CRÍTICA | OS NOVOS MUTANTES

O primeiro trailer foi lançado em 2017, para um lançamento em 2018. Foi adiado algumas vezes, teve cenas refilmadas, e previsão para ser lançado em 2020. Mas aí, veio a pandemia, cinemas fechados, filmes adiados, até que surgiu uma brecha para o novo filme do universo dos mutantes de X-Men estrear nos cinemas. Essa foi a conturbada jornada de Os Novos Mutantes até o seu lançamento, mas, infelizmente, os problemas ainda continuam. Dirigido por Josh Boone, de A Culpa é das Estrelas, a produção tem no elenco Anya Taylor-Joy, Maisie Williams, Blu Hunt, Charlie Heaton, Henry Zaga e Alice Braga.

Na trama que, aparentemente, mistura filme de super herói com terror, seis jovens com superpoderes são mantidos em uma clínica psiquiátrica, com o intuito de serem ajudados a controlar suas forças. Mas coisas estranhas começam a acontecer com a chegada de Dani (Blu Hunt), e acabam descobrindo segredos e as reais intenções do local.

Para analisar Os Novos Mutantes, temos que ver o filme de duas formas. Fora da franquia X-Men, a produção é interessante, o enredo é redondinho, com vários clichês, um pouco contido, tem uma boa história de amizade e drama adolescente. Há também vários elementos de terror, com direito a sustos e criaturas grotescas perseguindo os personagens. Mas o filme de Josh Boone faz parte do universo dos mutantes, e dai começam os erros. A história não se encontra, não parece um filme de super heróis (se comparando com a escola do professor Xavier), não parece um filme de terror, apesar dos sustos, e essa mistura toda não combinou muito por estar relacionado com os X-Men.

Outro ponto negativo é o mau desenvolvimento dos personagens, explicando muito superficialmente o passado deles, além dos dramas serem bem básicos. Anya Taylor-Joy é Illyanna, a ‘Magia”, uma típica adolescente revoltada e que implica com a recém chegada Dani (a “Miragem”), interpretada por Blu Hunt. A amizade da nova mutante com Rhane (Maisie Williams), a “Lupina”, é a melhor coisa da produção, uma relação carismática e fofa, e vem delas, as melhores atuações do longa. É divertido também ver a amizade de Roberto (Henry Zaga), o “Mancha Solar”, personagem brasileiro, com Sam (Míssil), interpretado por Charlie Heaton, de Stranger Things. O companheirismo e a amizade entre eles são bem visíveis, mas muito poucos desenvolvidos na trama. E ainda tem a dra. Cecilia, interpretada por Alice Braga, uma personagem antipática e que não representa nenhuma ameaça para os mutantes.

Por mais contraditório que possa parecer, a trama sobrenatural é a melhor parte de Os Novos Mutantes, mas para isso, devemos ver o filme separado do mundo dos mutantes, já que essa pegada mais puxada para o terror, não combinou com o universo dos super-heróis. Não crie muitas expectativas com esse “spin-off” dos X-Men, que você irá se decepcionar. No fim, a produção se limita a ser um drama adolescente, com toques de terror e personagens com superpoderes, algo já visto em Poder Sem Limites, filme de 2012, com Dane DeHann e Michael B. Jordan.