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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | SOUL



É fato que os filmes dos estúdios da Pixar não são somente voltados para o público infantil, e sim para os adultos também. Algumas histórias são complexas, cheias de informações, e abordam temas que, provavelmente, muitas crianças não vão entender: a psicologia em Divertida Mente, ou a morte em Viva A Vida É Uma Festa; elas vão se entreter com os personagens e os acontecimentos, mas o sentido do filme poderá passar despercebido. Depois de ter explorado a cultura mexicana do dia dos mortos, em Viva, a Pixar lança Soul, animação que se apoia no espiritismo para tentar responder uma pergunta que todo mundo já fez, ou faz: qual o sentido da vida?


Joe (na voz de Jamie Foxx) é um professor de música, frustrado com sua vida, e que sonha ser um astro do Jazz. Ele acaba sofrendo um acidente e desencarna (morre). Lá no outro plano, Joe não aceita a sua morte, e com a ajuda do espirito número 22 (na voz de Tina Fey), que não quer encarnar na Terra, ambos embarcam em uma jornada de descobrimento e aprendizado sobre o propósito de suas vidas.


Assim como as outras animações da Pixar, Soul é um pouco complexo, aqui, no caso, para quem não está familiarizado com o espiritismo, mas o filme de Peter Docter consegue apresentar uma base para que o espectador entenda. A contínua mudança de ambiente também pode dificultar o entendimento da história, já que o filme começa na Terra, depois passa para o plano espiritual, daí volta para a Terra, e por aí vai, mas isso não tira a simplicidade e a beleza da história.


As cenas mais legais se passam no “além”, mostrando toda a dinâmica e organização da “pós vida”, com paisagens simples, mas inovadoras, e os personagens carismáticos e fofos são incríveis, como as almas jovens à espera da encarnação e os que organizam o plano espiritual para que tudo ocorra corretamente, representado com formas tridimensionais. Mas também é interessante, além de ser um grande aprendizado, acompanhar a trajetória de Joe e 22 na cidade de Nova York, quando os personagens, acidentalmente, “trocam de corpos”. A amizade que vai crescendo entre os dois ao longo da trama é sensacional, e a sintonia entre eles é ótima, nos fazendo ter empatia por eles, mesmo quando fazem coisas erradas.



Soul nos dá uma lição importante ao abordar alguns temas. como a obsessão pelo trabalho, o propósito da nossa existência e o individualismo, tendo como base o espiritismo e a vida depois da morte, onde a dupla terá muitos questionamentos e passarão por várias situações e conflitos entre si, enriquecendo ainda mais a trama e a nossa conexão com os personagens, do melhor jeito Pixar que pode ter. E pontos também por apresentar um protagonista negro, feito raro no estúdio, e por introduzir a beleza do Jazz e do Soul, estilo musical associado a cultura afro-americana, que é também a maior motivação do personagem. Aliás, o título do filme representa uma ambiguidade na trama: Soul significa alma, mas também é o gênero musical que o filme aborda.


Apesar das tentativas frustradas de Joe em escapar do seu destino, existe um motivo pelo qual ele e o espirito 22 acabam se conhecendo, e apesar de terem problemas pessoais bem diferentes, a pergunta final é a mesma para ambos: qual o sentindo da vida? Mas se 22 nunca encarnou na Terra, como que ela descobrirá essa resposta? E eis que chegamos no ato final da história, e acompanhamos o destino da dupla, emocionante e com muito aprendizado, momento que você precisará de lenços para enxugar as lágrimas.


Soul é a animação mais adulta do estúdio, ao lado de Divertida Mente, com belas lições sobre como enxergar a vida, questões existenciais e na busca por um propósito para a nossa vida, e que não podemos alcança-las sozinho. A animação não é necessariamente sobre o espiritismo, na forma didática, e sim, apoiado nessas questões filosóficas que podem se estender a qualquer religião, mas que são mais comuns na doutrina espírita. Um lindo e emocionante filme, com personagens fofíssimos e uma trama envolvente e diferente. Mais uma vez, a Pixar acerta.




SOUL


Ano: 2020

Direção: Pete Docter, Kemp Powers

Elenco: Vozes de Tina Fey, Jamie Foxx, Rachel House, Daveed Digs e Alice Braga



NOTA: 9,0




Disponível no DISNEY+










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