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Foto do escritorPaulo Ricardo Cabreira Sobrinho

CRÍTICA | O PÁLIDO OLHO AZUL



O Pálido Olho Azul, novo lançamento da Netflix, tem tudo para ser um dos grandes destaques do streaming. Protagonizado por Christian Bale e Harry Melling, com uma trama de suspense de época envolvendo assassinato e ocultismo, trazendo um personagem famoso na literatura mundial, Edgar Allan Poe, e por fim, Robert Duvall, Gilian Anderson e Toby Jones como coadjuvantes. De fato, a produção dirigida por Scott Cooper é um interessante suspense investigativo, mas falta mais ousadia, um mistério mais elaborado, e não é o suficiente para se manter nas suas 2h10 minutos de duração. Na trama, Augustus Landor (Christian Bale) é convocado para resolver um crime de assassinato na academia militar dos EUA. Para resolver esse mistério, Landor recebe a ajuda do escritor Edgar Allan Poe (Harry Meeling), que também integra o comando militar.


O roteiro de The Pale Blue Eye, no original, segue a linha investigativa de “quem matou”, lembrando muito o clima sombrio de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, de Tim Burton, já que a história se passa anos atrás, em 1830, além de ter um estilo mais gótico. O mistério é interessante, envolve família, segredos, ocultismo e rituais, mas poderia ser mais trabalhado, mais envolvente, e a trama acaba ficando muito na mesmice. Ao desenrolar do filme temos outros acontecimentos e descobertas, mas tudo fica na zona de conforto, e muitas vezes se torna entediante, e o fato de ter mais duas horas de duração, não ajuda muito. O destaque é a fotografia de Masanobu Takayanagi, que consegue criar o tom mais sombrio que a trama exige, os cenários mais escuros que criam uma tensão, e o clima gélido da neve, transmitindo uma certa melancolia; todos esses elementos estão presentes nas obras de Edgar Allan Poe.



Christian Bale e Harry Meeling são os grandes nomes de O Pálido Olho Azul: Bale interpreta o investigador Augustus Landor, e Harry é o famoso escritor Edgar Allan Poe. Seus personagens trabalham juntos na investigação, e acabam criando uma amizade, e acabam tendo uma ótima sintonia juntos, já que cada um tem seus segredos, dores e histórias que aos poucos vai sendo revelado pelo roteiro. O destaque maior é Harry Meeling e seu Allan Poe, o ator está ótimo no papel do escritor, fazendo um personagem mais frágil, sensível, mas inteligente e determinado, se tornando uma grande ajuda na investigação. Outros nomes conhecidos, como Robert Duvall, Gilian Anderson e Toby Jones, acabam tendo papeis menores e se destacam muito pouco, mas também são importantes para o desenvolvimento da trama.


Scott Cooper tinha tudo para fazer de seu filme um ótimo thriller de época investigativo, com uma pegada mais sobrenatural – ocultismo, rituais e bruxarias -, mas o mistério todo poderia ser mais elaborado, e a trama mais ágil, mas está longe de ser um filme ruim, pelo contrário, a ambientação mais gótica e o tom sombrio ajudam tornar tudo mais interessante. A cena final, praticamente, vale pelo filme todo, ainda tem uma surpreendente reviravolta, e o desfecho fica em aberto para interpretações. As produções da Netflix são uma caixinha de surpresas, e O Pálido Olho Azul tem um resultado melhor do que as outras produções ruins da plataforma. O filme é baseado em uma homônima obra de ficção escrito por Louis Bayard lançada em 2003, que por sua vez, é inspirado na época em que Edgar Allan Poe realmente esteve na Academia West Points, através de relatórios militares. Já os assassinatos não existiram.




O PÁLIDO OLHO AZUL (THE PALE BLUE EYE)


Ano: 2023

Direção: Scott Cooper

Elenco: Christian Bale, Harry Melling, Robert Duvall, Gilian Anderson e Toby Jones



NOTA: 7,5



Disponível na NETFLIX.














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