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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | SUPERMAN - O RETORNO



Quando foi lançado em 2006, Superman – O Retorno não fez o sucesso esperado pela Warner, e o estúdio arquivou os próximos filmes que o diretor, Brian Singer, tinha em mente; até o lançamento do universo cinematográfico criado por Zack Snyder, o que conhecemos atualmente. Antes mesmo de ser produzido, já haviam indícios de uma nova repaginada, não só no Superman, mas também nos outros heróis da DC (nessa época, havia o Batman na visão de Christopher Nolan). Passando pelas mão de vários diretores, como Tim Burton, J.J. Abrams e McG (diretor de As Panteras, em 2000, e As Panteras: Detonando, de 2003), a Warner optou por Bryan Singer, que vinha dos sucessos X-Men: O Filme (2000) e X-Men 2 (2003), para dirigir o novo filme do homem de aço.


Singer optou por não seguir essa “nova repaginada” do herói, e se conectar ao máximo com os clássicos estrelados por Christopher Reeve, nos anos 70 e 80: Superman – O Retorno, é uma continuação direta dos dois primeiros filmes do homem de aço, ignorando o terceiro e o quarto filme, considerados fracassos. Com isso, teríamos um dos filmes de super-heróis mais injustiçados, tudo por não ter se conectado com o público atual, que estavam se acostumando com os filmes da Marvel; nessa época, tinha a trilogia do Homem Aranha, de Sam Raimi. Escalando o desconhecido Brandon Routh para interpretar o herói, muito criticado também, Superman – O Retorno deixava as eloquentes sequencias de ação de lado, e focava em uma história mais trabalhada, nos dilemas do homem de aço. Ainda tinha no elenco Kevin Spacey, Kate Bosworth, Parker Posey, James Marsden, Frank Langella e Sam Huntington.


Na trama, Superman/Clark Kent (Brandon Routh) retorna a Terra depois de cinco anos desaparecido, e precisa retomar a sua vida de onde parou, inclusive resolver sua situação com Lois Lane (Kate Bosworth), que se casou e tem um filho. Mas Superman descobre um plano misterioso de Lex Luthor, que poderá colocar mais da metade do mundo em risco, e precisa impedi-lo antes que seja tarde.



Realmente, Superman – O Retorno é um filme bastante incompreendido por todo mundo, e é muito bom, ainda mais porque se conecta com os clássicos estrelados por Christopher Reeve. Brian Singer, junto com os roteiristas Dan Harris e Michael Dougherty, optaram por fazer um filme que ia na contramão dos filmes de super-heróis, com muita ação e pancadaria, e menos enredo; e provavelmente foi por isso que o público não se conectou muito com a produção. Os mais jovens, claro, porque o novo filme do homem de aço acaba agradando mais os fãs dos filmes antigos do que o novo público. O roteiro acertou em não mostrar novamente quando Kal-El chegou na Terra, já que é uma continuação dos filmes antigos, e também, temos a série Smallville, que mostrava a adolescência do Superman. E com isso, acompanhamos os dilemas do herói ao retornar para o nosso planeta - “será que o mundo realmente precisa do Superman”, e a sua relação com Lois Lane, que se sentiu abandonada, e agora, é casada e tem um filho (será que é dele?). Ao mesmo tempo, vemos o plano mirabolante de Lex Luthor em criar um novo continente, através de uns cristais de Krypton, mesmo que destrua grande parte do planeta. E aqui, temos um exemplo da conexão que o novo filme tem com o original: no primeiro, Gene Hackman interpretava o vilão, e ele queria construir uma cidade em uma ilha, e não em um continente. Claro que agora, com um tom mais apocalíptico do que antes.


Superman – O Retorno tem sim sequencias de ação, não muitas, mas tem, e são muito bem produzidas. Tirando a épica cena do avião, e a longa sequencia final, vemos o homem de aço salvando os cidadãos de Metrópoles, e de outras cidades pelo mundo, que é a essência do herói, e essa é mais uma das conexões que Brian Singer fez com o original. Os efeitos especiais são incríveis, e bem produzidos, ainda mais para os anos 2000, justificando o seu grande orçamento de U$ 270 milhões. Outro destaque é a direção de arte, que conseguiu pegar a ambientação de Metrópoles dos filmes dos anos 70 e 80, e transportar para os dias atuais, com toda a tecnologia, criando um espetáculo visual incrível, algo semelhante como fizeram com Gothan City na trilogia de Christopher Nolan.



Christopher Reeve foi o maior intérprete do homem de aço, fazendo quatro filmes como o herói, e a sua substituição seria um peso para o novo ator. Coube então, ao desconhecido Brandon Routh assumir o cargo, alvo de bastante críticas quando ele foi anunciado. O ator, que foi escalado por ser muito parecido com Reeve, se sai bem no papel do Superman, tem um grande carisma, só que ele é muito tranquilo, faltou um pouco de raiva, ou mais expressão. É uma boa atuação, e está tudo bem, mas poderia ter sido melhor. Kate Bosworth é a nova Lois Lane, que incomoda um pouco por ela estar sempre emburrada com o seu amado, e faltam também um pouco de carisma na personagem. A relação entre Clark Kent e Lois é muito bem trabalhada no roteiro, e a química entre eles acontece, mas não como o esperado. O grande destaque é Kevin Spacey (antes das confusões envolvendo-o) com seu Lex Luthor, fazendo um vilão caricato, clássico (que vilão usa mapas??), divertido e ameaçador, diferente como de costume. Ele é quase que bipolar, é premeditado, inteligente, mas também tem seu lado mais sensível. Quem também marca presença é Parker Posey como a namorada de Lex Luthor, Kitty, sempre com seu cachorrinho nas mãos, divertida, e com tiradas sensacionais (algumas de pura burrice, outras de ironias), e é notável que ela não apoia tanto as ideias loucas dele.


Superman – O Retorno é um filme com poucas cenas de ação e pancadarias, apostando mais em um desenvolvimento melhor da história, e nos dilemas do homem de aço, e acredito que seja esse um dos motivos de a produção de Brian Singer não ter conquistado o seu público. O diretor da um toque mais emotivo, sempre buscando a essência do herói, e se conectando com os filmes clássicos, com um enredo mais sério, e humano. Ainda tem o clássico tema, criado por John Williams, mas aqui, com leves retoques, e Superman salvando a população. Da para dizer que o filme fecha o ciclo do herói criado por Richard Donner, lá em 1978, onde depois, se iniciaria o universo de Zack Snyder.



SUPERMAN - O RETORNO (SUPERMAN RETURNS)


Ano: 2006

Direção: Brian Singer

Elenco: Brandon Routh, Kevin Spacey, Kate Bosworth, Parker Posey, James Marsden, Frank Langella e Sam Huntington.



NOTA: 8,5



Disponível na HBO MAX.














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