CRÍTICA | TICK, TICK... BOOM!

Atualizado: 18 de fev. de 2022

02 Indicações ao Oscar: MELHOR ATOR (Andrew Garfield) e MELHOR EDIÇÃO

O gênero musical já foi muito apreciado pelo público antigamente, mas hoje em dia, não tanto mais (a não ser que seja uma adaptação em live action da Disney). Temos aqueles mais teatrais, com figurinos exuberantes, e cenários belíssimos, como La La Land, e os mais simples, como Yesterday, dos Beatles; além dos autobiográficos, Bohemian Rhapsody, do Queen, e Rocketman, do Elthon John. Agora, temos “Tick, Tick... Boom!”, lançado pela Netflix, um musical também autobiográfico de Jonathan Larson, compositor de um dos musicais mais famosos e premiados da Broadway, Rent. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia/Musical, e de Melhor Ator, do mesmo gênero, para Andrew Garfield, a produção é dirigida por Lin-Manuel Miranda, grande fã do musical da Broadway, e tem no elenco Alexandra Shipp, Robin de Jesus, Bradley Whitford e Vanessa Hudgens.

A trama se passa em Nova York. no finalzinho dos anos 90, e é baseada na peça de mesmo nome, Tick, Tick... Boom!, que acompanha a corrida vida de Jonathan Larson para lançar um musical que ele escreveu durante oito anos.

Grande aposta para o Oscar 2022, Tick, Tick... Boom! é uma produção que retrata os problemas que um artista em início de carreira passa para ter reconhecimento, e os seus problemas pessoais, consequência dos seus esforços para consegui-lo. De início, o filme pode ficar um pouco confuso, e a trama leva um tempinho para dar uma engrenada, mas depois, o diretor Lin-Manuel Miranda, consegue nos envolver com uma trama bem conduzida, através dos números musicais com letras profundas, servindo para uma boa reflexão sobre a nossa existência, e as conquistas antes dos trinta anos, no caso do filme aqui. Acho que o excesso de números musicais atrapalhou um pouco a dinâmica em alguns momentos, ainda mais que muitos não funcionam. E como plano de fundo, o enredo fala sobre os problemas que os jovens passam, como a pressão para ter sucesso, problemas financeiros, amizades e relacionamentos, além da propagação da AIDS, que estava em alta na época, tudo com muita emoção, e uma sensibilidade incrível.

Vencedor do Globo de Ouro de melhor ator, Andrew Garfield é o grande destaque, interpretando o protagonista Jonathan Larson, brilhando em todos os momentos da trajetória do personagem, seja nos momentos tristes, alegres, nas conquistas e nas perdas. Garfield entra no personagem, e consegue mostrar a personalidade marcante de Jonathan, o seu carisma, o seu jeito caótico, agitado, e vulnerável, conquistando o espectador com toda a sua simpatia, além de cantar muito bem. Ele quer seguir carreira como compositor, e fará de tudo para conquistar esse sonho, passando por situações desesperadoras, e que poderá colocar em risco a sua amizade com seu melhor amigo de infância, e homossexual, Michael (Robin de Jesús), e a sua namorada Susan (Alexandra Shipp). Robin e Alexandra estão perfeitos em seus papéis, e apresentam uma boa química com Garfield, fazendo com que o público torça para que tudo dê certo com eles.

Outros destaques são a ótima fotografia, e a direção de arte, mostrando uma NY nostálgica, ainda que abalada com os eventos durante a década de 80, com ambientações mais escuras, e muitas cenas a noite, inspirado muito no musical Rent. Tick, Tick...Boom! é uma produção comovente que nos faz refletir sobre a nossa existência, o que fazemos, e o que deixaremos do nosso legado, com uma trama simples, e sincera, embaladas por canções emocionantes, e também, sobre mostrar quem nós somos, antes do relógio acabar, antes do “boom”, como sugere o título do filme. Destaque para a poderosa atuação de Andrew Garfield no papel de Jonathan Larson, criando um personagem apaixonante e corajoso. Ainda que tenha alguns erros, é um agradável musical, e que, com certeza, receberá algumas indicações ao Oscar desse ano.