CRÍTICA | O URSO DO PÓ BRANCO

Por mais absurdo e inusitado que possa parecer, O Urso do Pó Branco é inspirado em uma história real. Lá em 1985, vários pacotes de cocaína caíram de um avião em um parque florestal nos EUA. Um urso-negro que vivia no local encontrou as drogas e acabou ingerindo uma grande quantidade de cocaína, que causou a sua morte. O animal foi apelidado de “Eskobear” (referência ao traficante Pablo Escobar), e hoje ele faz parte da cultura local, e está exposto na cidade para atrair visitantes. No filme dirigido por Elizabeth Banks (As Panteras, 2019), a diferença é que o urso fica alucinado e sai pela floresta matando todo mundo que vê pela frente, enquanto procura mais cocaína pelo parque. Misturando terror com humor e comédia, O Urso do Pó Branco é uma divertida produção B com a cara dos anos 80 e 90, tem sequencias absurdas e muita violência, ainda que poderia ter mais. Keri Russell, Alden Ehrenreich, Brooklynn Prince, Christian Convery, e Ray Liotta.

Primeira coisa que você deve entender é que O Urso do Pó Branco não é um filme para se levar a sério, mas também, um filme que mostra um urso chapadão matando todo mundo não poderia ser coisa séria. A mente por trás desse inusitado filme é Elisabeth Banks, que também dirigiu As Panteras de 2019 e A Escolha Perfeita 2, além de ter participado da franquia Jogos Vorazes. Banks soube muito bem dosar o humor e o terror para divertir o seu público, além de diálogos ácidos e inapropriados para uma criança dizer, criando situações divertidas. Uma outra característica de um “filme B” é a violência, onde tudo parece ser muito falso - tripas para fora do corpo, partes do corpo desmembradas, muito sangue, e por ai vai -. Cocaine Bear, no original, é quase assim, mas a maior diferença é que a produção tem mais efeitos especiais do que o normal. Na minha opinião, faltou um pouco mais de violência, mais cenas gore, mas o filme tem cenas fortes e explicitas. Até os momentos mais violentos tem um tom cômico, incluindo musicas divertidas em situações de perigo, como a insana perseguição da ambulância.

Os personagens são tão bobos (propositalmente) que nem vale muito a pena mencionar. Basicamente, estão divididos em quatro núcleos, e muitos deles acabam se cruzando: o grupo dos traficantes, as duas crianças que matam aula para se aventurar no parque e a mãe de um deles vai busca-los, o da guarda florestal e do especialista em animais selvagens – que estão interessados um no outro -, e um grupo de delinquentes. E todos eles acabam se encontrando com o “urso da cocaina”. Destaco aqui as duas crianças, Dee Dee (Brooklynn Prince) e Henry (Christian Convery), que roubam a cena quando aparecem, falando palavrões, querendo vender drogas, e... Ainda tem no elenco o ator Ray Liotta em sua última produção no cinema; o ator faleceu no primeiro semestre de 2022.

O Urso do Pó Branco tinha tudo para dar errado, e a própria diretora, Elizabeth Banks, sabia desse risco: quem iria comprar a ideia de um urso drogado que sai por aí matando todo mundo enquanto procura mais drogas? Mas a sorte ficou do lado da diretora. "Cocaine Bear" já faturou quase U$ 100 milhões pelo mundo, e está fazendo o maior sucesso nos EUA, tanto de público quanto crítica. Mas então, qual a mensagem que o filme quer passar? Não usar drogas, ou apenas se divertir com um filme totalmente surtado? O Urso do pó Branco é o filme de terror mais divertido do ano até agora, com muito sangue, violência, misturando terror e suspense com humor, situações absurdas e “non-sense”, e provavelmente não vai ser um filme que gradará todo mundo. E por trás disso tudo, Elizabeth Banks nos da uma lição sobre família e união, dentro da proposta do filme, claro. Cocaine Bear é um bom filme B de antigamente que não deve ser levado a sério, e que vale mais a pena assistir com os amigos e rir das besteiras e das situações absurdas que acontecem, seja em casa ou no cinema. Afinal, o que mais ridículo pode ser do que um filme sobre um urso drogado?