19 de out. de 20173 min para ler

CRÍTICA | TEMPESTADE: PLANETA EM FÚRIA

Atualizado: 3 de nov. de 2021

Um dos subgêneros mais legais do cinema é o filme catástrofe: Impacto Profundo, Armageddon, 2012, O Dia Depois de Amanhã e o recente Terremoto – A Falha de San Andreas, são bons exemplos desse tipo. De objetos vindos do espaço até aquecimento global, existem várias formas que os diretores usam para ameaçar a vida no planeta, mas são as mudanças climáticas mais populares hoje em dia. E é aí que o filme de estreia do diretor Dean Devlin, que foi parceiro profissional do alemão Roland Emmerich, utiliza para dar a sua versão do fim do mundo, com o mediano Tempestade – Planeta Em Fúria. Misturando conspiração e crise política com ameaça climática, no elenco desse filme desastre está Gerard Butler, Abbie Cornish, Jim Sturgess, Alexandra Maria Lara, Talita Bateman, Ed Harris e Andy Garcia.

Após vários desastres naturais causado pelo clima, o engenheiro Jake Lawson (Gerard Butler) cria um sistema de satélites, situados ao redor do planeta, que controla o clima. Após um incidente em um lugar da Terra, o governo chama Jake para tentar descobrir qual a falha no sistema causou o desastre, e acaba descobrindo uma conspiração para colocar o planeta em risco, criando vários desastres naturais ao mesmo tempo, chamado de Geostorm.

Planeta em Fúria é bem diferente dos típicos filmes catástrofes que já foram lançados, mas isso não quer dizer que o resultado foi bom. Parece que todo o filme é muito artificial, e os “desastres naturais” não são tão naturais assim, já que o clima é controlado por satélites. Mas qual desculpa para as cenas de destruição? Uma conspiração, claro. E é nisso que o roteiro de Dean Devlin foca, um complô político, bem no ano de eleição, óbvio, com direito a investigação e tudo, deixando as catástrofes como consequência. Como todo filme do subgênero, não é necessária uma história complexa, mas aqui, não convence, tem reviravoltas, e um final chato e previsível. Aliás, clichês típicos é o que não falta: o drama familiar, o herói que salva o mundo, discurso motivacional, e muita emoção, que geralmente funciona, mas não é o caso.

Se a história não é boa, pelo menos, os efeitos especiais, na hora da destruição, tem que ser. E nisso, Planeta em Fúria se sai bem. Tempestades de chuva, areia, e até fogo, ondas gigantes, congelamentos, aquecimentos, tudo com efeitos especiais bons, mas nada de impressionante, soando pouco artificial em algumas cenas; Japão, Dubai e até o Rio de Janeiro são alvos da destruição. Aliás, a cena na cidade do Rio é bem interessante, e ganhou bastante destaque, diferente de como foi no filme 2012, de Roland Emmerich, onde todos esperavam para ver a cidade maravilhosa destruída, mas tivemos que nos conter com cinco segundos do Cristo Redentor se partindo ao meio.

Gerard Butler se sai bem em filmes de ação, como Invasão à Casa Branca, e suas sequências, mas em Tempestade – Planeta em Fúria, o ator não convenceu muito. Seu personagem, Jake Lawson, é o criador do programa que controla o clima na Terra, o Dutch Boy, durão e sem muito carisma, que se limita a dar socos e discutir com todo mundo para provar que “é o cara”. E o drama com seu irmão é bem desenvolvido, mas muito clichê. Dois atores veteranos, Ed Harris e Andy Garcia, fazem parte do núcleo político, onde Harris é o primeiro ministro, e Garcia é o presidente, possível suspeito por trás da conspiração. Os outros coadjuvantes estão na trama apenas para seguirem suas funções, e fazer piadas, como por exemplo, os personagens de Abbie Cornish e Jim Sturgess, que mantém um relacionamento secreto, para no final, revelarem o segredo para a única pessoa que não poderia saber. Clichê também, mas pelo menos é engraçado.

O roteiro ainda reserva um plot twist previsível, e tem uma conclusão burocrática, e com toda a crise política envolvida, a conspiração, e a trama investigativa, quase nem parece que Tempestade – Planeta em Fúria é um filme catástrofe. Pelo menos, as destruições são boas, e as cenas na central de controle no espaço são bem produzidas, criando uma ótima tensão para deixar o público aflito. A Falha de San Andreas, com o astro Dwayne Johnson, é um entretenimento bem melhor do que esse.