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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | RESIDENT EVIL: BEM-VINDO A RACCOON CITY



Para quem não conhece, Resident Evil é uma das franquias de videogame de maior sucesso. O primeiro RE, lançado em 1996, para o PS1, inovou o estilo “survivor horror”, rendendo uma trilogia, lançada em 1998 e 1999, e uma longa franquia, com mais de dez jogos, incluindo versões remasterizadas e remakes. Chris Redfield, Jill Valentine e Albert Wesker, do primeiro RE, e Claire Redfield e Leon S. Kennedy, do segundo game, são os mais famosos personagens da série. E não menos importante, ainda tinha o “brasileiro” Carlos Oliveira, do terceiro RE, que contava com o retorno de Jill, e o monstro Nemesis, que apareceu nos filmes de Paul W. S. Anderson e da Milla Jovovich.


Falando neles, lá em 2002, o então futuro casal decidiu adaptar os jogos de RE, colocando uma personagem que não existia nos games, Alice (Jovovich), como a principal, além de seguir um enredo completamente diferente da franquia dos jogos; o único que mais chegou perto foi Resident Evil 2: Apocalipse. Muito criticado pelos fãs dos games, eu particularmente acho terríveis, a franquia criada por Paul W. S. Anderson fez um enorme sucesso, rendendo seis filmes, e uma bilheteria que passa dos U$1 bilhão de dólares.


Em 2016, a saga de Alice terminava, e indícios de um reboot dos filmes logo surgiu; até uma série foi anunciada. Anos depois, um novo filme de Resident Evil foi confirmado, onde a trama seria mais fiel aos jogos, fato que foi comprovado com o lançamento do trailer, dando uma luz no fim do túnel para os fãs que ansiavam por uma adaptação digna. Intitulado de Resident Evil: Bem Vindo à Raccoon City, a produção é uma adaptação fiel aos dois primeiros jogos do PS1, especificamente, nos remakes, trazendo cenas idênticas e icônicas dos jogos. Já vou dizer que o filme, dirigido por Johannes Roberts, apesar de ter vários erros, é muito melhor do que a saga de Alice. No elenco estão Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue e Neal McDonough.


A trama se passa em 1998, e mistura os eventos dos Resident Evil 1 e 2 dos jogos. Os integrantes do Bravo Team, Wesker (Tom Hooper), Chris Redfield (Robbie Amel), Jill Valentine (Hannah John-Kamen), junto com Brad e Richard, recebem a missão de investigar a mansão Spencer, nos arredores de Raccoon City. Enquanto isso, uma epidemia descontrolada toma conta da cidade, onde Claire Redfield (Kaya Scodelario) e Leon S. Kennedy (Avan Jogia), que estão na delegacia de policia (R.P.D.), precisam escapar antes que a cidade seja destruída.



Como deu para perceber, a narrativa de Bem-Vindo à Raccoon City acontece em duas linhas de tempo: na mansão Spencer, e na delegacia de policia da cidade. Adaptar a trama dos dois primeiros jogos, em um filme de 2h de duração, foi arriscado, não deu muito certo, mas também não foi um desastre. Focando mais nos acontecimentos do segundo game, Johannes Roberts, que também roteirizou, deixou muita coisa de lado, pegando o básico de cada trama, sem se aprofundar, fazendo uma “mistureba”. Para os fãs que conhecem a história, pode não agradar tanto, mas para quem não conhece, é o suficiente para descobrir o universo dos clássicos jogos de Resident Evil, e esquecer a terrível franquia de Paul Anderson.


Realmente, o diretor faz um filme para os fãs: são várias referências, cenas clássicas, os personagens, os cenários, a ambientação; tudo impecável e nostálgico. A mansão Spencer, do primeiro RE, e a delegacia de polícia, a R.P.D., foram fielmente recriados, assim como o orfanato, trama que foi adicionada na versão remake do segundo RE. Já imaginou como seria uma reunião dos membros da S.T.A.R.S., antes de partirem para a mansão Spencer? Ainda, como é mostrado no trailer, Bem-Vindo à Raccoon City faz uma menção aos irmãos Ashford, que aparecem na trama do jogo Resident Evil: Code Veronica. Será que a continuação, se tiver, será baseada nesse jogo?


Quando foi lançado, o primeiro trailer recebeu muitas criticas negativas, falando sobre os efeitos especiais, e sobre dois atores que não tinham as características dos personagens dos jogos. Sobre os efeitos em CGI, realmente eram péssimos no trailer, fato que não acontece no filme. Ainda que não seja aquela perfeição, já que temos uma tecnologia avançada, os efeitos estão bons sim, tem aquele efeito de computador bem visível, mas não se preocupa que não está ruim. Não sei se é por causa do baixo orçamento, ou foi intencional, mas a produção em si tem uma pegada mais trash dos filmes dos anos 90, época que a história se passa.


Sobre os personagens, a coisa começa a ficar ruim. O problema maior acaba sendo no desenvolvimento deles, sem nenhum aprofundamento, e muitos parecem “jogados” na trama, além de não terem carisma nenhum. Os irmãos Chris e Claire Redfield, interpretados por Robbie Ammel e Kaya Scodelario, respectivamente, são os mais explorados, e os principais da trama. A caracterização está bem fiel aos jogos, apesar de não manter muito a personalidade deles, principalmente Claire. Tom Hooper é Albert Wesker, o antagonista do primeiro RE, que tem papel importante no filme. Sua caracterização está ótima também, mas não tem aquele humor ácido, e o jeito misterioso do personagem do jogo. Ainda tem o cientista William Birkin (Neal McDonough), do segundo RE, que recria duas cenas icônicas, e o xerife Brian Irons (Donal Logue), sem muita relevância na trama.



Separei um parágrafo, ou dois, para falar de Jill Valentine (Hannah John-Kamen), e Leon S. Kennedy (Avan Jogia), alvos da maior polêmica de Bem-Vindo à Raccoon City. Primeiro que a caracterização deles deixou muito a desejar, não pelo figurino, mas sim pela aparência, nada haver com os jogos. Nesse quesito, a Jill Valentine de Resident Evil 2: Apocalipse, ficou muito melhor. Mas tudo bem, o que importa é que a produção está realmente fiel aos jogos, e só pelo fato de ter os personagens, já vale a pena.


O problema maior está no desenvolvimento deles, principalmente o de Leon. A interprete de Jill está ótima e tem bastante carisma, principalmente quando está ao lado de Wesker, e solta até uma piada sobre um momento do RE 1 que virou até meme: “Jill’s Sandwich” (sanduiche de Jill), referente a uma cena do jogo que Jill é quase esmagada, e Barry a salva, onde ele solta frase “você quase virou um sanduiche de Jill”. Mas a maior polêmica envolve Leon Scott Kennedy, e o ator que o interpreta, Avan Jogia. Ressalva: realmente, os produtores poderiam ter pego algum ator mais parecido com o personagem. Mas tudo bem. Jogia não tem nada haver com Leon, e já falei que isso é irrelevante, onde o ator foi alvo de piadas, e até julgamentos desnecessários, o fazendo desativar sua conta no Instagram. O problema está no seu desenvolvimento: Leon é o personagem mais querido dos fãs, e na trama, ele está “perdido”, sem nenhuma relevância, além de colocarem como alívio cômico. Avan Jogia está ótimo no personagem, traz um carisma enorme para Leon, mas é totalmente diferente dos jogos. Uma pena que um dos melhores personagens dos jogos foi colocado dessa forma.


No geral, Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City é uma ótima adaptação da franquia dos jogos, e é muito melhor do que os filmes do Paul W. S. Anderson. Peca um pouco no roteiro, que faz uma mistura dos dois primeiros RE, tem bastante suspense e mistério, um desenvolvimento que vai empolgar mais os fãs, além de trazer momentos icônicos, e personagens conhecidos; se focassem em apenas um jogo, poderiam explorar muito mais a história, já que ficou faltando muita coisa. Johannes Roberts traz, para essa nova adaptação, o terror clássico de zumbis, com bastante sustos (se funcionam, daí vai depender de cada um), e vários elementos dos filmes trash. A produção não é tão ruim quanto tão falando, e só por manter o universo dos games, já vale o ingresso. Há uma cena pós créditos, com uma grande surpresa, que mostrará qual será o próximo jogo a ser adaptado, se tiverem o sinal verde da Sony para uma continuação.



RESIDENT EVIL: BEM-VINDO A RACCOON CITY (RESIDENT EVIL: WELCOME TO RACCOON CITY)


Ano: 2021

Direção: Johannes Roberts

Elenco: Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue e Neal McDonough



NOTA: 8,0














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