CRÍTICA | ORFÃ 2: A ORIGEM

Lançado em 2009, A Orfã causou na época pela sua surpreendente reviravolta no final, onde a garotinha Esther, na verdade, era uma mulher psicopata de 30 anos com nanismo. Dirigido pelo ótimo Jaume Collet-Serra no início da carreira, a produção tinha no elenco Vera Farmiga, antes de estrelar a franquia de terror Invocação do Mal, além da introdução de Isabelle Fuhrman no papel da misteriosa Esther. Treze anos depois, chega aos cinemas a tão esperada sequência que alvoroçou os fãs de terror na época, com Orfã 2: A Origem, que como já diz o nome, é uma história de origem da personagem. Agora dirigido pelo irregular William Brent Bell (dos medonhos Boneco do Mal 1 e 2), Orphan: First Kill, no original, traz uma trama totalmente diferente, com menos terror e mais suspense, além de uma inusitada reviravolta ainda na metade da produção. Na trama, a pequena Leena (conhecida mundialmente como Esther) foge, muito fácil, de um hospital psiquiátrico na Rússia, e acaba fingindo ser a filha desaparecida de uma família americana, Tricia (Julia Stiles), Allen (Rossif Sutherland), e Gunnar (Matthew Finlan), o filho mais velho. Esther, então, irá seguir com o seu plano, porém, não será tão fácil assim.

No primeiro filme, Ether é adotada por uma família, e situações tensas acabam acontecendo com eles. Faria sentido se a trama de Órfã 2 fosse parecida, com acontecimentos similares, mas poderia soar repetitivo e cansativo demais. De fato, é isso o que acontece, porém, é a tal reviravolta que traz um frescor novo para o filme, que acontece ainda na metade. É bastante bizarro com certeza, mas assim como foi com o final do primeiro, ninguém esperava essa surpreendente virada de chave na trama. Sabendo disso, o diretor William Brent Bell precisou trabalhar muito mais no suspense do que no terror, já que sabemos que Esther não é uma garotinha, e sim uma mulher adulta psicopata com nanismo, mas o público verá mortes violentas, muita perseguição, e embates sensacionais. O roteiro de David Coggeshall consegue manter o espectador ligado na trama, querendo saber tudo o que está acontecendo, e como os personagens lidarão com a nova situação que surgiu entre eles, tudo em um ambiente sinistro e assustador de uma casa praticamente afastada de tudo.

Isabelle Fuhrman tinha apenas 11 anos quando estrelou o primeiro filme, e agora, como se passaram treze anos, a atriz cresceu, e está uma mulher adulta. O grande desafio seria como convencer a gente que ela ainda é aquela garotinha de 2009, que na verdade, no novo filme ela seria dois anos mais nova. Com alguns truques na edição, maquiagem, perspectiva de câmera, e o fato de os atores e atrizes terem usado botas para parecerem maiores que Fuhrman, o diretor conseguiu driblar um pouco esse problema, porém, é visível que a garotinha cresceu. Vale destacar a dinâmica entre a atriz que interpreta a órfã, e a veterana Julia Stiles, que está surpreendentemente incrível no papel da matriarca da família, e o confronto entre elas é digno de ser um dos mais interessantes do terror. E vale ressaltar ainda que o título brasileiro A Origem não é exatamente o que parece ser, já que continuamos sabendo muito pouco sobre a origem de Esther – o título original é “First Kill”, ou “primeira matança” -. Na verdade, a trama mostra como ela chegou na família americana, interpretada por Vera Farmiga, além de fechar (algumas) pontas soltas deixadas no primeiro filme.

Orfã 2: A Origem segue a mesma dinâmica do primeiro filme – Esther se muda para uma nova família, se encanta pelo pai, e ela começa a agir estranha -, mas é a reviravolta que dá um novo frescor para a produção. É um filme de terror/suspense eficiente na sua proposta, divertido, e que se destaca por acabar se tornando um filme à parte, além de mostrar uma Esther mais sádica, violenta e psicótica, do jeitinho que os fãs de terror adoram. Orphan: First Kill tinha tudo para ser mais uma continuação sem fundamento e que acabaria sendo esquecido ao longo dos anos, mas se tornou uma ótima surpresa, levando a franquia para um outro nível. Com certeza você vai sair comentando após a sessão com essa trama louca e que te pega desprevenido com o seu plot twist.