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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | O TELEFONE PRETO



Scott Derrickson é um dos diretores mais interessantes da atualidade. Com poucos filmes no currículo (na direção), ele se destacou bastante no gênero do terror; são deles O Exorcismo de Emily Rose (2008), A Entidade (2012), e a continuação, e Livrai-nos do Mal (2014). Após se aventurar no universo da Marvel, onde dirigiu e roteirizou Doutor Estranho (2016), Derrickson retorna ao horror com O Telefone Preto, baseado em um conto de Joe Hill, filho de Stephen King, e fazendo sua segunda parceira com o ator Ethan Hawke. Um dos filmes mais interessantes do ano, a trama de The Black Phone, no original, se passa em 1978, mostrando a vida dos irmãos Finney (Mason Thames) e Gwen (Madeleine McGraw) em uma pequena cidade no interior, onde um serial killer está sequestrando crianças. Finney acaba sendo uma das crianças desaparecidas, e fica preso em um cativeiro a prova de som, com um telefone misterioso, onde o garoto acaba “conversando” com as outras crianças assassinadas, que dão dicas de como ele pode escapar do lugar.


Para quem espera um filme de terror como as outras produções do diretor, pode acabar se decepcionando: O Telefone Preto está mais para um suspense psicológico com toques sobrenaturais do que um filme de terror. Derrickson consegue deixar o espectador preso na trama já desde o início, quando ele apresenta os personagens, seus medos, e toda a questão do bullying, enquanto o assassino sequestra suas vítimas, além de representar muito bem a época em que a trama se passa, com várias referências à cultura pop. Toda essa primeira parte serve para desenvolver bem a trama, e nos envolver nesse mistério, até quando o assassino mascarado (Ethan Hawke) sequestra o garotinho Finney, e é ai que o horror entra em cena, ainda que não tenha cenas grotescas com sangue e mortes. Preso em um porão sinistro a prova de som, ele tem apenas um colchão, um banheiro, e um telefone antigo que aparenta estar desativado, onde o roteiro flerta com o sobrenatural – quando ele começa a falar com as crianças mortas pelo sequestrador através do telefone -, rendendo alguns sustos e vários momentos de tensão.



O grande mérito de O Telefone Preto, além do roteiro, é o desenvolvimento dos personagens, onde acabamos criando um vínculo, um sentimento de empatia com eles, fato que não acontece com os filmes do gênero. Scott Derrickson apresenta bem os seus personagens, principalmente os irmãos Finney e Gwen que sofrem bullying na escola, e ainda tem que lidar com o pai alcoólatra, mostrando que eles têm um grande vinculo entre si. O roteiro trabalha muito com o lado psicológico dos personagens, mostrando uma grande evolução ao decorrer da trama, principalmente Finney, interpretado por Mason Thames. Seu personagem acaba sendo sequestrado, e tem que lidar com o assassino mascarado, vivido por Ethan Hawke, ótima interpretação aliás, fazendo um vilão intimador e assustador, principalmente por causa da sua mascara sinistra. Madeleine McGraw está ótima no papel de Gwen, a irmã mais nova de Finney, que é sensitiva, e que mais sofre mais nas mãos do pai alcoólatra, interpretado por Jeremy Davies, que também se destaca no papel do seu personagem, o violento Terrence.


O Telefone Preto é um suspense psicológico imersivo que não foca somente nos sustos, e sim em um bom desenvolvimento da trama e dos personagens, misturando o sobrenatural e o drama para cativar o espectador. Scott Derrickson consegue fazer um filme tenso que prende a atenção do espectador desde o início, bom o suficiente para criar uma conexão com os personagens, tem ótimas atuações do elenco, uma trama interessante e a sensação de estarmos vendo um filme de terror dos anos 80. Mas não crie muita expectativa com a produção, não por ser ruim, mas sim por pensar que é um filme de terror como os outros trabalhos do diretor. O Telefone Preto é um dos filmes mais interessantes desse ano.



O TELEFONE PRETO (THE BLACK PHONE)


Ano: 2022

Direção: Scott Derrickson

Elenco: Ethan Hawke, Mason Thames, Madeleine McGraw, Jeremy Davies e E. Roger Mitchell.



NOTA: 9,0














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