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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | TOP GUN: MAVERICK (2022) + TOP GUN: ASES INDOMÁVEIS (1986)

Atualizado: 27 de fev. de 2023



TOP GUN: MAVERICK (2022)



06 Indicações ao Oscar: Melhor FILME, Melhor ROTEIRO ADAPTADO, Melhor SOM, Melhor EDIÇÃO, Melhor EFEITOS VISUAIS, e Melhor CANÇÃO ORIGINAL (Hold My Hand - Lady Gaga)



Top Gun – Ases Indomáveis foi um clássico instantâneo dos anos 80, ganhador de um Oscar, alavancou a carreira de Tom Cruise, e teve a maior bilheteria do ano de 1986. Mas o filme de Tony Scott é muito superestimado, não que seja ruim, pelo contrário, tinha ótimas sequências com os caça, a rixa imatura Maverick (Cruise) e Iceman (Val Kilmer), a maioria dentro do vestiário onde estavam só de toalha, e fez com que várias mulheres se apaixonassem por um Tom Cruise novinho, e tinha ainda um lindo romance entre Maverick e Charlie (Kelly McGillis), embalado pela clássica Take My Breath Away, da banda Berlin. O problema era a dinâmica do filme, e o fato de não ter uma história definida, mostrando tudo o que mencionei na frase anterior, e praticamente mais nada.


Trinta e seis anos depois, Tom Cruise, e seu icônico personagem, retornam para os cinemas com Top Gun – Maverick, mostrando que o nosso protagonista está na sua zona de conforto, sem subir de cargo na marinha, ainda como o famoso piloto que não tinha medo de arriscar. Repleto de referencias ao original, a produção, dirigida por Joseph Kosinski, é pura nostalgia, um presente para os fãs, e uma excelente introdução, ou reintrodução, para a nova geração, misturando refilmagem e sequência ao mesmo tempo. Além do retorno de Tom Cruise, Val Kilmer também está de volta como Iceman, o rival de Maverick no filme de 1986, e as novas adições no elenco são Miles Teller, Jennifer Connelly, Ed Harris, Bashir Salahuddin, Jon Hamm, Charles Parnell, Monica Barbaro, Lewis Pullman, e Jay Ellis.


Pete “Maverick” Mitchell ainda é um piloto da marinha americana, mas agora é capitão, e que se recusa deixar de fazer o que mais gosta. Mas tudo muda quando ele é chamado de volta a escola de elite Top Gun para treinar novos pilotos em uma missão arriscada, onde ele começa a relembrar do seu passado.


Top Gun – Maverick é o que todos estavam esperando, e muito mais, e já digo que é o melhor filme do ano até agora. A continuação, que as vezes parece ser uma refilmagem, repete toda a dinâmica inicial do filme de 1986, com o texto explicando o que é a Top Gun, a icônica sequencia do hangar ao som de Danger Zone, de Kenny Loggins, tudo recriado cena a cena, é uma referência ao original, e uma homenagem ao diretor Tony Scott, irmão do também diretor Ridley Scott, que faleceu em 2012. Ases Indomáveis, praticamente, não tinha um roteiro bem definido, e isso é corrigido na sequência, mostrando a equipe de Maverick treinando para uma missão impossível que somente ele conseguiria. A trama é bem simples e muito bem desenvolvida, redondinha, sem deixar nenhum furo, trazendo muitas cenas emotivas que, basicamente, são das lembranças de Maverick sobre o seu passado, a sua juventude na Top Gun, a amizade com Goose (Anthony Edwards), e até sua rivalidade com Iceman (Val Kilmer), que variam entre flashbacks e fotos no mural; a namorada de Maverick, Kelly McGuillis, a Charlie, não é mencionada em nenhum momento. Sem a atriz, o interesse amoroso do personagem de Cruise é Penelope (Jennifer Connelly), e aí que está o único mísero erro no roteiro: o relacionamento deles precisava de mais tempo para se desenvolver, mas é bonito da mesma forma.



Um dos maiores destaques do filme original eram as sequencias de ação com os caças, como se o espectador realmente estivesse dentro dos aviões com os personagens. Em Top Gun – Maverick, temos o mesmo esquema, porém, é infinitas vezes melhor, e não só devido a tecnologia atual. Curiosamente, Tom Cruise também é piloto, voou com os caças no filme, e o ator pediu para que o elenco também tivesse a mesma sensação, ou seja: Miles Teller e os seus colegas realmente voaram em um caça, após meses de treinamento, onde pilotos reais comandavam as naves. E repetindo a técnica do original, câmeras foram instaladas dentro das cabines das aeronaves, captando toda ação de uma forma mais real do que antes, fazendo com que a imersão do público seja ainda maior, e o resultado: sequências de ação cheias de adrenalina jamais vistas, e com muita tensão, principalmente na parte final, quando a missão realmente começa. E da mesma forma que aconteceu com Ases Indomáveis, a edição dos sons da continuação é incrível, fazendo um barulhão digno de ser ouvido, e visto, em uma tela de cinema. No mínimo, prevejo indicações ao Oscar na parte técnica vindo aí.


O ponto chave de Top Gun – Maverick são os personagens, também repetindo a dinâmica do original: Tom Cruise é o instrutor, que podemos fazer ligação com a personagem de Kelly McGillis, que tinha a mesma função, tem os alunos que vão aprender sobre a missão, incluindo uma rixa entre dois deles (igual a dos personagens de Cruise e Val Kilmer), e o interesse amoroso de Maverick, a personagem de Jennifer Connelly. Cruise é a alma de Top Gun, e aqui, seu personagem é muito mais trabalhado: o seu principal conflito é com o passado, ainda lidando com a morte de seu melhor amigo, Goose, em Ases Indomáveis, relembrando os melhores momentos daquela época (através de nostálgicos flashbacks), mas também, ele não quer seguir em frente e deixar o passado para trás, seja por se sentir culpado pela morte de Goose, ou pela sua carreira, já que ele ama o que faz, e não quer subir de patente (cargo). A carga emocional é grande, e pode sensibilizar mais os que já assistiram o primeiro filme, e é realmente emocionante. Não tem o que dizer de Tom Cruise em Top Gun – Maverick, a não ser que ele é um baita ator, e está maravilhoso no seu filme.


Miles Teller é Bradley Bradshaw, codinome Rooster, e pelo seu visual, com o bigode, é clara a referência a Goose, o personagem de Anthony Edwards em Ases Indomáveis; porém, não é só uma referência, fica a dica. Há um intenso conflito entre ele e Maverick, e é o que movimenta grande parte da trama, responsável por vários momentos emocionantes. O ator já havia mostrado seu talento em Whiplash, e em Top Gun ele está incrível, pegando muito da essência de Goose, que claro, é ajudado pelos flashbacks. A tão comentada rixa entre os personagens de Tom Cruise e Val Kilmer no primeiro filme, é repetida aqui, mas agora, entre Rooster e Hangman, interpretado por Glen Powell, que ganha uma dimensão mais atual (lê-se sair na porrada), e apesar de não ter o mesmo impacto, é igualmente divertido. Os outros pilotos acabam ganhando mais destaque do que antes, e todos tem uma interação melhor, com destaque a uma partida de futebol americano na beira da praia, no pôr do sol, clara referência ao jogo de vôlei no original.



Kelly McGuillis interpretava Charlie, o par romântico de Tom Cruise, mas acabou não voltando para o novo filme por causa de sua idade, segundo a própria atriz. Polêmicas a parte, a nova namorada de Maverick é Penelope, personagem interpretada por Jennifer Connelly, que se identifica como a filha do almirante (mas qual??). Como havia dito antes, o romance deles precisava de mais tempo para desenvolver, e parece não ter tanta importância para a trama, e com isso, não chega aos pés da parceria entre Cruise e McGuillis. Porém, a química do ator com Connelly é visível em tela, e acaba dando certo. A personagem não estava em Ases Indomáveis, e o filme não explica, mas deixa a entender qual a história deles. E por fim, tem a participação superespecial, e emocionante, de Val Kilmer como Tom “Iceman Kasanski, o grande rival do personagem de Tom Cruise, no original. No filme, Iceman tem um câncer na garganta que o dificulta à falar, a mesma coisa que o ator Val Kilmer tem na vida real, e isso é retratado no filme. É uma participação realmente emocionante.


No final da sessão, é provável que caia umas lagrimas dos olhos do espectador, ficando a impressão de que todos os arcos dramáticos dos dois filmes são encerrados aqui. Top Gun – Maverick consegue superar o original, por conta do roteiro mais elaborado (só pelo fato de ter um), pelas sequencias de ação com os caças, bem mais eletrizantes do que antes, e tem o fator crucial da nostalgia, com as referências e homenagens a Ases Indomáveis, que enchem os olhos de emoção de quem conhece o universo de Top Gun. Só não supera o impacto cultural que o original teve, mas chega perto. Tom Cruise, e o diretor Joseph Kosinski, nos entregam o blockbuster perfeito da temporada, um filme de aventura jamais visto, onde tudo parece real, e praticamente é, com um terceiro ato repleto de ação e que te levará para o ponto mais alto da emoção, mostrando que é necessário deixar o passado para trás, e seguir em frente. Funciona tanto como uma refilmagem, quanto uma continuação (mas na verdade é uma continuação), e para a experiência ser ainda mais incrível, é melhor assistir Top Gun – Ases Indomáveis antes de Top Gun – Maverick. Ou pelo menos, saber dos acontecimentos principais do original. É o melhor filme do ano, até agora.




TOP GUN - MAVERICK


Ano: 2022

Direção: Joseph Kosinski

Elenco: Tom Cruise, Miles Teller, Jennifer Connelly, Ed Harris, Val Kilmer, Bashir Salahuddin, Jon Hamm, Charles Parnell, Monica Barbaro, Lewis Pullman, e Jay Ellis



NOTA: 10




















 

TOP GUN: ASES INDOMÁVEIS (1986)



Top Gun – Ases Indomáveis é um dos filmes mais populares da década de 80, e a maior bilheteria do ano de seu lançamento, 1986, com U$ 357 milhões arrecadados, se tornando um clássico do cinema. O filme também foi responsável por lançar o astro Tom Cruise ao estrelato, onde ele interpretava o protagonista Pete “Maverick” Mitchell, que sonhava em se tornar o melhor piloto de caça dos EUA. Com quatro indicações ao Oscar, onde venceu na categoria Melhor Canção Original, com Take My Breath Away, da banda Berlin, Top Gun é um filme que quase não tem história, mas tem ótimas sequências com os aviões de caça, muita rixa entre os pilotos, e um romance bonitinho que encantou a geração dos anos 80. Além de Tom Cruise, estão no elenco Val Kilmer, Kelly McGillis, Anthony Edwards, Meg Ryan, Tom Skerrit, Tim Robbins e Michael Ironside.


Na trama, o piloto de caça Pete "Maverick" Mitchell (Tom Cruise) sonha em ser o melhor de todos, e consegue a oportunidade de ir para a melhor escola de aviação americana, a Top Gun. Junto com seu parceiro de voo, e melhor amigo, Goose (Anthony Edwards), Maverick precisa lidar com um outro piloto, Iceman (Val Kilmer), e também, acaba se envolvendo romanticamente com a instrutora Charlie (Karen McGillis).


Top Gun é uma escola de aviação da marinha americana onde estão os melhores pilotos, os escolhidos para irem para guerras e conflitos, e é lá que a história se desenvolve. Aliás, o filme estreou durante a Guerra Fria, que terminou em 1991. O roteiro de Ases Indomáveis é muito previsível, não tem muita coisa para mostrar, e não é tão desenvolvido, e não precisa ser, basta apenas mostrar as sequências de voos dos aviões, os pilotos de caça treinando, e as desavenças entre eles, com direito a alfinetadas, rixas, e discussões envolvendo masculinidade, tudo isso dentro do vestiário masculino, com homens só de toalha. Mas Top Gun não é só sobre isso, é também sobre amor (entre Maverick e Charlie), e amizade (Maverick e Goose), além de retratar como é a profissão dos pilotos da marinha, e é nesses arcos emocionais que o filme de Tony Scott se apoia. A parte técnica é outro destaque da produção, indicada também nas categorias Melhor Edição, Som, e Efeitos Sonoros. As sequências aéreas são ótimas, e é como se o espectador estivesse mesmo dentro dos caças, é uma imersão incrível que sentimos, tudo graças as câmeras que estão dentro das cabines do avião, e fora.



Com Ases Indomáveis, Tom Cruise viu sua carreira voar alto ao interpretar o “indomável” Maverick, um piloto com personalidade forte, assombrado pelo passado do pai desaparecido. O personagem acaba se envolvendo com a determinada instrutora da academia, Charlie (Kelly McGillis), onde ambos acabam se apaixonando e vivendo um romance, e é indiscutível a química entre eles; e é curioso também, hoje em dia, ver a incrível Meg Ryan em um papel menor, interpretando a esposa de Goose (Anthony Edwards), mas a atriz estava a recém no início da carreira. E falando nele, o personagem de Edwards é o melhor amigo de Maverick, e eles tem uma amizade bonita, e divertida. Mas o destaque é a rivalidade entre Maverick e Iceman (Val Kilmer), ridícula e boba, coisas de adolescentes e “machões” que querem se achar melhor que o outro, mas é engraçado acompanhar os embates entre eles, a maioria é dentro do vestiário, onde eles ficam apenas de toalhas; a tensão sexual ali é enorme, e muita gente falava sobre uma suposta relação homoafetiva na época.


Top Gun – Ases Indomáveis se destaca pelas cenas de ação com os caças, pela rixa entre Tom Cruise e Val Kilmer, e o romance de Maverick e Charlie, ao som da linda Take My Breath Away, e só isso, já que falta um bom roteiro (previsível e cheio de clichês), ou se é que tem um. Mas não tira o mérito do grande clássico que é, a sua importância para a cultura dos anos 80, e o impacto que teve, e mesmo assim, é um ótimo filme.




TOP GUN - ASES INDOMÁVEIS


Ano: 1986

Direção: Tony Scott

Elenco: Tom Cruise, Val Kilmer, Kelly McGillis, Anthony Edwards, Meg Ryan, Tom Skerrit, Tim Robbins e Michael Ironside



NOTA: 8,0


Disponível na GLOBOPLAY e na STAR +.
















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