CRÍTICA | O PROJETO ADAM

Viagens no tempo é um assunto que Hollywood tem abordado bastante nos últimos anos, sem falar que o tema faz parte do imaginário de muita gente: Planeta dos Macacos, De Volta Para o Futuro, Efeito Borboleta, Tennet, e até o universo compartilhado da Marvel, como os dois últimos filmes dos Vingadores, entre outros. A nova produção da Netflix, O Projeto Adam, mistura drama familiar, humor, e viagens no tempo, em um filme pipoca no melhor estilo de ficção cientifica. Dirigido por Shawn Levy (da trilogia Uma Noite no Museu, com Ben Stiller), The Adam Project, no original, tem no elenco Ryan Reynolds, Walker Scobell, Jennifer Garner, Mark Ruffalo, Zoë Saldaña, e Catherine Kenner.

Adam (Ryan Reynolds) é um piloto de combate que vive no ano de 2050, que precisa fazer uma viagem no tempo para reencontrar sua esposa, Laura (Zoë Saldaña). Mas ele acaba indo parar em 2022, e encontra sua versão mais nova, um garotinho de 12 anos, interpretado por Walker Scobell, e juntos, precisam encontrar uma forma para salvar o futuro.

O Projeto Adam é um dos maiores acertos da Netflix dos últimos meses, tendo em vista as bombas que o streaming tem lançado ultimamente. Misturando drama, humor e ficção cientifica, o roteiro de Jonathan Tropper, T.S. Nowlin, e Jennifer Flackett é bem dinâmico, apostando na divertida relação entre as duas versões de Adam, com bons efeitos especiais, sequencias de ação empolgantes, e claro, o drama familiar que envolve a trama. A produção discute termos técnicos sobre viagens no tempo - mudar o passado pode alterar o futuro, ou vice-versa, fazendo referências à trilogia De Volta Para o Futuro, além de mencionar linhas atemporais e alternativas, vide Vingadores Ultimato, e algumas questões sobre física, com informações que podem confundir alguns espectadores que não estão por dentro do assunto. Junto com toda essa parte cientifica, as sequencias de ação, humor, e muita aventura, Shawn Levy ainda consegue explorar os conflitos familiares que envolve os Adams, e os seus pais, abordando o luto, arrependimentos, relacionamentos, e até bullying, ainda que esse último não tenha uma conclusão definitiva.

O grande destaque da produção é a dinâmica da relação entre as duas versões de Adam, interpretados por Ryan Reynolds e Walker Scobell. A química entre eles é ótima, implicam um com outro, e ambos têm o mesmo temperamento, que diverte o público, e tudo funciona perfeitamente. O Adam jovem ainda está afetado por uma perda recente, apanha de dois colegas no colégio, além de ter um humor ácido, e agir de forma indiferente com sua mãe, mas é um dos personagens mais legais do filme, graças ao enorme carisma de Scobell. Ryan Reynolds interpreta a versão adulta de Adam, com um tom debochado, se irritando com os questionamentos do Adam jovem sobre o futuro dele, com direito a muitas provocações. E claro, há o emocionante drama familiar, que envolve os personagens de Jennifer Garner e Mark Ruffalo, resultando nas cenas mais emotivas do longa. Garner aparece pouco, ficando mais na parte do drama familiar, mas Ruffalo ainda participa de várias sequências de ação ao lado de seus filhos, uma adição positiva a esse núcleo. E tem a participação especial da atriz Zoë Saldaña, ainda que seja rápida, mas muito importante para a trama, e para os Adams.

O Projeto Adam é um dos filmes mais divertidos que a Netflix lançou nesses últimos tempos, com uma trama leve, envolvente e elaborada, tanto no drama familiar, quanto na parte da ação, com muita aventura, toques de ficção, e as referências aos filmes sobre viagem no tempo. Shawn Levy, e os roteiristas, acertam na interação de Ryan Reynolds com Walker Scobell, garantindo ótimas risadas e situações divertidas, além de presenciarmos Jennifer Garner e Mark Ruffalo interagindo juntos, dezoito anos depois de “De Repente 30”.