CRÍTICA | TUDO EM FAMÍLIA (2005)

Época de Natal é quando a gente se reúne com a nossa família, visita a casa dos pais no interior – se você não mora com eles -, também é tempo de reflexão, analisar como foi o ano que passou, planejar a vida para o próximo, e o mais importante: paz, união, afeto e amor. Mas é claro que alguma desavença, brigas ridículas, ou chateações, sempre acontecem, e a família Stone é um exemplo disso. Entre vários filmes de comédia romântica, drama, e romance, gêneros carimbados em festas de final de ano, Tudo Em Família se destaca bastante ao trazer uma trama muito simples – apresentar sua namorada para os pais – mas que consegue trazer uma profundidade incrível que vai você fazer rir, ficar envergonhado, e até chorar. E tudo com a magia incrível do Natal. Na trama, Everett (Dermot Mulroney) leva sua namorada, Meredith (Sarah Jessica Parker), para conhecer sua família no feriado de Natal. O problema é que ela toda certinha e tem problemas de autoconfiança, e a família do seu namorado é totalmente o oposto dela, e então surge um embate de personalidades que causará a maior confusão. Eis então que Meredith chama a sua irmã Julie (Claire Danes) para passar no Natal com eles, e o que era para deixar tudo mais calmo, acaba piorando ainda mais a situação (ou talvez não). Diane Keaton, Rachel McAdams, Craig T. Nelson, e Luke Wilson também estão no elenco.

Conhecer os pais do seu namorado (a) é uma situação bem desconfortante para a maioria, mas para a personagem de Sarah Jessica Parker é ainda mais complicado, e é nessa situação que o roteiro de Tudo Em Família se desenvolve. O filme não traz nada de novo para o gênero, pelo contrário, os clichês – ah, os malditos clichês – típicos de reuniões familiares estão presentes, e ainda tem os de Natal: resoluções fáceis e inusitadas, paixões repentinas, tudo está lá. Mas aqui não chega a incomodar em quase nada. The Family Stone, no original, mistura drama, comédia, e romance que vão alternando entre si, criando situações vergonhosas que até o público consegue sentir – a sequência do jantar de Natal é o maior exemplo disso -, onde o diretor Thomas Bezucha consegue manter o ritmo em praticamente todo o filme, abordando diversos temas importantes, como preconceito, julgamento, primeiras impressões, entre outros. Destaque para os belos cenários da cidade onde a trama se passa, com todo o charme e beleza de uma cidade do interior coberta por neve, e também na aconchegante casa dos Stones.

O enredo todo é focado em Meredith, personagem de Sarah Jessica Parker, que vai conhecer os pais de seu namorado. O problema é que eles são totalmente diferentes em personalidades, e a antipatia que os Stones criam com ela é de imediato. É muito obvio que Meredith e Everett (Dermot Mulroney) são totalmente diferentes – o próprio roteiro deixa isso claro -, e junta o fato da família dele ser totalmente protetora, e que de cara perceberam que ela não é a mulher da vida dele, com a personalidade retraída, tensa, e faladora de Meredith, a confusão é certa. Sarah Jessica Parker faz uma personagem bem diferente das que ela sempre fez, mas ao mesmo tempo caiu muito bem para a atriz, e sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. A situação complica ainda com a chegada de Julie (Claire Dane), irmã de Meredith, que veio para tentar salvar a noite de Natal – e salvar sua própria irmã -, mas tudo dá errado, já que Julie acaba ganhando a simpatia da família toda, inclusive de Everett. Diane Keaton e Rachel McAdams são as que mais acabam criando antipatia com Meredith: Keaton é Sybil, mãe protetora da família e a primeira que consegue enxergar que a sua futura nora não é o par ideal para o seu filho, e McAdams é Amy, a irmã malvada, a que mais implica com Meredith. Do elenco masculino se destaca Craig T. Nelson, o patriarca da família, Tyrone Giordano, que interpreta o filho gay da família, Thad, e Luke Wilson, o mais “de boa” e descolado da família Stone, e por incrível que pareça ele acaba sendo um candidato ideal para Meredith.

A família Stone é mais liberal, e Meredith é um pouco mais conservadora, e é essa dualidade de personalidades que acabam se colidindo e criando momentos tensos e vergonhosos, mas divertidos. Tudo Em Família é drama emocionante, cativante, vai fazer você rir, chorar, sentir vergonha alheia, se emocionar, dar risadas, e tem uma trama bem simples – reunir a família no feriado de Natal, mas com um pouco de emoção -, abordando temas como preconceito, laços familiares, respeito, e nos ensinando a perdoar, não julgar pelas aparências, e a importância da família nas nossas vidas, até porque, no próximo Natal, nem todos podem estar reunidos novamente para comemorar. Tudo Em Família é um filme acima da média e que foi muito mal julgado, tem seus problemas no roteiro, algumas incoerências, e tudo acontece mito rápido – como paixões repentinas -, mas tem um ritmo bom, é divertido e emocionante, e lembre-se que é Natal, uma época de magia e milagres onde tudo pode acontecer.