CRÍTICA | O JOGO DA IMITAÇÃO

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Vencedor do Oscar: Roteiro Adaptado

08 Indicações ao Oscar: Melhor FILME, Melhor ATOR (Benedict Cumberbatch), ATRIZ COADJUVANTE (Keira Knightley), Diretor, Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Edição e Trilha Sonora.

Filmes sobre a segunda Guerra Mundial sempre mostram o lado cruel, enfatizando as mortes, sangue e todo o terror causado. Em O Jogo da Imitação, um outro lado é mostrado e outras pessoas, tão importantes quanto os soldados na guerra, ganham destaque. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, o longa mostra um grupo de gênios matemáticos que desvendaram um código nazista, mostrando os próximos passos do exército de Hilter, facilitando para as tropas dos aliados atacarem. No elenco estão Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Mathew Goode, Mark Strong, Charles Dance e Rory Kinnear.

Baseado no livro "Alan Turing: The Enigma", o filme se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e conta a história real de Alan (Benedict), um brilhante matemático que se juntou a inteligência britânica para desvendar um código nazista para acabar com a guerra. Ele tem a brilhante ideia de criar uma máquina capaz de decifrar o código, contando com a ajuda de seus colegas.

O Jogo da Imitação é repleto de suspense e tensão, graças ao seu roteiro engenhoso que prende a atenção do espectador. A história é mesclada em três linhas de tempo: a adolescência de Alan, a fase durante a Segunda Guerra, e o destino final dele, ajudando a construir a vida do personagem perfeitamente. E mesmo o roteiro apresentando alguns clichês, eles passam despercebidos na trama, que nos envolve a cada momento e nos faz torcer para eles conseguirem descobrir o código. A reconstrução da época está impecável em todos os cenários, sendo que algumas cenas foram filmadas em lugares onde realmente aconteceram tais eventos. Um excelente trabalho de direção de arte, com certeza.

Mas o maior destaque aqui é a atuação de Benedict Cumberbatch, que está indicado ao Oscar. Alan é um inteligente matemático que criou uma máquina capaz de desvendar o código nazista, cuja vida sofrida na adolescência o fez se descobrir homossexual, fato que mudará drasticamente sua vida, já que ele vive numa época onde ser gay era crime. Benedict cria um personagem estranho, de humor inteligente, chato muitas vezes, mas com um grande carisma que nos contagia, em uma atuação digna de Oscar, nos passando todo o sofrimento do personagem. Com apenas gestos e olhares, ele consegue moldar o solitário, triste e inteligente personagem. Mas o elenco de coadjuvantes tem papel importante para a competente atuação dele, além de todos conseguirem ter uma ótima sintonia, que mesmo passando por conflitos e desavenças, sempre estiveram juntos. Destaque para Keira Kinghtley, que se torna melhor amiga dele, e Mathew Goode, que tem um tumultuado início de amizade com Allan.

A Segunda Guerra Mundial é considerada a pior guerra da história, e foi com a ajuda dessas cinco mentes brilhantes, principalmente Alan, que fizeram os aliados vencerem a guerra contra o nazista Adolf Hitler. Aliás, se não fosse por essa equipe, a guerra poderia ter durado mais dois anos, e ainda, eles permaneceram no anonimato por mais de cinquenta anos. "Às vezes, as pessoas que ninguém espera nada, são as que fazem coisas que ninguém imaginou." Essa frase serve perfeitamente para Alan: quem imaginaria que aquele desajeitado, chato e tímido garoto homossexual, iria se tornar um dos principais nomes responsáveis pelo fim da guerra? E graças a sua criação, ele é considerado o pioneiro da computação. O Jogo da Imitação é um dos melhores filmes na categoria principal, com competentes atuações e um roteiro engenhoso, mas ainda não acho que vai ganhar o prêmio principal; e mesmo sendo um páreo duro com a atuação de Eddie Redmayne, em A Teoria de Tudo, não acho que será o vencedor da estatueta de melhor ator.