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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | TROPAS ESTELARES



Existem filmes que não envelhecem nunca e se tornam tão atuais quanto na época do lançamento, e Tropas Estelares é um desses; e provavelmente também será atual daqui algumas décadas. Dirigido por Paul Verhoven (Robocop, Vingador do Futuro, e Instinto Selvagem), Tropas Estelares foi subestimado no ano de seu lançamento, onde muitos não entenderam a mensagem satírica que Verhoven utilizou na sua abordagem, mas que teve seu merecido reconhecimento anos depois. Baseado no romance homônimo de ficção de Robert A. Heinlein, lançado em 1959, Tropas Estelares se passa em um futuro distópico onde a Terra enfrenta uma ameaça mortal: insetos gigantes vindo do planeta Klendathu, em uma outra galáxia. Para combater essa ameaça intergaláctica, as forças militares recrutam jovens para se juntarem ao exército e unir forças para derrotar os tais insetos, prometendo-lhes se tornarem cidadãos. A trama gira em torno de um grupo de amigos que decidem se alistar, mas cada um para um posto específico: Johnny Rico (Casper Van Dien) se alista na infantaria, já a sua namorada, Carmen Ibanez (Denise Richards), quer se tornar piloto da frota. E ainda tem dois amigos do casal, Carl Jenkins (Neil Patrick Harris), um jovem sensitivo que se junta na inteligência militar, e Dizzy Flores (Dina Meyer), que é apaixonada por Rico e que também se alista na infantaria. No elenco ainda tem Jake Busey, Clancy Brown, Seth Gillam, Patrick Muldoon e Michael Ironside.


Tropas Estelares é um filme com várias camadas e que é muito mais do que aparenta ser. Basicamente, é um filme de guerra no estilo “sci-fi”, com duas horas de puro entretenimento, violência, cenas de ação empolgantes, e excelentes efeitos especiais, mas Paul Verhoven cria uma história satírica e crítica sobre o militarismo (não existe mais a cidadania, e os militares comandam tudo), além de ter mensagens de antiguerra e antifascismo. Nesse caso, você só será reconhecido como um cidadão – algo que é muito importante e cobiçado por todos – se você servir ao exército e lutar na guerra, seja em qual posto for. E isso já pode ser visto logo no início, quando somos apresentados a uma propaganda de TV enfatizando a importância de se alistar ao exército e às Tropas da Federação, diferenciando os civis dos cidadãos. Essa “propaganda fascista” se estende por toda a produção, e ainda mostra a adoração da população, tanto por se alistar ao exército quanto pelo armamento, inclusive incentivando as crianças desde cedo a se alistarem para enfrentar os insetos alienígenas. Essa crítica pode ser vista também durante o treinamento de Rico no exército, seja em frases de feito, situações, as cenas das guerras contra os insetos, e até as rivalidades entre os próprios soldados.



Mas isso tudo se tornam detalhes para enriquecer a trama, e de criticar obviamente, e por trás disso, Tropas Estelares se torna um empolgante filme de ficção e guerra. E Paul Verhoven não poupa na violência, assim como acontece nos filmes de guerra comuns, com direito a corpos mutilados explicitamente, muito sangue jorrando, mortes de personagens queridos, e carnificina pura. As cenas de batalha impressionam também pelo realismo e os ótimos efeitos especiais, com destaque para a eletrizante sequência no Forte Whiskey, mais para o final do filme. Além de toda essa questão sobre militarismo, o treinamento, e as mensagens propostas, a trama tem foco em um romance bobo de adolescentes – seria também uma crítica? -, com direitos a clichês típicos do gênero. Jhonny Rico tem um relacionamento com Carmen, mas eles decidem seguir por caminhos diferentes (ele na infantaria e ela no comando das frotas), e aí surge uma rivalidade infantil com Zander (Patrick Muldoon), que acaba se tornando colega de Carmen. E por fora tem Dizzy Flores, que sempre foi apaixonada por Rico e se juntou a infantaria para ficar perto de seu amado. Mas Rico fez a mesma coisa ao se alistar no exército para impressionar Carmen. No meio de todo esses relacionamentos adolescentes, o roteiro ainda mostra a rivalidade entre as próprias tropas da federação, principalmente entre a infantaria – que fica cara a cara com os insetos e o grupo que tem o maior número de mortes -, e a frota, os pilotos das naves e que são considerados superiores.


Outro destaque de Tropas Estelares é o design dos insetos alienígenas e as suas funcionalidades. Muito parecidos com os aracnídeos, esses insetos parecem ser bastante evoluídos, fortes, violentos, e são comandados por um “líder”, o cérebro que comanda todos – e não ironicamente, ele se alimenta dos cérebros dos humanos -. O filme dá a entender que eles já colonizaram outros planetas e o próximo seria a terra. E não podemos esquecer daqueles que conseguem voar e também as baratas gigantes (ou que parecem ser baratas gigantes).  Porém, há quem diga que os insetos estão atacando a Terra como forma de defesa, já que os humanos estão “invadindo” outros planetas para colonizá-los, e justamente queriam esse planeta onde os insetos moram, o tal Klendathu.



Se a primeira parte serviu para a ótima introdução dos personagens e situar o espectador sobre essa guerra intergaláctica, a segunda parte segue a intensa batalha contra os insetos, em um ritmo frenético com muita brutalidade. Tropas Estelares recebeu uma indicação ao Oscar de melhor Efeitos Especiais, rendendo sequências de ação espetaculares, seja nos embates em terra contra os insetos ou nas cenas que se passam no espaço, além de um CGI acima da média dos que haviam sido lançado na época.


Tropas Estelares também é eficiente no desenvolvimento dos personagens, com um apelo dramático que conquista o espectador. Mesmo que o romance adolescente entre os protagonistas seja chatinho, Casper Van Dien (Jhonny Rico), Denise Richards (Carmem), e Dina Meyer (Dizzy Flores) conquistam o público com o carisma e o drama de seus personagens, e junto com Carl Jenkins (Neil Patrick Harris), formam um quarteto de amigos que juram “amizade eterna” mesmo estando a milhares de anos luz separados, já que cada um decide seguir por um caminho diferente. Casper Van Dien já tinha um certo destaque em Hollywood, e Denise Richards se destacaria dois anos depois como a Bond Girl em O 007 – O Mundo Não é o Bastante. Desses, o mais famoso seria Neil Patrick Harris, que estrelaria a série “How I Met Your Mother”, e Dina Meyer já tinha se destacado também um ano antes no filme “Coração de Dragão”, e nos anos 2000 estrelaria os três primeiros Jogos Mortais. O elenco coadjuvante também se destaca bastante, principalmente os integrantes da infantaria, com um incrível laço de amizade, ainda mais que eles enfrentam juntos os insetos alienígenas. Desses, o mais conhecido é Michael Ironside, que interpreta o tenente Rasczak, que tem mais de 100 filmes em seu currículo.



Subestimado injustamente na época do seu lançamento, Tropas Estelares é uma das produções mais interessantes dos anos 90, fazendo uma crítica ao fascismo, ao mesmo tempo que é um sci-fi de guerra regado com muita ação e puro entretenimento nas suas 2h de duração. Paul Verhoven acerta no tom satírico e na critica social, no roteiro bem executado, nos personagens carismáticos, nos efeitos em CGI e os animatrônicos das criaturas alienígenas, até os corpos mutilados, o sangue jorrando para tudo que é lado, e a violência explicita não é gratuita. É exagerado em todos os sentidos, mas eficiente em sua mensagem, pelo menos para aqueles que entenderam. Tropas Estelares rendeu uma franquia com mais dois filmes, lançados em 2004 e 2008, onde Casper Van Dien reprisou o seu personagem, Jhonny Rico, no terceiro, além de outros derivados descartáveis.



TROPAS ESTELARES (STARSHIP TROOPERS)


Ano: 1997

Direção: Paul Verhoven

Distribuidora: Tristar Pictures

Duração: 129 min

Elenco: Casper Van Dien, Denise Richadrs, Dina Meyers, Neil Patrick Harris, Jake Busey, Clancy Brown, Seth Gillam, Patrick Muldoon e Michael Ironside.


NOTA: 9,0


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