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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | O PÁRAMO



Em 2016, estreava um filme chamado A Bruxa, um terror psicológico bastante elogiado, prometendo ser um dos filmes mais assustadores dos últimos anos. No final da sessão, lembro do desapontamento da maioria das pessoas na sala, algumas revoltadas com o final, e com o filme todo, dizendo que não entenderam nada. O problema foi que, A Bruxa, não era um filme “comercial”, como A Freira e Invocação do Mal, por exemplo, e sim, um filme mais independente, onde o público precisa pensar sobre o que tá acontecendo, nada é dado de bandeja. O novo filme lançado na Netflix, O Páramo, segue por essa linha de raciocínio, um suspense psicológico que mais insinua do que mostra. Dirigido por David Casademunt, o terror espanhol tem no elenco Inma Cuesta, Asier Flores e Roberto Álamo.


A trama se passa Espanha, no século 19, época em que a guerra estava em alta. Uma família se muda para uma casa no meio do nada, afim de fugir da violência. Salvador (Roberto Álamo), o pai da família, se ausenta, deixando sua esposa, Lucia (Inma Cuesta), e seu filho, Diego (Asier Flores), sozinhos na casa, onde eles são atormentados por uma criatura sobrenatural.


Misturando drama e terror, O Páramo é um filme que mais sugere, insinua, do que mostra, fazendo com que o espectador pense, e se questione, sobre a criatura, se ela realmente existe ou é coisa da cabeça dos personagens – até um certo momento. O enredo se torna um terror psicológico, mostrando temas como o isolamento e solidão (a mãe e o garotinho sozinhos no meio do nada), e o amadurecimento de Diego, que deve proteger a sua mãe do tal monstro, além dos deveres de um homem, e todos os elementos sobrenaturais, portas e janelas batendo, barulhos, trovões, chuva, os famosos clichês do gênero. O filme de David Casademunt tem um desenvolvimento mais lento, não é dinâmico, e poderá incomodar o público em geral, mas tem momentos interessantes de suspense e de tensão, sem os sustos básicos (talvez, o espectador mais desavisado se assuste).



Grande parte do filme é Diego e sua mãe, Lucia, sendo atormentados pela criatura. Inma Cuesta passa boa parte do filme enlouquecida, atirando para tudo que é lado, já que somente ela consegue enxergar o monstro. Asier Flores, o garotinho Diego, é o que mais se destaca, mostrando uma maturidade incrível que vai crescendo ao longa da história. Ele fará de tudo para ajudar a sua mãe, e salva-la, da criatura. E por falar nela, o demônio da as caras no filme, onde a mais assustadora é a sua primeira aparição, além do tenso desfecho.


A direção de arte, e a fotografia, são outros destaques de O Páramo, mostrando uma ambientação imersiva e assustadora, passando muito bem a sensação de isolamento, e medo, que os personagens estão sentindo, lugar ideal para explorar o terror psicológico deles. Talvez, David Casademunt poderia ter feito um filme mais chocante, mais gráfico, principalmente em relação a criatura, fato que poderia ter ficado mais interessante, mas a produção está longe de ser ruim. É um filme onde o diretor mais sugere do que mostra, fazendo com que o espectador pense, tentando imaginar da perspectiva dos personagens, tudo o que está acontecendo. Há momentos tensos, situações interessantes, e elementos que tornam o filme mais assustador, como a chuva e os trovões, além do fato de o banheiro ser do lado de fora, e muitas vezes, o garotinho vai à noite.




O PÁRAMO (EL PÁRAMO)


Ano: 2022

Direção: David Casademunt

Elenco: Inma Cuesta, Asier Flores e Roberto Álamo.



NOTA: 8,0




Disponível na NETFLIX.















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