CRÍTICA | O RITUAL (2011)

De vez em quando surgem filmes sobre exorcismos dos mais variados tipos e qualidades. Na minha opinião, O Exorcismo de Emily Rose, de 2006, é um dos melhores desse subgênero, trazendo uma história interessante, com questões jurídicas, e ainda assusta. Recentemente, tivemos o mediano O Último Exorcismo, que segue a linha de documentários amadores, e agora, temos O Ritual, estrelado por Anthony Hopkins e Colin O’Donoghe. A produção é baseada no livro The Rite: The Making Of a Modern Exorcist, de Matt Baglio, que acompanhou o dia a dia de padres que praticavam exorcismos. Ainda estão no elenco Alice Braga, Ciaran Hinds e Toby Jones.

Michael Kovack (Colin O’Donoghe) está prestes a se tornar um padre, e no final do seu curso, precisa estudar sobre exorcismos, algo que ele não acredita. Ele é enviado a Roma para acompanhar o padre Lucas (Anthony Hopkins), que está atuando em um caso de uma mulher grávida. A situação começa a sair fora de controle, que acaba colocando a sua fé em xeque: ele não sabe se acredita no que está vendo, ou não.

O Ritual tem todos os elementos básicos de um filme sobre exorcismos, e que todo mundo adora: crucifixos, água benta, demônios, sessões de exorcismo; incluindo sustos para quem gosta. O bom é que o roteiro é convincente, fisga o espectador com a sua história, sem as típicas situações exageradas, e tem um clima sombrio que da um toque mais sinistro na produção. Há bastante questionamentos, religiosos, morais e até familiares, envolvendo um personagem, com bons diálogos que nos faz pensar sobre o assunto proposto. Vale destacar a direção de arte e a fotografia, belíssimas e assustadoras, o que dá todo um charme para o filme do diretor sueco Mikael Håfström, que envolve o espectador ainda mais.

O elenco está ótimo, muito bem conduzido por Håfström, e com um ótimo desenvolvimento na trama, tendo espaço para cada um mostrar os seus questionamentos. O desconhecido Colin O’Donoghe se destaca, e seu personagem, Michael Kovac, é o que mais tem seu questionamento sobre a fé e a veracidade dos exorcismos citados, já que seu personagem não acredita nisso, mas os acontecimentos podem mudar a visão que ele tem sobre isso.

O veterano Anthony Hopkins está ótimo no papel do padre Lucas, surtado, assustador e até engraçado, responsável pelos exorcismos da produção, com um papel muito importante para a formação de Michael. Destaque ainda para a atriz brasileira Alice Braga, a jornalista Angelina, que acompanha o personagem principal na sua jornada de escolhas.

O Ritual tem uma história que faz sentindo, há bastante questionamentos que não deixam a trama ficar entediante, e de quebra, tem bastante suspense, sustos e clássicas cenas de exorcismo, prato cheio para os fãs do gênero, e os que buscam algo mais do que simplesmente se entreter. O roteiro ainda envolve o espectador com temas sobre Ciência e religião, o bem e o mal, questionamentos sobre fé, elementos importantes para o gênero, que dão ainda mais charme para a produção. O Ritual é um respiro entre os filmes de terror da atualidade.

Originalmente publicado em 2011. Editado em 2020.