CRÍTICA | PÂNICO NO LAGO

Um grande tubarão branco aterrorizou o balneário de Ammity nos EUA, no clássico filme de Spielberg, Tubarão. Uma infestação de aranhas tocou o terror em uma cidade do interior do país, em Aracnofobia. Uma equipe de documentaristas vai até a Amazônia e encontra uma cobra gigantesca, no suspense Anaconda. Cientistas de um centro de pesquisas alteram o cérebro de tubarões para encontrar a cura do Alzheimer, e acabam sendo perseguidos pelos animais, no terror Do Fundo do Mar. Agora, um crocodilo misterioso aparece em um lago no estado do Maine e ameaça a população local, no filme em questão, Pânico no Lago. Dirigido por Steve Miner – de Sexta-Feira 13 Parte 2 e 3, Halloween H20: 20 Anos Depois -, Lake Placid, no original, é uma divertida produção de animais assassinos com muito humor ácido, boas doses de sangue, violência, e personagens carismáticos e extremamente sarcásticos. Na trama, algum animal ataca um ambientalista em um lago no Maine, e para resolver o mistério, o xerife da cidade, Hank (Brendan Gleeson), chama o ambientalista chefe Jack Wells (Bill Pullman), junto com uma paleontóloga de um museu de Nova York, Kelly Scott (Bridget Fonda) e o especialista em crocodilos, Hector Cyr (Oliver Platt), que aparece sem ser convidado. No elenco, ainda tem a icônica Betty White, que faleceu em 2021, com 99 anos.

Apesar de Pânico no Lago manter o mistério sobre a identidade do animal que está atacando as pessoas no local, obviamente sabemos que se trata de um crocodilo gigante – o poster entrega tudo -. A trama foi escrita por David E. Kelley, que na época estava famosinho na FOX por roteirizar séries como Chicago Hope e Ally McBeal, e se desenvolve como um filme de investigação onde pouco vemos o crocodilo aparecendo totalmente, algo parecido como Spielberg fez no seu clássico Tubarão. Lake Placid tem um certo suspense e mistério, ótimos efeitos em CGI e nos animatrônicos do animal, e no meio das aparições do crocodilo, das cabeças voando, e as descobertas absurdas, existe espaço para o humor e muitas piadas das mais variadas, divertindo o espectador o tempo todo. O roteiro também não é dos mais inovadores, tem situações clichês, momentos inusitados, surpresas, e sem falar que não explica exatamente o porquê de o crocodilo estar em Maine, e como ele veio parar nos EUA – supostamente, o animal veio da Ásia -.

Grande parte da diversão que Pânico no Lago proporciona ao espectador, é por causa dos personagens que ficam se “bicando” o tempo todo, e 80% das implicâncias envolvem os personagens de Brendan Gleeson e Oliver Platt. Hank (Glesson) é o xerife Hank, um bom policial que acha que todo mundo é “ironicamente sarcástico” com ele, Hector Cyr (Platt) é o especialista – e adorador – de crocodilos que fica implicando com Hank toda hora (incluindo comentários com teor sexuais, muito sarcasmo e alfinetadas divertidas), e os dois discutindo rende situações muito engraçadas. Bridget Fonda é a mal-humorada Kelly, que não gosta mosquitos, nem de barracas, tem alergia a madeira, e prefere “toaletes” do que fazer suas necessidades no mato. A personagem também começa a implicar com Hank no início, e ainda tem um romance com o confiante Jack (Bill Pulman), que faz poses e caretas o tempo todo. Mas quem rouba a cena em Pânico no Lago é a desbocada sra. Bieckerman, interpretada pela maravilhosa Betty White, uma senhorinha que mora nos arredores do lago, e que fala palavrão, afronta a polícia, esconde um segredo chocante que deixaria o Ibama irritado, e é responsável por uma reviravolta no final; além de ser extremamente carismática.

Pânico no Lago tem cabeças rolando, dedos cheios de vermes, violência moderada, e ainda assim todo mundo está se divertindo, seja os personagens do filme, ou o público mesmo, principalmente por causa dos protagonistas implicando um com o outro. Com diálogos sarcásticos, muito humor irônico, e personagens que cativam o espectador, Lake Placid é uma divertida comédia de terror com um crocodilo assassino tocando o terror – ou seria a sra. Bieckerman? -, puro entretenimento descompromissado, e nada mais do que isso. A produção acabou se tornando uma franquia com três filmes do crocodilo, e um outro onde ele enfrenta uma anaconda (???)