CRÍTICA | O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (2003)

Atualizado: 24 de out.

Na maioria das vezes, as refilmagens não caem no gosto do público e da crítica, principalmente se são de grandes clássicos do cinema. Mas foi no início da década de 2000 que as refilmagens tiveram o seu auge, principalmente no gênero do terror – O Chamado, Viagem Maldita, Piranha, entre vários outros exemplos -; inclusive, Kirby faz uma piada com os remakes em Pânico 4. Lançado em 2003, mas que somente em 2005 foi lançado no Brasil, o produtor Michael Bay, em parceria com Tobe Hooper, decidiu fazer uma refilmagem de um dos maiores clássicos do terror: O Massacre da Serra Elétrica, de 1974. O novo filme moderniza a história do original, basicamente seguindo os mesmos acontecimentos, mas com algumas situações diferentes, além do contexto ser mais atual.

No filme de 74, um grupo de amigos estão passando pelo estado do Texas para visitar o túmulo da família de um deles, mas agora, o grupo de amigos estão indo para um show no México. No caminho, eles encontram uma garota perdida (no original, era um homem doido), que acaba se matando na frente deles. Durante a busca por socorro, eles acabam encontrando o maníaco Leatherface com sua temida serra elétrica. Jessica Biel, Eric Balfour, Jonathan Tucker e R. Leen Ermey estão no elenco.

O novo O Massacre da Serra Elétrica dividiu opiniões na época do seu lançamento, mas apesar dos problemas, é uma das melhores refilmagens que Hollywood já produziu. Diferente do original de 74, o novo filme tem mais sangue, é mais violento, e as mortes são bem mais elaboradas, assim como a tensão psicológica e toda a tortura que os personagens estão passando. Tudo é potencializado na refilmagem, a atmosfera sombria, a cenografia – que continua assustadora com os lugares sujos e abandonados -, as cenas de perseguição são mais intensas, e a maioria das mortes são chocantes, mas não tão gráficas como era esperado. Em relação a trama não tem nada de muitas novidades, com exceção de algumas cenas clássicas do original que não aparecem, como a cena do jantar. Mas no novo filme, o diretor Marcus Nispel insere um novo ambiente, um matadouro, provavelmente o mesmo que foi mencionado no filme original, palco de uma sequência final intensa. Apesar da ambientação ser parecida nos dois filmes, parece que a refilmagem aumenta ainda mais a sensação de isolamento e perigo de onde os personagens estão, e toda a situação que eles passam.

Mas o principal fator que deixa O Massacre da Serra Elétrica mais assustador é a atuação do elenco, tanto os jovens quanto a família do Leatherface, que ganha novos membros. O lado psicológico dos personagens é bem trabalhado, eles demonstram perfeitamente todo o horror e a dor que estão passando, principalmente do abuso psicológico que a família Hewitt faz com eles. Além disso, todos são bem estereotipados para a época – principalmente o elenco jovem -, não são desenvolvidos e não tem um apelo dramático convincente, mas pelo menos se saem bem na hora do desespero, mostrando reações verdadeiras. Jessica Biel e Eric Balfour forma um casal que pretendem se casar e são os únicos com um drama mais aprofundado, porém, nada de tão emocionante, e ainda tem Erica Leerhsen, Mike Vogel e Jonathan Tucker, o que mais teve destaque na carreira após o filme. E assim como no original, Leatherface também tem “parentes” que o ajuda a sequestrar as pessoas. Entre eles, o que mais se destaca é R. Lee Ermey, que interpreta o sádico e pervertido xerife da cidade, em uma caracterização de dar medo, fazendo torturas psicológicas que só aumentam ainda mais a tensão. E ainda tem o Aidan de O Chamado 1 e 2, David Dorfman, que interpreta o garotinho Jedidiah.

O novo O Massacre da Serra Elétrica é uma das melhores refilmagens que Hollywood já produziu, um ótimo filme de terror, sombrio, violento, sádico, que utiliza bem o fator psicológico para aterrorizar os personagens. Tem alguns problemas no roteiro, clichês típicos do gênero, e os personagens tomam decisões burras, mas é eficiente na construção do suspense, da tensão, os personagens transmitem muito bem o desespero para o espectador, e a ambientação feia e abandonada deixa tudo ainda mais macabro. De uma forma geral, a refilmagem consegue se sobressair por ser mais dinâmica e assustadora, mas não tem o mesmo impacto que original teve.