Nos últimos anos, não foram muitos filmes que conseguiram surpreender o público com tramas interessantes e repletas de mistérios. Algumas, apesar de repetirem temas já abordados, ainda conseguiam envolver o espectador e surpreender com uma história inusitada e um final revelador. É o caso da mais recente produção original da HBO Max, Os Horrores do Caddo Lake, tradução que não foi muito feliz, já que a produção não é tão “horror” assim como parece; acredito que Os Mistérios do Caddo Lake” seria melhor.
Caddo Lake foi vendido como “o novo filme de M. Night Shyamalan”, e de fato não deixa de ser – na verdade, ele é produtor -, por que a trama e os mistérios trazerem toda a essência dos filmes do diretor e por lembrarem muito a época de ouro dele. Dirigido por Celine Held e Logan George, a trama de Caddo Lake mostra duas histórias paralelas, nada de novo, e que acabam se conectando de uma forma inusitada: na primeira, uma menina de oito anos, Anna (Caroline Falk), desaparece na região do Caddo Lake, e sua família - Ellie (Eliza Scanlen), Celeste (Lauren Ambrose), Daniel (Eric Lange) - e a comunidade toda começam a procura-la. A outra trama mostra Paris (Dylan O’Brien), que perdeu a sua mãe em um acidente de carro e passou todos esses anos tentando entender o que aconteceu nesse fatídico dia. E o Caddo Lake pode ser a conexão entre eles.
Quem assistiu as séries Dark e Outlander da Netflix, vai ver muitas semelhanças com o enredo de Os Horrores do Caddo Lake, já que a trama aborda temas como linhas temporais, passado e presente, e arvores genealógicas. O novo filme da plataforma de streaming HBO Max consegue prender a atenção desde o início com o mistério que envolve o lago, e uma trama consistente que vai crescendo à medida que os segredos vão sendo apresentados para o público, deixando a gente mais curioso e intrigado com esse mistério. O problema é que a trama é bem complexa, e provavelmente muitos ficarão confusos e sem entender o que de fato está acontecendo, por isso, é importante prestar atenção em cada detalhe que a trama entrega. Já o mistério que envolve o lago é revelado na metade da produção, mas ainda tem muitas reviravoltas e mais segredos para serem mostrados, o que deixa Caddo Lake cada vez mais intrigante.
A fotografia é um dos maiores trunfos de Os Horrores do Caddo Lake, principalmente a paisagem da região do lago, lindo, calmo, mas ao mesmo tempo sombrio e misterioso, passando uma sensação de solidão, melancolia, que nos faz conectar ainda mais com a trama. O filme também conta com ótimas atuações do elenco – nada de extraordinário -, mas seus dramas e conflitos são bem desenvolvidos, e é suficiente para o público simpatizar. Os destaques vão para a dupla de protagonistas – há um fato curioso entre eles, presta bem atenção nisso – Ellie (Eliza Scanlen) e Paris (Dylan O’Brien) que conquistam o público com todo o carisma e pela situação que estão passando. Ellie tem um conflito mal resolvido com sua mãe, e ainda precisa lidar com o desaparecimento de sua irmã, enquanto Paris passa anos tentando entender o que aconteceu no dia do acidente que matou sua mãe, onde ambos criam personagens complexos e com uma profundidade que convence e nos faz torcer por eles.
Os Horrores do Caddo Lake tem um ritmo lento, mas consegue deixar o público interessado em querer entender e desvendar todo esse mistério que cerca o lago, com acontecimentos que nos deixam ainda mais curiosos e fixados na trama. A história é complexa e foge do convencional, do que o grande público está acostumado, não chega a ser tão emocionante ou intensa, mas é bem construída, é cheia de reviravoltas, os personagens estão ótimos, e tem o final surpreendente que pode causar uma certa confusão. Por isso, é preciso que o espectador preste bem a atenção em todos os detalhes, e vale a dica de assistir outra vez - já sabendo dos segredos – para ter outra visão dos acontecimentos.
OS HORRORES DO CADDO LAKE (CADDO LAKE)
Ano: 2024
Diretor: Celine Held e Logan George
Distribuidora: New Line Cinema
Duração: 103 min
Elenco: Dylan O’Brien, Eliza Scanlen, Lauren Ambrose, Caroline Falk, Eric Lange
NOTA: 8,5
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