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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | O SILENCIO DOS INOCENTES



O Silencio dos Inocentes, dirigido por Jonathan Demme em 1991, provavelmente é o maior filme de serial killer da história do cinema – ao lado de Psicose, claro, mas as duas produções têm propostas diferentes -. Baseado no romance de Thomas Harris, The Silence Of The Lambs, no original, é um dos únicos filmes que ganhou o Oscar nas principais categorias – Melhor Filme, Diretor (Jonathan Demme), Ator (Anthony Hopkins), Atriz (Jodie Foster), e Roteiro Adaptado, feito esse que nenhum outro filme conseguiu depois. Para escrever seu livro, Thomas Harris se inspirou na “parceira” real do professor de criminologia Robert Keppel com o famoso assassino Ted Bundy, que investigaram juntos 48 crimes cometidos por Gary Ridgway.


Servindo de inspiração para vários outros filmes do gênero que surgiram depois, O Silencio dos Inocentes é um clássico insuperável do cinema, um envolvente suspense investigativo que mostra a caçada do FBI ao serial killer Buffalo Bill (Ted Levine), contando com a ajuda da agente Clarice Starling (Jodie Foster) e o psiquiatra assassino canibal Hannibal Lecter (Anthony Hopkins). Ainda tem no elenco Scott Glenn, Anthony Heald, Brooke Smith e Diane Baker.


O Silêncio dos Inocentes é dinâmico e flui naturalmente, tudo é muito bem desenvolvido e o roteiro é rico em detalhes que atiçam a curiosidade do espectador junto com a investigação. A trama vai se intercalando entre a investigação do FBI para prender o serial killer Buffalo Bill, ao mesmo tempo que Clarice Starling “entrevista” Hannibal Lecter para descobrir pistas sobre a identidade do assassino, e seu paradeiro. Claro que o destaque principal, e que tornou a produção famosa, acabou sendo os encontros entre Starling e Lecter na prisão, rendendo diálogos inteligentes e repleto de quebra-cabeças, onde eles acabam se conhecendo um ao outro e criando uma terrível ligação. Para conseguir alguma informação sobre o assassino, Lecter faz um jogo psicológico com Starling, onde ela revela algum fato sobre o seu passado.



As sequências mais chocantes envolvem Buffalo Bill e a caçada para prendê-lo, e apesar de algumas cenas gráficas e com sangue, em especial uma com dr. Lecter (muito bem-produzida), a tensão é o que predomina em O Silêncio dos Inocentes, seja nas cenas no cativeiro de Bill, ou quando ele escolhe a sua vítima. A fotografia de Tak Fujimoto ajuda a dar o tom melancólico e assustador na ambientação do filme - dificilmente você verá cores mais vivas -, e a trilha sonora composta por Howard Shore consegue aumentar ainda mais a tensão nas cenas em que alguma coisa acontece, ou que vai acontecer.


Mas o filme de Jonathan Demme não é somente sobre a perseguição a um assassino em série, mas também uma análise sobre a crueldade do ser humano em várias questões: a monstruosidade de Hannibal Lecter, o sadismo de Buffalo Bill, e até a forma como os homens agem perante as mulheres, como se fossem inferiores a eles, e até objetos de desejo. Há várias cenas em que os policiais encaram Clarice como se fosse absurdo uma mulher estar na frente da investigação, assim como as investidas do Dr. Chilton e o ligeiro interesse de Jack Crawford na personagem.


Vencedor do Oscar de melhor Ator em 1992 pelo filme, Anthony Hopkins brilha como o assassino em série canibal Hannibal Lecter, e acabou criando um dos maiores personagens da história do cinema. Hopkins se envolveu tanto que ele pesquisou sobre a personalidade de outros serial killers, e até visitou prisões para construir seu personagem, e o resultado não poderia ser outro: Hannibal é assustador, sedutor, irônico, culto, carismático, e a sua interação com a personagem de Jodie Foster é o ponto alto do filme, e quando a câmera foca no rosto dele, durante as conversas com Clarice, conseguimos sentir a intimidação que ela sente. E sabia que Hannibal Lecter aparece somente durante trinta minutos de projeção?



Jodie Foster, que também ganhou o Oscar de melhor Atriz pelo filme, interpreta Clarice Starling com louvor, uma estudante que está em treinamento pelo FBI para se tornar uma agente especial, e que é recrutada por Crawford para ajudar na investigação. Starling tem seu passado trazido à tona durante as conversas com Lecter, e junto com o carisma incontestável da atriz, a personagem consegue criar uma empatia com o público. Foster também se empenhou bastante para interpretar Clarice, conversando com agentes do FBI de verdade e conhecendo a rotina e pegando dicas, construindo uma mulher forte e segura – principalmente por ter que aturar olhares maliciosos dos policiais masculinos -, mas também frágil e influenciável ao aderir o jogo psicológico que Hannibal Lecter propõe para ela.


Mesmo não sendo nem indicado ao Oscar pela sua atuação do assassino em série Buffalo Bill, Ted Levine está assustador no seu personagem, criando um vilão instável e confuso com a sua própria personalidade, além de ser assustador toda vez que aparece em tela, seja na cena em que ele vai atrás de sua vítima, ou na casa dele. Seu personagem causou uma confusão na época por associar uma pessoa transexual com a imagem de um assassino cruel, mesmo que o filme deixe claro que ele não é. Destaco ainda Anthony Heald como o nojento e irritante dr. Chilton, e Scott Glenn, que interpreta o chefe do FBI Jack Crawford, que parece demonstrar interesse na personagem de Jodie Foster.



No fim, O Silencio dos Inocentes acaba se tornando o filme definitivo sobre serial killers, praticamente perfeito em todos os sentidos: atuações impecáveis de Anthony Hopkins e Jodie Foster, personagens bem desenvolvidos e marcantes, um roteiro inteligente e envolvente com revelações surpreendentes, a ótima direção de Jonathan Demme, e uma parte técnica primorosa, resultando em um filme tenso, macabro e intrigante. Thomas Harris, autor da obra O Silencio dos Inocentes, lançou mais três livros com o personagem Hannibal Lecter, e todos viraram filmes: Hannibal (2001), Dragão Vermelho (2002), e Hannibal – A Origem (2007). E você sabia que Gene Hackman foi cotado para interpretar Hannibal Lecter, e Michelle Pfeiffer, Meg Ryan e Laura Dern para o papel de Clarice Starling antes de Jodie Foster? Já imaginou os filmes sem Anthony Hopkins e Jodie Foster?



O SILÊNCIO DOS INOCENTES (THE SILENCE OF THE LAMBS)


Ano: 1991

Direção: Jonathan Demme

Distribuidora: Orion Pictures

Duração: 118 min

Elenco: Jodie Foster, Anthony Jopkins, Ted Levine, Scott Glenn, Anthony Heald, Brooke Smith e Diane Baker


NOTA: 10


Disponível na AMAZON PRIME VIDEO
















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