Em 2022, o diretor Ti West conquistou os críticos e os fãs de terror ao trazer X – A Marca da Morte, uma produção slasher que remete aos clássicos do gênero dos anos 70, principalmente O Massacre da Serra Elétrica, onde um grupo de jovens cineastas alugam uma casa de um casal de idosos para filmar um filme pornográfico. Howard e Pearl, o casal de idosos, acabam se revelando assassinos psicopatas, principalmente Pearl, e ela começa a matar os jovens um a um. A produção tinha como maior destaque Mia Goth, que interpretava dois papéis, Maxine Minx, uma das jovens do grupo, e Pearl, a senhora idosa, em um excelente trabalho de maquiagem. Ti West tinha planejado uma trilogia, e depois de meses de espera, finalmente estreou Pearl, também estrelado por Mia Goth, que conta a história de origem da personagem, a idosa assassina de A Marca da Morte. Muito mais do que um simples filme de slasher com mortes e sangue, a produção é um sutil estudo sobre a mente humana e, principalmente, sobre a origem de um serial Killer, no caso, a Pearl. Tandi Wright, Emma Jenkins-Purro, David Corenswet, Matthew Sunderland, Alistair Sewell também estão no elenco.
Em Pearl, conhecemos a complicada vida da personagem título, que vive uma fazenda no interior dos EUA com sua mãe controladora, e que ajuda a cuidar de seu pai, que está em estado vegetativo. A jovem quer ser muito mais do que uma fazendeira, ela sonha em se tornar uma atriz de cinema para tentar fugir da sua difícil realidade; todos os motivos para ela se tornar uma assassina psicopata estão ali. A pessoa já nasce com a tendência em ser um serial killer, ou ela vai aos poucos se tornando um, por causa de sua vida difícil? Ou os dois? Ti West, de certa forma, nos faz questionar sobre isso, e os motivos que levaram Pearl a ser o que ela é. Indo na contramão dos filmes do gênero, o grande destaque é a interpretação de Mia Goth: a atriz está incrivelmente assustadora, mostrando todos os trejeitos de uma futura serial killer, entregando tudo em sua atuação, seja nos momentos exagerados, ou nos mais simples, onde apenas uma única longa conversa de quase dez minutos é o suficiente para impactar e convencer o público. De uma garota tímida e carinhosa, para uma assassina fria, impulsiva e sarcástica, Goth apresenta muito bem a dualidade do humor de sua personagem, provando ser uma grande atriz da atualidade.
Pearl foge um pouco dos tradicionais filmes slashers, já que não tem os jovens para serem mortos, além de a trama focar em um único personagem, mas a mortes gráficas estão lá. Até começar a matança a produção vai criando terreno para o surgimento da psicopata, misturando humor ácido e brincando com a dupla personalidade da personagem. Não espere mortes sangrentas como foi em X – A Marca da Morte, a quantidade é menor, mas não são menos gráficas e impactantes, pelo contrário. Mia Goth torna tudo ainda mais assustador quando ela entra em ação, e a personagem não poupa esforços. As mortes e o sangue estão na medida certa, sem exageros, confirmando que a produção é mais um “slasher conceitual” do que um simples slasher bobo.
A trama se passa em 1918, e Ti West consegue reproduzir muito bem a época que a trama se passa, seja pela fascinação pela sétima arte, ou fatos que aconteceram naqueles anos, como a gripe espanhola, que serve como motivo para ver vários personagens usando máscaras, já que a produção foi filmada durante o auge da pandemia da Covid-19. Com situações bizarras e assustadoras, Pearl funciona mais como um filme conceitual do que um slasher comum, trazendo uma impecável atuação de Mia Goth como a personagem título, convencendo o público com a personalidade doentia da jovem, e ao mesmo tempo, conseguimos entender o seu sofrimento e o que a levou a ser uma serial killer. Mesmo sendo uma produção diferente do gênero, as mortes gráficas estão lá, assim como mistério e o derramamento de sangue, típico do gênero. Destaque para um longo desabafo quase que no finalzinho da fita – aliás, toda essa sequência é impressionante -, e as expressões de Mia Goth nos créditos finais. Uma atuação digna de Oscar, se o gênero tivesse oportunidades na maior premiação do cinema. Ainda esse ano, mais um capítulo dessa franquia estreará, Maxxxine, que trará o retorno de Mia Goth, mas agora, ela interpretará Max, a única sobrevivente de X – A Marca da Morte. O que será que Ty West vai nos trazer?
PEARL - UMA HISTÓRIA DE ORIGEM (PEARL)
Ano: 2023
Direção: Ty West
Duração: 103 min
Elenco: Mia Goth, Tandi Wright, Emma Jenkins-Purro, David Corenswet, Matthew Sunderland, Alistair Sewell
NOTA: 9,0
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