares pela cidade de Nova York, e até o momento da criação da clássica “Like a Rolling Stone”. A trama só não é tão empolgante como demonstrava ser, tem seus altos e baixos, e em alguns momentos parece corrido demais, como se tudo acontece de repente, como o fato de o cantor estar rapidamente agenciado, ou até nos seus relacionamentos repentinos que surgem na história, mas nada que atrapalhe o ritmo e o desenvolvimento. A parte técnica também se destaca, conseguindo situar o espectador com os fatos históricos, o figurino e os cenários que remetem a época em que a trama se passa, e a eletrizante trilha sonora e apresentações ao vivo dos personagens, o que deixa o filme ainda mais imersivo e contagiante.

Mas não tem como escrever sobre Um Completo Desconhecido sem mencionar a incrível atuação de Timothée Chalamet, que é a alma e o maior acerto da produção. Você pode até achar a trama não tão envolvente em alguns momentos, mas a interpretação do ator como Bob Dylan é o que salva o filme. Chalamet está contagiante e captura bem toda a essência de Dylan como artista e pessoa, desde o modo de falar, de vestir, as expressões faciais, o personagem caiu perfeitamente para o ator, que aprendeu a cantar e a tocar violão e gaita, provando a sua versatilidade; é um dos maiores nomes do cinema atual. Assim como a maioria dos artistas, Bob Dylan é apaixonado e movido pela música, onde acaba deixando suas relações pessoais em segundo plano, e Timothée consegue mostrar muito bem essas nuances do personagem. Elle Fainning, que interpreta Sylvie Russo, a primeira namorada do artista, acaba não sendo tão relevante na trama, mesmo com a incrível atuação da atriz, que consegue transmitir toda a carga emocional da personagem e tudo que ela passa. A sintonia com Timothée Chalamet não é tão boa, diferente de como é com Monica Barbaro, que interpreta Joan Baez, uma artista que também se envolveu com Bob Dylan. Ainda que sem muita carga emocional, ou dramática, no seu núcleo, é incrível a conexão que eles tem juntos, principalmente quando estão cantando. Barbaro também teve aulas de canto, e mostra todo o seu talento em interpretar a personagem, valendo a sua indicação ao Oscar. E fechando o trio de “oscarizados”, Edward Norton é Pete Seeger, mentor - e amigo - do protagonista, mostrando uma amizade simples, honesta, e bonita, mas nada de tão dramático ou exagerado (ainda bem), e mesmo com menos tempo em tela, Norton cria um personagem marcante, sensível, e que realmente se importa com Bob Dylan.

Um Completo Desconhecido acaba se tornando um filme mais contido e bem intimista, sem grandes emoções ou reviravoltas, mas isso não torna a trama menos envolvente. Timothée Chalamet é o maior acerto da produção, e ele realmente se parece com o cantor, captando perfeitamente toda a essência de Bob Dylan, principalmente o lado mais introspectivo e misterioso, além dos seus típicos trejeitos. É uma das melhores atuações dos indicados ao Oscar de Melhor Ator. A representação de época, o figurino, a trilha sonora contagiante, o ritmo contagiante, e o alto astral que o filme transmite para o público é sensacional, tornando Um Completo Desconhecido uma das melhores biografias já lançadas.

UM COMPLETO DESCONHECIDO
Ano: 2024
Direção: James Mangold
Distribuidora: 20th Century Studios
Duração: 140 min
Elenco: Timothée Chalamet, Edward Norton, Monica Barbaro e Elle Fanning
NOTA: 9,0








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