CRÍTICA | OS OBSERVADORES

Atualizado: 11 de jun.

M. Night Shyamalan é um renomado diretor de filmes de suspense com reviravoltas marcantes, como O Sexto Sentido, Sinais, A Visita, A Vila, e os mais recentes, Tempo e Batem À Porta. Afinal, é de se esperar que um filme dirigido por ele seja surpreendente, na maioria das vezes. O novo filme da vez é "Os Observadores", que estreia essa semana, porém, o terror não é dirigido por ele, e sim pela sua filha, Ishana Night Shyamalan, que faz a sua estreia na direção.

“Os Observadores” tem todos os elementos um filme dirigido por M. Night Shyamalan – suspense, drama dos personagens diretamente ligado com o mistério que envolve a trama, e claro, o clássico final surpresa e revelador, o famoso “plot twist” arrasador -, e seguir os passos do seu pai não é ruim. A produção segue pelo caminho da fantasia e da fábula, algo parecido com o criticado A Dama na Água, de 2006, misturando terror com lendas do folclore irlandês, e acompanha Mina (Dakota Fanning) que precisa levar um pássaro para um cliente em uma cidade do outro lado do país. Porém, ela acaba se perdendo em uma enorme floresta, e encontra uma "casa" isolada com outras três pessoas, onde toda noite recebem “visitas” de criaturas monstruosas que vivem nessa floresta. Georgina Campbell e Olwen Fouéré também estão no elenco.

Por ser um filme de fantasia e terror, seria interessante o espectador ir com a mente aberta, acreditar na mitologia das criaturas, e que elas podem ser “reais”. E se realmente existem? Os Observadores é bem filmado, tudo é muito explicado, a trama é cheia de mistérios e os segredos vão se revelando aos poucos, além da ambientação – seja a floresta ou o bunker/casa -, que nos envolve na trama e atiça a nossa curiosidade em entender tudo o que está acontecendo, e o que vai acontecer. Seguindo os passos do pai, Ishana cria momentos tensos e assustadores, não se apoiando em sustos fáceis para prender a atenção do seu público, e tenta segurar ao máximo para revelar a forma física das criaturas. Além do terror e mistério, a produção tem algumas críticas sociais bem interessantes – a obsessão reality shows (os próprios personagens parecem estar em um reality), e observar a vida alheia (voyeurismo) -. E uma dica: fique atento nos elementos visuais, podendo revelar muitas coisas sobre o mistério que cerca a trama.

É interessante a analogia que o filme faz – ninguém aparenta ser o que é -, e isso serve tanto para os monstros quanto para os personagens humanos. Em Os Observadores, temos poucos personagens e conhecemos o básico sobre eles, o suficiente para o desenvolvimento da trama, mas Mina (Dakota Fanning) e Madeline (Olwen Fouéré) são as que mais tem desenvolvimento. Mina tem um trauma na infância que a fez ser como ela é hoje, e Madeline é uma personagem com muitos segredos e interessantíssima que aos poucos vai se revelando, e ambas estão competentes e seguram as pontas do filme. Mas, e as criaturas? Quem são? O que são? O que elas querem? Ishana segue a regra certeira de “esconder” o vilão até o momento certo de revela-los, mantendo o suspense e mistério sobre elas. Mas fica aquele questionamento: será que o desconhecido não é mais assustador? Revelar demais coloca todo o filme a perder?

Seguindo os passos do pai, “Os Observadores” tem aquele clássico “plot twist” surpreendente, final esse que se desconecta um pouco com todo o mistério que rondava o filme, mas aqui acaba não se tornando um problema. Em sua estreia na direção, Ishana Night Shyamalan cria uma atmosfera claustrofóbica ao mostrar uma floresta que parece ser impossível de escapar, e um “bunker” assustador no meio dessa floresta cheia de criaturas assustadoras com suas intenções misteriosas. Aliás, esses monstros são bem interessantes, assim como a sua mitologia, e como disse no início do texto, é legal o espectador entrar nesse clima fantasioso e acreditar no extraordinário. “Os Observadores” envolve o público na sua trama cheia de mistérios, e a cada segredo revelado nos intriga ainda mais até o seu desfecho surpreendente – porém, o espectador mais atento poderá ter uma noção do que é bem antes -. ”The Watchers” não é o grande filme de estreia da filha de M. Night Shyamalan, mas é muito bom, e potencial ela tem bastante, ainda mais com um mentor/pai que sabe o que faz.