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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | RENASCIDA DO INFERNO


Como eu havia escrito na crítica de A Mulher de Preto 2, são poucos os filmes de terror realmente bons que estreiam nos cinemas. O mais recente título desse gênero é Renascida do Inferno, que tem uma boa história em mãos, mas que acaba se tornando um terror básico com sustos fáceis e clichês, sim, eles de novo. "Lazarus" se refere à João 11, passagem da Bíblia onde Jesus ressuscitou Lázaro; o título original é The Lazarus Effect. O elenco do terror conta com Olivia Wilde, Mark Duplass, Evan Peters, Donald Glover e Sarah Bolgher.


Frank (Mark) e Zoe (Olivia) trabalham em um laboratório, auxiliados por Clay (Evan), Niko (Donald) e Eva (Sara), que estão desenvolvendo um soro, o "Lazarus" (por isso o título original), capaz de trazer animais mortos de volta à vida. Em um acidente, Zoe acaba morrendo, e ao ver que o resultado do soro deu certo, Frank decide injetar para ressuscitá-la. Porém, Zoe não é mais a mesma e começa agir de uma forma estranha, como se tivesse sido possuída.


A ideia de juntar o sobrenatural com a ciência é muito interessante e muito poucos filmes juntam esses elementos, por isso, Renascida do Inferno é ótimo até a metade; depois disso, essa ideia morre e se torna um filme de terror comum. O cinéfilo mais assíduo vai facilmente encontrar referências de outros filmes, como por exemplo: Frankenstein, Cujo, O Iluminado, e alguns filmes de possessão; e essas referências foram usadas propositalmente. O filme chama a atenção pela sua premissa de uma história envolvendo testes científicos, passando pelo conflito clássico entre religião e ciência, cientistas se achando Deus, o tema da possessão, além de que os humanos usam apenas 10% do seu cérebro. A história toda praticamente acontece em um laboratório, passando um clima sombrio e tenso, ajudando no suspense e nos sustos, com algumas cenas bem interessantes.



Tudo parecia estar bem, e veríamos um interessante "terror científico", mas quando começa a parte da possessão, tudo se desanda, e começam os clichês, as cenas batidas do gênero e os problemas no roteiro. Portas trancadas, escuridão total e a personagem usando só uma lanterna, cena bem tensa, aliás, cachorros surgindo do nada, personagens dando sustos nos outros, fogo representando o inferno, longos corredores e traumas de infância; tudo isso está no filme. Na verdade, não adianta exigir inovação no terror, já que vários elementos são necessários, mas pelo menos a história deveria ter uma explicação. Com isso, vem o problema do roteiro, que não define se Zoe foi, de fato, possuída pelo demônio ou se está sobre o efeito do soro, já que um dos efeitos colaterais é a extrema raiva. Ela ainda desenvolve super poderes, como levitar objetos e atirar pessoas para longe, e também não se sabe se ela está possuída ou se é o efeito do uso maior que 10% do cérebro humano, causado pelo soro também. Eles discutem sobre isso, mas não chegam a nenhuma conclusão; talvez o diretor quis deixar o espectador imaginar o motivo. As mortes são bem típicas, com bastante sangue e sustos fáceis, mas que assustam, e o final é o que estraga o filme, indicando uma desnecessária continuação.


Renascida do Inferno acaba se tornando mais um filme típico do gênero, com muitas ideias recicladas e pouca inovação, que serve apenas para se divertir, ou não. Tem uma história interessante, clima tenso e assustador, com direito a sustos, mas que acaba virando um filme onde o que prevalece é a matança e sangue, sem se importar com uma história que faça sentido.






RENASCIDA DO INFERNO (THE LAZARUS EFFECT)


Ano: 2015

Direção: David Gelb

Elenco: Olivia Wilde, Mark Duplass, Evan Peters, Donald Glover e Sarah Bolgher



NOTA: 7,0











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