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CRÍTICA | O REFORMATÓRIO NICKEL

  • Foto do escritor: Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
    Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
  • 28 de fev.
  • 3 min de leitura



02 Indicações ao Oscar | Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado



O Reformatório Nickel, até dias atrás chamado apenas de “Nickel Boys”, provavelmente é o último filme indicado ao Oscar nas principais categorias a ser lançado no Brasil, mas agora direto no Prime Vídeo. Dirigido por RaMell Ross, a produção tem como base a questão racial nos EUA na década de 60, mas também aborda temas sobre amizade, amadurecimento, e fatos históricos, com a trama se passando em um reformatório chamado “Nickel Academy”, que foi palco de abusos e violência contra os jovens negros do local. Mas o filme tem uma inusitada diferença: a história é contada em primeira pessoa, a partir do ponto de vista dos personagens, o famoso POV. Indicado a dois Oscar, incluindo Melhor Filme, a trama de “Nickel Boys” acompanha Elwood (Ethan Cole), um jovem negro que é aceito em um grupo de estudos acelerado para jovens inteligentes. No caminho para essa escola, ele aceita carona de um estranho que está sendo procurado por roubo de carro, e Elwood acaba sendo considerado o seu cumplice. Como ele é menor de idade, o jovem acaba indo para o Reformatório Nickel, onde conhece outro rapaz, Turner (Brandon Wilson), com quem inicia uma longa amizade. Porém, o lugar esconde terríveis segredos que incluem violência, abusos e até assassinatos.


O Reformatório Nickel é baseado no livro “Nickel Boys”, escrito por Colson Whitehead, que por sua vez é inspirada nos crimes reais da “Dozier School For Boys”, um reformatório situado na Flórida que foi palco de crimes ao longo de várias décadas, crimes esses que foram comprovados após diversas investigações. A produção tem um ritmo muito lento, provavelmente o mais lento dos indicados ao Oscar, e essa dinâmica de a filmagem ser em primeira pessoa pode causar um estranhamento no espectador no início, e acaba ficando cansativo em alguns momentos. Além disso, o contexto histórico pode dispersar um pouco quem assiste, com a inserção de momentos importantes da história americana, como o governo de Martin Luther King, os movimentos sociais da época, além da chegada do homem à Lua. Mas à medida que a trama se desenvolve, e quando vamos conhecendo a história e as atrocidades que acontecem no local, o espectador é envolvido de uma forma tão intensa e devastadora que é impossível não se emocionar. A violência e os abusos contra os jovens negros são mostrados em alguns momentos, mas nem todos aparecem visualmente, dando mais a entender, ou então ouvimos apenas os sons e os barulhos, e mesmo assim causam um impacto significativo, o que aumenta ainda mais a tensão. 



O diretor RaMell Ross optou por filmar Nickel Boys em primeira pessoa, ou seja, do ponto de vista dos personagens – como se nós mesmos fossemos os personagens -. Essa perspectiva começa pelo olhar de Elwood, interpretado por Ethan Cole, mas assim que a trama se desenrola, e novos personagens vão aparecendo, essa “visão” vai alternando entre eles, principalmente pelo olhar de Turner (Brandon Wilson), fazendo com que o espectador sinta melhor toda a dor e a angústia que os jovens do reformatório estão passando. É um olhar mais intimista e pessoal deles e de toda a violência que passam. Ethan Cole e Brandon Wilson estão incríveis e tem carisma o suficiente para cativar o público e nos fazer torcer para que tudo dê certo com eles, e essa amizade que surge no meio de um lugar horrível e sem esperanças é o que move a trama. Uma pena que nenhum deles chegou a ser indicado a algum prêmio.


O Reformatório Nickel tem um ritmo mais lento, essa abordagem de ser filmado em primeira pessoa foi arriscada, mas funcionou, apesar de ter seus momentos chatinhos e entediantes. Talvez a longa duração de 2h20 minutos tenha ajudado a atrapalhar um pouco, mas é um filme emocionante, envolve o espectador em uma trama sensível que denuncia o abuso e violência contra os jovens negros. Abordando temas importantes como desigualdade social e racial – ironicamente, a trama se passa na época da luta pelos direitos civis -, Nickel Boys é um retrato intimista a partir do olhar de dois jovens negros inseguros com a realidade em que vivem, e que sabem qual o destino final de uma pessoa negra. É um filme para refletir e contemplar.




O REFORMATÓRIO NICKEL


Ano: 2024

Direção: RaMell Ross

Distribuidora: Amazon Prime

Duração: 140 min

Elenco: Ethan Cole, Brandon Wilson e Aunjanue Ellis



NOTA: 7,5


Disponível no



















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