A crítica de O Destino do Poseidon, de 1972, está logo abaixo, após a da versão de 2006.
Um grupo de pessoas precisa sobreviver a um incidente fatal, seja desastre natural, ou não, com um forte apelo dramático, cenas de ação, e ótimos efeitos especiais (que variam a cada década). Essas são as regras básicas de um filme-catástrofe, subgênero que vem ganhando força a cada década. O auge foi nos anos 70, com Aeroporto, Terremoto, Inferno na Torre, O Destino de Poseidon, e também a partir dos anos 90, mas com desastres naturais, Impacto Profundo, Armageddon, O Inferno de Dante, O Dia Depois de Amanhã, 2012, o recente Destruição Final – O Último Refúgio, entre outros. Lançado em 2006, Poseidon é uma refilmagem de O Destino de Poseidon, de 1972, sobre um cruzeiro que é atingido por uma onda gigante, na virada do ano novo, e os sobreviventes precisam encontrar uma forma de fugir antes que o navio afunde. A produção é dirigida por Wolfgang Petersen, que também dirigiu outro filme que se passa no oceano, Mar Em Fúria, com George Clooney, e tem no elenco Kurt Russel, Josh Lucas, Richard Dreyfuss, Emmy Rossum, Jacinda Barrett e Andre Braugher.
Diferente do original de 1972, o novo Poseidon vai direto ao ponto, que segundo o diretor, preferiu “cortar os excessos”, focando mais nas sequencias de ação, por isso a curta duração, trinta minutos a menos que o original. Entre corredores em chamas, água invadindo cada compartimento, destroços caindo, tudo isso em um labirinto claustrofóbico de um luxuoso navio, Wolfgang Petersen não demora muito para fazer que o navio seja atingido pela onda, tendo pouco tempo para apresentar seus personagens de forma adequada, e isso é um dos erros. No filme estrelado por Gene Hackman, os personagens eram melhor desenvolvidos, e quando alguém morria, realmente era triste, mas agora, isso não acontece. Nesse remake, o diretor não se importou muito com seus personagens, sabemos o básico sobre eles, e não conseguimos ter a mesma conexão que o original tinha.
Josh Lucas é o líder do pequeno grupo de sobreviventes, um experiente jogador que se interessa pela mãe solteira Maggie (Jacinda Barret), que está viajando com seu filho chatinho, Connor (Jimmy Bennett). Kurt Russell interpreta um pai controlador que fica em cima do jovem apaixonado Christian (Mike Vogel), que namora a sua filha, Jennifer (Emmy Rossum), que não aprova a atitude do pai. Richard Dreyfuss interpreta o simpático Nelson, um arquiteto idoso que recém levou um “pé na bunda” de seu companheiro, e acaba criando laços com a passageira clandestina latina Elena (Mia Maestro).
O roteiro de Poseidon é ágil, foca na ação, quase que interrupta, mostrando os personagens lutando para sobreviver, e nesse quesito, a refilmagem se sai melhor. A tensão é maior, as sequencias de ação são intensas, e mais desafiadoras, principalmente nos trinta minutos finais, aliados a incríveis efeitos especiais, e o design realista do navio é impressionante, como se fosse de verdade; mais da metade foi criado por computação gráfica. Tédio algo que você não vai sentir.
O Destino do Poseidon, de 1972, era mais convincente, tanto nas atuações (e personagens mais desenvolvidos), quanto na trama (mais trabalhada), mas o remake está longe de ser ruim. Apesar das falhas no roteiro, situações previsíveis, os clichês básicos, diálogos sem sentido, e personagens apáticos, Poseidon é eficiente no seu ritmo acelerado, não enrola o espectador, e vai direto ao que interessa: o desastre, com muita tensão, e situações que poderão deixa-lo nervoso. A produção ficaria perfeita se os personagens tivessem uma atenção maior do roteirista Mark Protosevich, mas serve para o gasto, e o que importa mesmo é ver como os sobreviventes vão escapar do luxuoso cruzeiro Poseidon, o grande astro da produção. A cantora Fergie, do grupo Black Eyed Peas, que estava em alta na época, tem uma participação especial, cantando uma musica no jantar de ano novo.
POSEIDON
Ano: 2006
Direção: Wolfang Petersen
Elenco: Kurt Russel, Josh Lucas, Richard Dreyfuss, Emmy Rossum, Jacinda Barrett e Andre Braugher
NOTA: 8,0
Disponível na HBO MAX.
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O DESTINO DO POSEIDON (THE POSEIDON ADVETURE)
Ano: 1972
Direção: Ronald Neame
Elenco: Gene Hackman, Shelley Winters, Ernest Borgnine e Leslie Nielsen.
NOTA: 6,0
O filme não está disponível em nenhum serviço de streaming.
Lançado em 1972, O Destino do Poseidon é considerado o primeiro filme catástrofe do cinema, indicado a 9 Oscar, incluindo Melhor Filme, e vencendo dois: Efeitos Visuais, e melhor Canção, para “The Morning After”. Estrelado por Gene Hackman, Shelley Winters, Ernest Borgnine e Leslie Nielsen, a produção é menos ágil do que a remake, já que o roteiro foca no ótimo desenvolvimento dos personagens, que toma conta de grande parte das suas quase 2h de duração. Por sua vez, a ação é mais contida, ainda que tenha momentos de tensão que, para a época do lançamento, marcou bastante o público, sensação bem diferente se assistirmos nos dias de hoje; e ainda mais se vermos a nova versão, que é o oposto. Em relação a parte técnica, O Destino do Poseidon parece ser mais realista, já que não tem os efeitos especiais de hoje em dia, e o filme foi rodado a bordo de um navio de verdade; os cenários eram grandiosos. As cenas de água e fogo eram reais, e até os próprios atores falavam das dificuldades em filmar nessas condições.
O Destino do Poseidon é o pioneiro no subgênero catástrofe, então, é errado dizer que a produção tem clichês, se foi o filme que os criou. Temos o desastre, os poucos sobreviventes que precisam escapar, as situações de perigo, e os personagens estereotipados. Gene Hackman é o líder do grupo, o reverendo Scott, com suas frases motivacionais para ajudar os sobreviventes a não desistir; tem o ex-policial “cabeça dura” Mike Rogo (Ernest Borgnine), que é casado com a ex-garota de programa, Linda (Stella Stevens); os irmãos Robin (Eric Shea), uma criança irritante, e Susan (Pamela Martin); o casal de idosos Belle (Shelley Winters) e Manny (Jack Albertson), que estão viajando para conhecer o neto, a cantora Nonnie (Carol Lynley), e o dono de uma barbearia, James (Red Buttons), que vive reclamando que não aproveitou a vida como queria. Todos esses personagens precisam deixar as diferenças de lado, e saber lidar em equipe, passando por vários desafios onde muitos não vão sobreviver.
Dirigido por Ronald Neame, The Poseidon Adventure, no original, é baseado em uma obra lançada em 1969, e que marcou a década de 70, dando inicio a um subgênero que duraria até hoje. Os personagens são bem explorados, com seus dramas que convencem o espectador, e que nos fazem ter empatia por eles, principalmente quando algum deles morre. Com efeitos especiais bastante realistas, menos ação e mais suspense, O Destino do Poseidon é um dos melhores exemplares do subgênero, e que prende a nossa atenção até o fim. Se você procura mais ação, e menos enrolação, o remake de 2006 é o filme que você quer assistir. Mas se você quer um roteiro mais desenvolvido, e com mais suspense, o original é a opção certa. Vale a pena fazer uma “dobradinha” com as duas produções, e fazer as comparações você mesmo. O Destino do Poseidon teve uma continuação bem inferior, chamada de O Dramático Retorno ao Poseidon, com Michael Caine e Sally Field, lançado em 1979.
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