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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | OPPENHEIMER

Atualizado: 27 de fev.




13 Indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor (Christopher Nolan), Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Melhor Atriz Coadjuvante (Emily Blunt), Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Montagem e Melhor Som.

“Em Nolan, a gente confia”. Essa é uma expressão bem-humorada que se refere aos filmes do diretor Christopher Nolan, que raramente são ruins. Nolan é um dos melhores diretores da atualidade, e seus filmes são bem mais complexos do que parecem, exigindo uma atenção maior do espectador para entender a trama, mas vinham acompanhadas de intensas sequências de ação muito bem elaboradas. Provavelmente você já deve ter assistido, entre outros tantos, A Origem (2010), Interestelar (2014), Dunkirk (2017), Tennet (2020), e a trilogia do Batman – O Cavaleiro das Trevas, com Christian Bale.


Agora, o diretor volta com “Oppenheimer”, a produção mais ambiciosa e intrigante da sua carreira, uma mistura de biografia com um “estudo de personagem” sobre o criador da bomba atômica, Julius Robert Oppenheimer, desde quando era um mero físico até os eventos que o levaram a construir a bomba que destruiria as cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Assim como a maioria de seus filmes, Oppenheimer tem um elenco estrelar: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh, Josh Hartnett, Rami Malek, Gary Oldman, e Jason Clark.


Oppenheimer é um filme incrível, intenso, muito bem-produzido e dirigido, mas é complexo e difícil de assistir. São três horas de filme com explicações científicas sobre átomos, partículas, bombas de hidrogênio, questões de física, tudo com diálogos extensos e muitos termos técnicos, e para “ajudar” o filme não tem cenas de ação e perseguição, como é comum nos filmes de Christopher Nolan. Isso tudo acaba deixando a trama arrastada, mas não é um filme chato e entediante, pelo contrário. O roteiro de Oppenheimer se desenvolve de forma não-linear, misturando passado – onde acompanhamos a trajetória de como o personagem título construiu a bomba atômica -, e o presente – o seu “julgamento” após o ataque nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. Além disso, Nolan foca a história em J. Robert Oppenheimer muito mais do que na criação da bomba atômica em si, se tornando mais um filme de “estudo de personagem” do que um drama biográfico.



Toda a primeira hora de Oppenheimer é lenta, e mostra a vida do físico antes de começar a desenvolver a famigerada bomba, mostrando os anos que ele estava na faculdade, as relações interpessoais e os amigos que futuramente participariam do projeto Manhathan. A trama começa a engrenar e ficar mais tensa quando, de fato, J. Robert Oppenheimer começa a criar a bomba atômica, com a construção da cidade de “Los Alamos” onde os cientistas morariam com as suas famílias, e os preparos para o Teste Trinity – nome dado para testarem a eficácia da bomba antes de entregarem para o governo americano -. Aliás, Nolan realmente explodiu uma bomba, não nuclear, obviamente.


A parte técnica é um dos grandes destaques de Oppenheimer, e tudo foi cuidadosamente planejado por Christopher Nolan. Como sempre, o diretor optou por filmar em câmeras IMAX – o rolo do filme pesava quase 300 kg e media 17km de comprimento -, trazendo uma experiência ainda mais imersiva do que em uma tela comum. Tem também a trilha sonora de Ludwig Göransson, que vai mudando de acordo com a tensão do filme, e os efeitos sonoros – uma mistura de marcha, com orquestra e tons metálicos - que pega o espectador de surpresa em vários momentos. Outro destaque é a mistura de cenas em preto e branco e outras coloridas, e isso é por causa do ponto de vista de dois personagens: Oppenheimer (Cillian Murphy) e Lewis Strauss (Robert Downey Jr.). As cenas em preto e branco enfatizam a visão de Strauss sobre Oppenheimer e o julgamento que ele participa, e as coloridas focam no próprio Oppenheimer, mostrando a sua trajetória até criar a bomba atômica.


Em Oppenheimer, Christopher Nolan consegue trabalhar muito bem na obsessão do homem em ter poder, as suas amizades, os relacionamentos, e até as neuroses do personagem título. E para dar vida ao “pai da bomba atômica”, Nolan escalou Cillian Murphy para o papel. O ator esteve em praticamente todos os filmes do diretor, mas sempre como coadjuvante, e agora ele finalmente ganhou um papel principal. Murphy brilha no papel de Oppenheimer, trabalhando rigorosamente na mente perturbada do personagem, misturando fragilidade, genialidade e a frieza em determinados momentos de uma forma incrível e convincente, fazendo o espectador encarar junto os dilemas que o físico enfrenta ao criar a bomba atômica. E nos momentos de angústia do personagem, ele consegue expressar esse sentimento apenas com gestos e olhares.



Cillian Murphy é o grande destaque de Oppenheimer e sustenta as três horas de filme, mas ele conta com grandes nomes no elenco que ajudam a construir o legado do personagem. Mas aqui tem um probleminha: são muitos personagens na trama, e isso pode causar uma certa confusão no público. Dos coadjuvantes, o maior destaque é Robert Downey Jr. e seu Lewis Strauss, que acaba entrando em uma caça para expor Oppenheimer pela sua posição política. Matt Damon se entrega bem ao seu personagem, assim como Josh Hartnett e Jason Clark – esse, um advogado que faz o público sentir raiva -. A ressalva aqui é o elenco feminino, que é totalmente desperdiçado. Florence Pugh interpreta Jean Tatlock, que acaba sendo apenas um “objeto sexual” para Oppenheimer, mas felizmente ela tem uma presença marcante sempre que aparece. E completando o elenco feminino, Emily Blunt é a sra. Oppenheimer, Kitty, que acaba ganhando um desenvolvimento melhor, apesar de Nolan colocá-la como uma dona de casa problemática. Aliás, esse é um grande problema do diretor, não dar um desenvolvimento adequado para suas personagens femininas. Vai entender.


Baseado na obra Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, Oppenheimer é um filme biográfico, um thriller político, e um drama histórico sobre a vida do criador da bomba atômica, J. Robert Oppenheimer. Diferente dos outros filmes de Christopher Nolan, Oppenheimer não tem ação, o que pode causar estranhamento até mesmo para os fãs do diretor, mas tem uma trama bem construída onde a tensão vai aumentando aos poucos, prendendo a atenção do espectador desde o início. É um filme complexo, assim como a mente do “pai da bomba atômica”, onde conhecemos a intimidade do personagem, seus medos, angústias, dúvidas, todos os seus problemas e a sua brilhante trajetória, tudo graças a incrível atuação de Cillian Murphy. Uma indicação de melhor ator nas próximas premiações é mais do que certo.



OPPENHEIMER


Ano: 2023

Direção: Christopher Nolan

Distribuidora: Universal Pictures

Duração: 180 min

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh, Josh Hartnett, Rami Malek, Gary Oldman, e Jason Clark



NOTA: 9,0



















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