CRÍTICA | O ÚLTIMO EXORCISMO

A ideia de fazer um filme no estilo amador, como A Bruxa de Blair, Atividade Paranormal e o espanhol REC, é muito interessante, e realmente assusta mais do que se fosse gravado com câmeras profissionais, e talvez, um dia, esse subgênero se esgote, o que não vai impedir de lançarem produções assim. Eis que surge O Último Exorcismo, dirigido por Daniel Stamm, um falso documentário produzido por um padre sobre uma garota possuída. Estão no elenco Patrick Fabian, Ashley Bell e Louis Herthum.

O reverendo Cotton (Patrick Fabian) decide documentar o seu último exorcismo, de uma garota chamada Nell (Ashley Bell), em uma casa de campo no interior. Decidido a provar que tudo não passaria de uma farsa, ele acaba piorando a situação, e agora, precisa realmente ajudar a garota a se livrar do demônio.

Toda a primeira parte da produção, segue a linha de A Bruxa de Blair, bem no estilo documentário, com entrevistas e muita informação sobre exorcismos. Esse trecho todo serve também para desenvolver os personagens e a trama, além de tentar criar um motivo plausível para a história, afinal, ele quer provar que a maioria dos exorcismos são falsos, incluindo esse último. Bem construído, a produção cria um terreno para que o espectador seja fisgado na história, esperando assistir algo assustador. Isso acontece em partes.

Quando se inicia o “falso exorcismo” na jovem, que obviamente não é, a trama fica inconstante em vários quesitos. O Último Exorcismo tem sustos, cenas tensas e algumas assustadoras até, e os clichês com a câmera amadora são constantes. Há basicamente tudo que possa ter em uma sessão de exorcismo, e não se limitam de estar somente em um cômodo da casa, onde a garota possuída corre por todo o terreno casa, criando situações interessantes e diferenciadas. Tem várias situações no roteiro que são pura enrolação, servindo apenas para aumentar a pouca duração, que é em torno de 1h20 de filme, mas nada que possa estragar a sessão.

Outro ponto positivo, por incrível que pareça, é o desempenho dos atores que, geralmente, são bem fracos em filmes desse gênero. São personagens bem desenvolvidos, como dito anteriormente, e a maioria estavam bastante empenhados. Destaque para Patrick Fabian, que interpreta o reverendo Cotton. Sua história é a mais desenvolvida e explicada, o que ajuda bastante para a emblemática cena final.

Ainda que falte um pouco mais de elementos de exorcismos, o filme de Daniel Stamm se mostra bastante eficiente na sua proposta, e se sai melhor do que muitas produções mais comerciais sobre o mesmo tema. Tem sustos, a ambientação da casa cria um clima tenso e assustador, e claro, muito exorcismo, tudo filmado com uma câmera amadora, o que deixa o longa mais angustiante. Para quem gosta de um final surpreendente, O Último Exorcismo tem um muito interessante, bastante inspirado no filme O Bebê de Rosemary, de 1968, onde os mais sensíveis poderão ficar impressionados com o que acontece. Está longe de ser um filme inovador ou inteligente, mas cumpre o dever de um filme de terror.

Publicado originalmente em 2010. Editado em 2020.