CRÍTICA | TODOS MENOS VOCÊ

Nos últimos anos, as comédias românticas foram perdendo espaço nos cinemas – dando preferência para lançamentos mais comerciais -, e muitos filmes do gênero acabaram sendo lançados diretamente nos streamings. E indo na contramão, temos a produção da Columbia Pictures/ Sony “Todos Menos Você”. O filme de Will Gluck (de Amizade Colorida) teve uma excelente campanha de marketing nas redes sociais – principalmente no Tik Tok -, arrecadando mais de U$150 milhões nas bilheterias pelo mundo, feito que há anos não víamos de uma comédia romântica. Mas será que vale a pena esse hype todo em torno do filme?

Trazendo como protagonistas os dois astros em ascensão do momento, Glen Powell (Top Gun: Maverick) e Sydney Sweeney (da série Euphoria), a trama de Todos Menos Você começa com Bea (Sydney) e Ben (Glen) se conhecendo em uma cafeteria, onde acabam passando a noite juntos. Tudo parecia perfeito até que eles acabam brigando e cada um segue com a sua vida. Tempos depois, os dois acabam sendo convidados para o mesmo casamento na Austrália, e precisam lidar com a situação entre eles para não atrapalhar o casamento.

Todos Menos Você é inspirado na obra de William Shakespeare, Muito Barulho por Nada (Much Ado About Nothing), e tem todos os clichês possíveis de um filme do gênero: o casal protagonista que se odeia, mas vão conhecendo seus medos, a história de vida, e acabam descobrindo que são perfeitos um para o outro, entre vários outros. A diferença é que o filme puxa mais para o lado cômico do que o romance em si, criando situações hilárias, absurdas, e algumas até mais sensuais, com direito a nudez e cenas bizarras. Além disso, ainda tem referências à cultura pop, como o filme Titanic, e a clássica música “Unwritten”, da Natasha Bedingfield, usadas de maneira brilhante. Mas a trama não é só comédia e romance, tem umas pitadas de drama, principalmente nos conflitos pessoais de cada um dos personagens. Aqui talvez seja um dos únicos problemas da produção: algumas vezes, o drama parece não se encaixar com o teor cômico da trama, além de o roteiro não aprofundar nos conflitos pessoais, mas nada que estrague o charme do filme e as situações.

O maior acerto de Todos Menos Você é o casal protagonista, Glen Powell e Sydney Sweeney, que esbanjam carisma e muita química. É divertido ver a implicância entre os dois, a forma como eles se amam e se odeiam, gerando muita confusão, momentos divertidos, e situações extremamente infantis; mas é essa a proposta do filme, e está tudo bem. De destaque no elenco ainda Dermot Mulroney, que interpreta o pai de Bea, Darren Barnet e Charlee Fraser, os ex-namorados de Bea e Ben, respectivamente – personagens que estão na trama apenas para criar um conflito nada de relevante -, e Alexandra Sheep (de Pânico 5 e 6), a futura esposa da irmã de Bea, Halle (Hadley Robinson).

Todos Menos Você não é só uma comédia romântica com um casal lindo e padrão, a produção consegue se destacar no gênero, e não tem a pretensão de revolucionar as comédias românticas, apenas nos apresentar uma história boba e divertida sobre duas pessoas que se odeiam, mas sabem que são feitos um para o outro. É uma produção bem alto astral, com piadas de humor ácido, momentos fofos, muita confusão, e um timing cômico incrível, e tudo isso com as belas paisagens da Austrália – principalmente a mansão onde a trama acontece, em uma praia paradisíaca de dar inveja -. Talvez seja exagero, mas o filme de Will Gluck possa trazer de volta os lançamentos das comédias românticas para os cinemas, uma boa surpresa para os amantes do gênero.