CRÍTICA | O NEVOEIRO

Atualizado: 30 de out.

Stephen King é um dos autores que mais tem seus livros adaptados para o cinema, como O Iluminado, Louca Obsessão, Carrie, e os recentes IT- A Coisa, A Torre Negra, e Doutor Sono. Há também, aqueles menos famosos, mas que são igualmente bons, como Cujo, Cristine: O Carro Assassino, e O Nevoeiro, produção que adapta a obra homônima do autor. Dirigido por Frank Darabont, The Mist, no original, é um daqueles filmes que você se envolve com a história de uma forma que você nem imagina, com reviravoltas e momentos revoltantes, e com um final impactante. Na trama em uma cidade do interior dos EUA, um forte nevoeiro cobre toda a região, obrigando um grupo de pessoas a se abrigar em um supermercado. Eles descobrem que, dentro do nevoeiro, existem criaturas monstruosas, mas aos poucos, percebem que a maior ameaça são as próprias pessoas. Thomas Jane, Laurie Holden, Jeffrey DeMunn, Marcia Gay Harden, Melissa McBride, Andre Baugher e Toby Jones estão no elenco.

O Nevoeiro é um daqueles filmes que você não espera nada, mas que no final te surpreende. A princípio, é uma trama simples sobre um grupo de pessoas tentando sobreviver a um misterioso nevoeiro com monstros, mas Darabont, que também roteirizou, prova que é muito mais. As criaturas são coadjuvantes na história, e as pessoas são o foco central: como o medo e desespero podem mudar as atitudes delas em uma situação vulnerável, tornando-se perigosas. Sentimentos de raiva, revolta, e muitos outros, vão ser bastante frequentes durante toda a sessão, que se baseiam nas decisões e atitudes de alguns personagens, tudo graças a envolvente trama na qual você interage a todo momento. E como é de costume nas obras de Stephen King, há sempre uma crítica social importante, e aqui, é sobre política, religião e preconceitos. O design das criaturas é outro destaque de O Nevoeiro, com os mais variados tipos de monstros que você possa imaginar, e ao longo da trama, cada vez mais vão nos surpreendendo. E por ser um filme de monstros, é claro que teriam cenas gráficas, com muito sangue, muitas mortes, e violência, mas sem os típicos exageros do gênero. Outro destaque, de muita importância, é a marcante trilha sonora, ajudando no impacto das cenas, principalmente no desfecho.

Os filmes de terror têm a “sina” de nunca desenvolver adequadamente os personagens, mas, felizmente, isso não acontece aqui. As pessoas são o foco central da trama e todos tem sua importância, contribuindo para o peso das atitudes de seus personagens. Thomas Jane e Laurie Holden são os protagonistas, onde o primeiro, faz o papel de um pai que fará de tudo para proteger o seu filho, e acaba se tornando quase que um herói, tentando desvendar o mistério que envolve o nevoeiro e encontrar uma forma de saírem do mercado. Mas assim com o todo o herói, às vezes, grandes decisões vêm com grandes responsabilidades. Se fosse falar de todos os personagens, esse texto ia ficar enorme, mas destaco que todos tem sua importância em determinados momentos da trama, e uma curiosidade: três anos depois, Frank Darabont iria produzir a famosa série The Walking Dead, levando consigo, três importantes atores de O Nevoeiro: Laurie Holden (Andrea), Jeffrey DeMunn (Dale) e Melissa McBride (Carol).

Mas vou deixar aqui um breve parágrafo falando sobre a personagem mais marcante, por bem ou por mal, de O Nevoeiro: a sra. Carmody, interpretada pela talentosa Marcia Gay Harden. Ela é a personagem que mais mexe com os nervos do espectador, e a que mais movimenta a trama. A atriz interpreta uma mulher religiosa chata, arrogante, que usa a fé para fazer a cabeças das pessoas que estão com medo, criando “seguidores fanáticos”. Algumas das cenas mais chocantes da produção tem o envolvimento dela, e a atriz faz da sra. Carmody uma das antagonistas mais odiadas do gênero.

Se durante a sessão, o público já fica impressionado com os acontecimentos, o que sobra para o final? O desfecho é considerado um dos mais polêmicos e chocantes do cinema, daqueles que ou você odeia, ou ama e, curiosamente, é diferente da versão do livro de Stephen King, sendo mais coerente em relação a trama. E a trilha que toca no final só potencializa o impacto que causa no espectador. O Nevoeiro é um filme que chama a atenção pela profundidade do roteiro, criando momentos de tensão, personagens fortes e marcantes, além de causar uma onda de sentimentos no espectador (raiva, revolta, e por ai vai), nos envolvendo a todo instante e torcendo para que alguns personagens consigam sobreviver, e outros morrer. O filme de Frank Darabont mostra, com frieza, a crueldade que os seres humanos podem fazer um contra o outro, e como o medo pode influenciar uma pessoa a cometer atrocidades. No mínimo, vai ser um filme para se comentar após a sessão.