Muito antes de Michael Meyers, Jason, e Freddy Kruguer, um outro serial killer assustou a geração dos anos 70, e uma pacata cidade no estado do Texas: Leatherface. Lançado em 1974, O Massacre da Serra Elétrica é considerado o primeiro slasher do cinema (serial killer que mata adolescentes), responsável pelos outros filmes do subgênero que viriam depois, como Halloween, e Sexta Feira 13. Dirigido por Tobe Hooper, a produção era baseada em fatos reais, e resultou em continuações, refilmagens (e mais continuações), um início, uma bagunça total, até que a Netflix comprou os direitos da franquia, e lançou mais um novo capítulo do assassino que usa uma serra elétrica para matar suas vítimas: O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface. Sem grandes pretensões, e sem a tensão do original, o filme não é ruim como tão falando, já que a intenção não é se tornar um clássico da atualidade; se era essa a ideia, não deu muito certo.
Um grupo de amigos vão até a cidade de Harlow, que agora é uma cidade fantasma, para criar um negócio no local, com comércios e restaurantes. Acontece que Harlow é a mesma cidade onde aconteceram os crimes do filme original, e obviamente, o assassino Leatherface está lá para aterroriza-los com a sua temida serra elétrica.
O Retorno de Leatherface é uma continuação direta do filme de 1974, então, já se passaram quase cinquenta anos. Tobe Hooper conseguiu, com o original, criar uma atmosfera realmente assustadora, com muita tensão e violência (para a época, claro), fato que essa nova sequência da Netflix não tem, se sustentando na violência e nos sustos. Isso não é ruim, mas para quem assistiu o original, e as continuações de 2003 e 2006, faltou aquele clima desesperador e tenso, muitas vezes causados pelos próprios personagens. A trama não é boa, e muita coisa não faz sentido, a maioria dos personagens estão ali apenas para morrer, e até as criticas sociais (racismo, porte de armas e um tiroteio em uma escola), são pouco desenvolvidas, fato que o original soube aproveitar mais; e que eram diferentes. Mas pelo menos, as mortes são bem gráficas, violentas, tem bastante sangue, e acredito que esse Leatherface matou mais gente nesse filme do que em todos os outros da franquia. É interessante a opção dos responsáveis pela fotografia da produção em usar tons amarelos em várias cenas, remetendo ao filme de 1974.
Outro problema é no desenvolvimento dos personagens, e as suas ações durante o filme. Não conhecemos nada sobre eles, a maioria são chatos, tomam decisões ridículas, resultando nas suas iminentes mortes, com exceção das duas irmãs, Lila (Elsie Fisher) e Melody (Sarah Yarkin). Ambas têm suas histórias exploradas, com os traumas de cada uma, e conseguimos criar uma empatia com elas; mas nenhuma convence muito como uma “final girl”. O restante dos personagens, pouco se importamos, servindo apenas para algumas mortes violentas, e serem estupidas. E é interessante a participação de uma personagem que sobreviveu ao primeiro filme, de 1974, Sally, interpretado pela atriz Olwen Forué, que está mais forte e querendo vingança, porém, sua função no filme é irrelevante, soando mais como uma imitação ruim a lá Laurie Strode, nos novos filmes da franquia Halloween. A atriz do filme original, Marilyn Burns, que interpretou Sally, faleceu em 2014.
Faltou mais terror nesse novo O Massacre da Serra Elétrica, Leatherface não mete medo como o esperado, toda aquela loucura do vilão, e o desespero "exagerado" dos personagens, é quase que nula, mas é eficiente em gerar uma tensão, e criar situações divertidas, como a do ônibus, apostando muito na violência e nas cenas gore, se tornando um verdadeiro filme de slasher. É uma versão moderna, e obviamente, seguiria os moldes das produções da atualidade, mas ainda consegue manter aquela atmosfera de cidade do interior do original, vazia, e sem saber para onde correr. Fique atento para uma cena depois dos créditos finais.
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA: O RETORNO DE LEATHERFACE (THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE)
Ano: 2022
Direção: David Blue Garcia
Elenco: Elsie Fisher, Sarah Yarkin, Jacob Latimore, Nell Hudson. Moe Dunford, Olwen Forué, e Jessica Allain
NOTA: 6,5
Disponível na NETFLIX.
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